GEBALDO JOSÉ DE
SOUSA
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás
(Brasil)
Discípulos de
Jesus
“Novo
mandamento
vos dou: que
vos ameis uns aos
outros;
assim
como
eu
vos amei, que
também vos
ameis uns aos
outros.
Nisto conhecerão
todos
que
sois meus discípulos,
se tiverdes
amor
uns aos
outros.”
1 Jo,
13:34, 35.
O
Amor
é a
essência
da Doutrina de
Jesus.
Recomenda-nos,
sobretudo,
sua
vivência, traduzida
nos
atos, palavras
e
pensamentos
de
todos
os
instantes.
Depreende-se dos versículos que seus discípulos
seriam
reconhecidos
pelo
amor
recíproco! João
Evangelista
— o
discípulo
amado
— dá-nos a
razão
dessa concepção, ao definir que “(...) Deus
é
Amor.”
1 (1
Jo, 4:8). E segundo a definição
dada por
um Espírito
a Kardec, Jesus
era
médium
de
Deus!
2
Meditando
sobre
os
dois
mil anos que se
passaram
desde
Sua
vinda até
nós,
sobre
os
acontecimentos
que presidiram e presidem às ações humanas, concluímos que
nem mesmo
nós, os chamados
“religiosos”,
assimilamos
ainda
o verdadeiro espírito
da
sublime
lição
do
Amor.
Se a houvéssemos
compreendido, não teríamos atrasado nossa
evolução pelos
mil anos
da
Idade
Média.
A
História
não
registraria a
existência
das Cruzadas, da “Santa”
Inquisição e da “Noite
de
São
Bartolomeu”,
para
ficarmos
em
movimentos
originados,
entre
outras razões, na “fé
cristã”;
para
não
falar das outras guerras,
antigas
ou
modernas, em que as atrocidades ultrapassaram os
limites
do
verossímil,
em
sociedades ditas cristãs, ou tendo como causa disputas
“cristãs”. É
claro
que
interesses
econômicos
são, em
essência, a razão
maior de todas
elas.
E os
homens
sofismam,
enganando-se a si mesmos,
apresentando a
Fé
Cristã como a razão de
suas lutas.
Nem existiriam
as divisões religiosas dos chamados “cristãos”
dos
dias
que
correm;
nem
seus
ataques
recíprocos.
Ou seja:
ainda
não revelamos,
passados
dois mil anos, o mútuo amor que nos identificará como
verdadeiros
discípulos
do Mestre Incomparável!
Vamos
além:
a
tolerância,
a
benevolência
e a
indulgência
estariam presentes, se não
para com terceiros, pelo menos entre nós, os espíritas,
reciprocamente.
Apesar
da limitação, já
seria
um
progresso.
Mas
nem
mesmo nós,
com a Luz
da
Terceira
Revelação,
vivenciamos a
máxima
lição
do
Amor.
O
que
revela
que
também
esta
não
foi compreendida por nós. Que não passa de nossos
lábios e ainda
não chegou aos
nossos
corações!
Se
não
nos amamos, que
notícias damos do
Cristo,
de
Sua
Doutrina,
plena de Amor?
Se
não
nos amamos entre
nós, se não
nos respeitamos uns aos outros, como
iremos
amar os
demais,
indistintamente?
Como
convertê-los ao
Evangelho,
se revelamos que ainda não fomos convertidos ao seu
verdadeiro espírito?
Na
questão
886 de “O
Livro
dos
Espíritos”
3,
respondendo à
indagação
de Allan Kardec
sobre
“Qual
o
verdadeiro
sentido da
palavra
caridade,
como
a entendia
Jesus?”, os
Espíritos revelaram: “Benevolência
para com todos, indulgência
para as imperfeições
dos
outros,
perdão
das ofensas”.
Ao
participar,
recentemente, de
reunião
ecumênica, onde
estavam
presentes
católicos,
umbandistas, messiânicos, integrantes da LBV e espíritas,
ouvimos,
acertadamente, a
nosso ver, que os pontos que nos aproximam são
em maior
número do que
o daqueles
em
que
divergimos; e
que
podemos “ser diferentes, mas não indiferentes”.
Um
companheiro
católico afirmou
que
ali se encontrava
por
sentir que a convivência ecumênica
se impõe a
partir
da
família,
cujos integrantes
professam a
fé
através
de
múltiplos
cultos.
Se na
família
essa é a
realidade,
por
que não
estendê-la à
comunidade? Por que não nos
revelarmos uns
aos
outros
e a todos que somos
verdadeiros
discípulos
do
Divino
Mestre?
Aludindo à
intolerância
e às
acusações
de
áreas
“neoevangélicas”,
indicou
que
o silêncio é a resposta
adotada. E
disse,
sinceramente,
que não sabia mais o que
poderia ser feito. Aliás,
essa foi a
postura
de Jesus, diante de Pilatos — a do
silêncio.
Outro
integrante
da
reunião
sugeriu
que
orássemos uns
pelos
outros,
sobretudo para aqueles mais intolerantes, buscando o poder
pacificador e
transformador
da prece, atendendo à recomendação
do
Divino
Mestre,
e
que
orássemos
para
aqueles que
não nos
compreendem.
Enfatizou,
ainda,
a necessidade das campanhas,
entre todos
os
cultos,
pela
oração em
família, que
é o
medicamento
mais
eficaz, num mundo
excepcionalmente
enfermo.
Jesus, o
Bom
Pastor, referindo-se a nós,
suas ovelhas,
afirma
que
“(...)
elas
[as ovelhas]
ouvirão a
minha voz; então
haverá
um
rebanho
e
um
pastor”. 1
(Jo, 10-16).
Unamos
nossos
esforços; trabalhemos juntos, para
contribuir
com a chegada
desse
tempo,
em
que “(...) haverá
um
rebanho e um
pastor”.
Se queremos,
pois,
ser verdadeiros discípulos
do
Divino
Mestre,
ouçamos a
Sua
voz,
amando-nos uns
aos
outros, com mútua benevolência. Só
assim nos
identificaremos
realmente como Seus discípulos e aprendizes
de
Seu
Evangelho
de
luz!
E a
Terra
transformar-se-á em bela Oficina de Paz,
de
Trabalho,
de
Fraternidade,
de
Progresso
Espiritual,
favorecendo
nossa
Evolução
e a consequente
pacificação
de nossas almas inquietas!
Referências
bibliográficas:
1.
Bíblia Sagrada, trad. de João
Ferreira
de Almeida, Soc.
Bíblica do
Brasil, Brasília
(DF), 1969;
2. KARDEC,
Allan. A
Gênese. 34
ed.
Rio de Janeiro: FEB, 1991. 423p. p. 311;
3. KARDEC,
Allan. O
Livro
dos
Espíritos.
76 ed.
Rio de
Janeiro:
FEB, 1995. 494p.
p. 407: Q. 886.