Em comentário sobre o
esquecimento de nosso
passado, na questão 394 de
“O Livro dos Espíritos”,
Allan Kardec diz: A
lembrança de nossas
individualidades anteriores
teria inconvenientes muito
graves; poderia, em certos
casos, nos humilhar
extraordinariamente e, em
outros, exaltar o nosso
orgulho e, por isso mesmo,
entravar o nosso
livre-arbítrio. Deus nos
deu, para nos melhorarmos, o
que nos é necessário e nos
basta: a voz da consciência
e nossas tendências
instintivas, privando-nos do
que nos poderia prejudicar.
Muitas vezes nos
questionamos sobre as
dificuldades que passamos na
vida, desde as mais simples
até as mais complexas, e uma
das chaves para essa
resposta está na
reencarnação.
Habitando um novo corpo, em
uma nova existência, o
Espírito é o mesmo, com suas
tendências adquiridas no
pretérito e trazendo na
consciência os créditos e os
débitos como consequência
das condutas anteriores.
Um caso interessante que de
certa forma demonstra essa
tese podemos encontrar nesta
história narrada por Ranieri
no seu livro “Recordações de
Chico Xavier”, Editora da
Fraternidade S/C Ltda.,
EDIFRATER.
Certa ocasião, Chico falava
do Inácio. Companheiro de
lutas espirituais, Inácio
era uma inteligência
fulgurante e uma alma boa,
mas encontrava as maiores
dificuldades para falar de
doutrina cristã. Em
particular, tudo ia bem, era
um grande e notável
conversador. Quase preto,
membro da Guarda Civil do
Rio, chegara a ganhar cinco
contos de réis numa ocasião
em que nós ganhávamos
trezentos mil réis. Pela
diferença se pode ver a
fortuna que os cinco contos
representavam na época.
Inácio não conseguia falar
sobre Jesus em público.
Sempre que convidado a falar
em público, levantava-se,
gaguejava, tartamudeava e
logo se sentava confuso.
Pouca gente poderia dizer o
que é que ele tinha falado.
Chico recebera uma mensagem
de Emmanuel que revelava que
Inácio fora no passado Paulo
III, papa imoral e violento,
que atentara contra a irmã e
a própria mãe.
De fato, a fisionomia do
Inácio era exatamente a
mesma de Paulo III, que
aparece numa antiga edição
da Enciclopédia Britânica.
Chico disse-nos certa vez:
Ranieri, o Inácio
praticou tantas faltas no
passado em nome de Jesus,
que nesta vida até a palavra
para falar de Jesus lhe foi
cassada.