MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Evolução em Dois Mundos
André Luiz
(Parte
21)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Evolução em Dois Mundos,
de André Luiz,
psicografada pelos médiuns
Waldo Vieira e
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1959 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Antes de ler as questões
e o texto indicado para
leitura, sugerimos ao
leitor que veja,
primeiro, as notas
constantes do glossário
pertinente ao estudo
desta semana.
Questões preliminares
A. Que fato se dá com o
selvagem logo que se vê
no plano espiritual?
Fora do corpo denso,
qual menino aterrado
incapaz da separação
para arrostar o
desconhecido, ele
permanece tímido, ao pé
dos seus, em cuja
companhia passa a viver
noutras condições
vibratórias, em
processos multifários de
simbiose, ansioso por
retornar à vida física
que lhe surge à
imaginação como sendo a
única abordável à
própria mente.
(Evolução em dois
Mundos, Primeira Parte,
cap. XII, pp. 89 e 90.)
B. Nas condições em que
se encontra no plano
espiritual, qual é a
aspiração do selvagem
desencarnado?
Sua aspiração é
ressurgir na própria
taba e renascer na
carne, cujas exalações
lhe magnetizam a alma.
Estabelece-se, então, o
monoideísmo pelo qual os
outros desejos se lhe
esmaecem no íntimo. (Evolução
em dois Mundos, Primeira
Parte, cap. XII, pp. 90
e 91.)
C. O corpo espiritual do
selvagem desencarnado
sofre alguma mutação
relevante?
Sim. Em virtude do
pensamento
fixo-depressivo que lhe
define o anseio de
retorno ao abrigo
fisiológico, seu corpo
espiritual
transubstancia-se num
corpo ovoide, como
ocorre, aliás, a
inúmeros desencarnados
em situação de
desequilíbrio,
cabendo-nos notar que
essa forma expressa o
corpo mental da
individualidade, a
encerrar consigo,
conforme os princípios
ontogenéticos da Criação
Divina, todos os órgãos
virtuais de
exteriorização da alma,
nos círculos terrestres
e espirituais.
(Evolução em dois
Mundos, Primeira Parte,
cap. XII, pp. 90 e 91.)
Texto para leitura
81. O selvagem
desencarnado –
Entretanto, o homem
selvagem, que se
reconhece dominador na
hierarquia animal, cruel
habitante da floresta,
que apura a
inteligência, através da
força e da astúcia, na
escravização dos seres
inferiores que se lhes
avizinham da caverna,
fora do corpo denso,
qual menino aterrado
incapaz da separação
para arrostar o
desconhecido, permanece
tímido, ao pé dos seus,
em cuja companhia passa
a viver noutras
condições vibratórias,
em processos multifários
de simbiose, ansioso por
retornar à vida física
que lhe surge à
imaginação como sendo a
única abordável à
própria mente. Não
dispõe ele, nessa fase,
de suprimento espiritual
que o ajude a pensar em
termos diferentes da
vida tribal em que se
apoia. O espetáculo da
vastidão cósmica
perturba-lhe o olhar, e
a visita de seres
extraterrestres, mesmo
benevolentes e sábios,
infunde-lhe pavor,
crendo-se à frente de
deuses bons ou maus,
cuja natureza ele
próprio se incumbe de
fantasiar, na exiguidade
das próprias concepções.
Acuado na choça, onde a
morte lhe furtou o
veículo físico, respira
a atmosfera morna em que
se acasalam os seus
herdeiros do sangue,
para somente ausentar-se
do reduto doméstico
quando a família se
afasta, instada pelas
duras necessidades de
subsistência e de asilo.
E o homem primitivo que
desencarnou, suspirando
pelo devotamento dos
pais e, notadamente,
pelo carinho do colo
materno, expulso do vaso
fisiológico, não tem
outro pensamento senão
voltar – voltar ao
convívio revitalizante
daqueles que lhe usam a
linguagem e lhes
comungam os interesses.
(Evolução em dois
Mundos, Primeira Parte,
cap. XII, pp. 89 e 90.)
82. Monoideísmo e
reencarnação –
Ressurgir na própria
taba e renascer na
carne, cujas exalações
lhe magnetizam a alma,
constituem aspiração
incessante do selvagem
desencarnado.
Estabelece-se o
monoideísmo pelo qual os
outros desejos se lhe
esmaecem no íntimo. Pela
oclusão de estímulos
outros, os órgãos do
corpo espiritual se
retraem ou se atrofiam,
por ausência de função,
e se voltam, para a sede
do governo mental, onde
se localizam, ocultos e
definhados, no fulcro
dos pensamentos em
circuito fechado sobre
si mesmos, quais
implementos potenciais
do germe vivo entre as
paredes do ovo. Em tais
circunstâncias, se o
monoideísmo é somente
reversível através da
reencarnação, a criatura
humana desencarnada,
mantida a justa
distância, lembra as
bactérias que se
transformam em esporos
quando as condições de
meio se lhes apresentam
inadequadas, tornando-se
imóveis e resistindo
admiravelmente ao frio e
ao calor, durante anos,
para regressarem ao
ciclo de evolução que
lhes é peculiar, tão
logo se identifiquem, de
novo, em ambiente
propício. Sentindo-se em
clima adverso ao seu
modo de ser, o homem
primitivo, desenfaixado
do envoltório físico,
recusa-se ao movimento
na esfera extrafísica,
submergindo-se
lentamente, na atrofia
das células que lhe
tecem o corpo
espiritual, por
monoideísmo
auto-hipnotizante,
provocado pelo
pensamento
fixo-depressivo que lhe
define o anseio de
retorno ao abrigo
fisiológico. Nesse
período, afirmamos
habitualmente que o
desencarnado perdeu seu
corpo espiritual,
transubstanciando-se num
corpo ovoide, como
ocorre, aliás, a
inúmeros desencarnados
em situação de
desequilíbrio,
cabendo-nos notar que
essa forma, segundo
nossa maneira atual de
percepção, expressa o
corpo mental da
individualidade, a
encerrar consigo,
conforme os princípios
ontogenéticos da Criação
Divina, todos os órgãos
virtuais de
exteriorização da alma,
nos círculos terrestres
e espirituais, assim
como o ovo,
aparentemente simples,
guarda hoje a ave
poderosa de amanhã, ou
como a semente
minúscula, que conserva
nos tecidos embrionários
a árvore vigorosa em que
se transformará no
porvir. (Evolução em
dois Mundos, Primeira
Parte, cap. XII, pp. 90
e 91.)
83. Forma carnal
– Assim como o germe,
para desenvolver-se no
ovo, precisa aquecer-se
ao calor da ave que o
acolha maternalmente ou
do ambiente apropriado,
no recinto da
chocadeira, e assim como
a semente, para liberar
os princípios
germinativos do vegetal
gigantesco em que se
converterá, não
prescinde do berço
tépido no solo, os
Espíritos desencarnados,
sequiosos de
reintegração no mundo
físico, necessitam do
vaso genésico da mulher
que com eles se
harmoniza, nas linhas da
afinidade e da herança.
A esse vaso, eles
aglutinam,
maquinalmente, e operam
em alguns dias todas as
ocorrências de sua
evolução nos reinos
inferiores da Natureza.
Assimilando recursos
orgânicos com o auxilio
da célula feminina,
fecundada e
fundamentalmente marcada
pelo gene paterno, a
mente elabora, por si
mesma, novo veículo
fisiopsicossomático,
atraindo para os seus
moldes ocultos as
células físicas a se
reproduzirem por
cariocinese, de
conformidade com a
orientação que lhe é
imposta, isto é,
refletindo as condições
em que ela, a mente
desencarnada, se
encontra. Plasma-se,
então, com a nova forma
carnal, novo veículo ao
Espírito, que se refaz
ou se reconstitui em
formação recente,
entretecido de células
sutis, veículo esse que
evoluirá igualmente
depois do berço e que
persistirá depois do
túmulo. (Evolução em
dois Mundos, Primeira
Parte, cap. XII, pp. 91
e 92.)
84. Desencarnação
natural - Por
milênios consecutivos o
homem ensaia a
desencarnação natural,
progredindo
vagarosamente em graus
de consciência, após a
decomposição do corpo
somático. Recordando as
anteriores comparações
com o domínio dos
insetos, a matriz
uterina oferece-lhe
novas formas e, assim
como a larva se
alimenta, assegurando a
esperada metamorfose, a
alma avança em
experiência, enquanto no
corpo carnal, adquirindo
méritos ou deméritos,
segundo a própria
conduta, e entregando-se
em seguida, no fenômeno
da morte ou histólise do
invólucro de matéria
física, à pausa
imprescindível nas
próprias atividades ou
hiato de refazimento,
que pode ser longo ou
rápido, para ressurgir,
pela histogênese
espiritual,
senhoreando novos órgãos
e implementos
necessários ao seu novo
campo de ação,
demorando-se nele, à
medida dos conhecimentos
conquistados na romagem
humana. É assim que a
consciência nascente do
homem pratica as lições
da vida, no plano
espiritual, pela
desencarnação ou
libertação da alma,
como praticou essas
mesmas lições da vida no
plano físico, pelo
renascimento ou
internação do elemento
espiritual na matéria
densa, evoluindo, degrau
a degrau, desde a
excitabilidade
rudimentar das bactérias
até o automatismo
perfeito dos animais
superiores em que se
baseia o domínio da
inteligência.
(Evolução em dois
Mundos, Primeira Parte,
cap.XII, pp. 92 e 93.)
Glossário:
Bactéria:
designação de organismos
microscópicos,
unicelulares (uma só
célula), de numerosas
espécies, que se
reproduzem por
cissiparidade (divisão
transversal), havendo as
bactérias essenciais ao
sustento da vida e as
patogênicas (geram
doenças).
Cariocinese:
modo de manipulação das
células, por divisão
indireta; mitose.
Célula Feminina:
a célula sexual ou
germinal (reprodutora)
feminina; óvulo.
Corpo Espiritual:
o psicossoma ou
perispírito.
Esporo:
forma de alta
resistência que as
bactérias podem assumir.
Fisiopsicossomático:
que pertence,
simultaneamente, aos
domínios do corpo físico
e do corpo
psicossomático, sendo
este o psicossoma (corpo
espiritual ou
perispírito)
Histogênese:
formação e
desenvolvimento dos
tecidos orgânicos.
Histólise:
destruição ou dissolução
dos tecidos orgânicos.
Intra-uterino:
que se situa ou ocorre
dentro do útero.
Larva:
o primeiro estágio por
que passam certas
espécies animais antes
de atingirem a fase
adulta; lagarta (nos
insetos).
Mamífero:
designação dos animais
vertebrados de corpo
provido de pelos e que
possuem glândulas
mamárias.
Metamorfose:
mudança de forma ou de
estrutura, como a que
ocorre durante as fases
da vida de alguns
animais, como os insetos
e anfíbios. Pode ser
completa (integral) ou
incompleta. A completa
ocorre nos insetos que,
entre o estado larval e
o definitivo, apresentam
o estado de pupa; a
incompleta ocorre nos
insetos em que as
diferenças entre a larva
e a forma definitiva não
são muito evidentes.
Monoideísmo:
estado de alma dominado
por uma ideia central,
fixa.
Ontogenético:
referente à ontogênese,
que é o desenvolvimento
do indivíduo desde a
fecundação até a
maturidade para
reprodução.
Ovoide:
em morfologia, ovoide é
a qualificação de órgão
ou parte maciça em forma
de ovo, a que se
assemelha o “corpo
ovoide” resultante da
deformação perispiritual
causada por uma ideia
fixa.
Psicossomático:
que pertence,
simultaneamente, aos
domínios do corpo físico
e do psicossoma (corpo
espiritual ou
perispírito).
Simbiose:
associação de dois seres
de espécie distinta, com
influência de um sobre o
outro, ou de ambos entre
si, podendo, essas
relações, ser úteis ou
prejudiciais às duas
partes, favorável ou
nocivas para uma delas
apenas.
Somático:
referente ao corpo
físico.
Transubstanciar:
transformar em outra
substância; transformar
uma coisa em outra.
Nota:
Muitos termos técnicos
usados na obra em estudo
não se encontram nos
dicionários que
comumente consultamos.
Clicando no link abaixo,
o leitor terá acesso ao
texto integral do livro Elucidário
de Evolução em Dois
Mundos,
elaborado e publicado
com esse propósito:
http://www.OCONSOLADOR\linkfixo\estudosespiritas\andreluiz\Elucidario.pdf