A. Que significa exercer
a mediunidade com
nobreza?
Exercer com nobreza a
mediunidade implica
escolher o caminho da
abnegação, a vida
redentora, abraçado à
caridade e ao amor,
iluminado por dentro
pela paciência e pela
tranquilidade, a fim de
não se deter na ascese
do ministério ou
confundi-la nas sombras
com que a criatura se
perturba e infelicita.
(Tramas do Destino, cap.
17, págs. 153 a 155.)
B. Que escolhos, além da
obsessão, podem nos ser
inspirados por Espíritos
imperfeitos?
São eles: o açodar das
paixões inferiores,
açulando desejos
desenfreados de qualquer
nomenclatura, o arrojar
pessoas inescrupulosas
contra ou sobre o
médium, as facilidades
de toda natureza, desde
a bajulação mentirosa às
incursões mais atrozes,
no que diz respeito aos
deveres assumidos, o
mesmo acontecendo em
relação aos indivíduos
que se esforçam por
preservar suas
faculdades morais, que
experimentam então o
cerco nefasto que lhes é
imposto pelas mentes
atormentadas da
erraticidade. Outro
difícil escolho no
serviço da mediunidade
é a ambição argentária,
porque os médiuns, com
raras exceções, são
situados – como medida
preventiva a seu próprio
benefício – em grupos
familiares que lutam
pela própria
sobrevivência, a fim de
se exercitarem desde
cedo nas austeras
disciplinas da escassez
e da necessidade,
superando futuras
conjunturas em que se
deverão movimentar com
facilidade e honradez.
(Obra citada, cap. 17,
págs. 155 e 156.)
C. Em que consiste a
simonia?
Simonia é tráfico de
coisas sagradas, em
alusão ao mago Simão,
que tentou corromper a
Pedro, para obter deste
o segredo da evocação do
Espírito Santo. Pratica
a simonia quem, por
exemplo, no uso da
mediunidade, cobra pelos
serviços que presta.
(Obra citada, cap. 17,
págs. 156 a 158.)
Texto para leitura
64. Uma médium
exemplar - Na
verdade, seus
companheiros ignoravam
seu calvário íntimo.
Epifânia sabia que sua
tarefa era ajudar,
socorrer através da
maternidade do espírito,
sem amarras que lhe
dificultassem o avanço,
sem outros deveres que a
impedissem de
desincumbir-se do
ministério espiritual.
Ela sentia-se só, e
desejava encontrar um
afeto, mas fora
informada por seus
abnegados mentores de
que esse afeto ainda se
encontrava no Além,
aguardando-a.
Esforçava-se, assim, por
superar a tristeza,
quando esta lhe tentava
tisnar a alegria; vencer
a perturbação, quando
se via acicatada pela
vigília dos Espíritos
malévolos; resistir ao
desânimo, quando sitiada
pelo cansaço; afastar a
antipatia, ante os
maledicentes e
censuradores, os
pusilânimes e
exploradores da
mediunidade. A caridade
era sua ginástica
preferida, a fim de
manter as formas do
espírito em ritmo de
amor, no pensamento e na
vontade. Ninguém lhe
compartia as horas de
soledade, nem ela
apresentava qualquer
reclamação ou tristeza.
Complôs foram
organizados reiteradas
vezes, a fim de a
levarem ao desânimo.
Epifânia, contudo,
orando e arrimada aos
seus abnegados Amigos
Espirituais, a tudo
resistia, chorando às
vezes intimamente, mas
permanecendo no posto do
seu dever. Granjeara,
portanto, por todos os
títulos de serviço e à
humildade no desempenho
dos deveres no lar, no
trabalho, na vida
pública e no santuário
espírita, a afeição dos
Irmãos Maiores da
Espiritualidade, seus
Tutores e Guias, que a
defendiam das ciladas do
mal e a socorriam
sempre. Epifânia
tornou-se, assim, um
exemplo digno de ser
imitado, verdadeira
cristã e legítima
espírita, que muitos
médiuns admiravam,
enquanto outros
invejavam, em
consequência da
invigilância a que se
permitiam. São os que
desejam recursos
expressivos no campo
espiritual, não, porém,
as condecorações da dor
e da soledade, os testes
de renúncia e sacrifício
incessantes, esquecidos
de que a mediunidade não
é uma graça
injustificável, que
nenhum esforço exige
dos que pretendam
preservá-la. Epifânia
firmou-se, pois, no
conceito da
Espiritualidade graças
aos serviços executados
e à fidelidade com que
deles se desincumbia,
humilde e irreprochável,
merecendo incondicional
ajuda dos seus Mentores
em prol das tarefas em
curso. (Cap. 16, págs.
149 a 151)
65. O talento da
mediunidade - A
reencarnação constitui
em si mesma um ato de
misericórdia do Senhor,
que não deseja a morte
do pecador, mas a sua
redenção. Em vista
disso, todas as
faculdades de que o
homem dispõe são
talentos que lhe cabe
multiplicar e valorizar
pelo bom uso que lhes
dá . A mediunidade, que
é uma faculdade
parafísica, inclui-se
entre esses talentos.
Com efeito, graças às
suas sutis teceduras nos
mecanismos do espírito,
através do perispírito
que a exterioriza pelo
corpo somático e
mediante o qual recebe
as respostas
vibratórias, a faculdade
mediúnica mais severas
responsabilidades
confere ao usuário,
impondo-lhe maior soma
de vigilância. Padecendo
gravames e sujeita a
escolhos sutis, que se
transformam em penosos
obstáculos, a
mediunidade é ponte
preciosa de serviço
entre os dois mundos.
Incompreendida pela
maioria dos
usufrutuários, padece
ela um sem-número de
conjunturas e
experimenta aguerrido
combate de um como do
outro lado da vida. Para
exercê-la com nobreza é
necessário escolher o
caminho da abnegação, a
vida redentora, abraçado
à caridade e ao amor,
iluminado por dentro
pela paciência e pela
tranquilidade, a fim de
não se deter na ascese
do ministério ou
confundi-la nas sombras
com que se perturba e
infelicita. Sua condução
correta propicia
inefáveis alegrias.
Relegada ao abandono,
favorece a parasitose
psíquica, que dá
margem a processos
obsessivos de grande
porte. Utilizada com
leviandade, converte-se
em instrumento dúplice,
de que se utilizam
Espíritos bons ou maus,
conforme a direção que
lhe dê o médium e
segundo as suas
inclinações, desejos e
paixões interiormente
acalentados. Kardec
assevera que entre os
escolhos que apresenta a
prática do Espiritismo
deve se colocar na
primeira linha a
obsessão. O Codificador
alude, assim, à
aplicação da
mediunidade, porquanto,
decorrendo seu
ministério em clima de
sintonia, ela sempre se
vincula aos Espíritos
com os quais o homem se
compraz conviver
psiquicamente. Como os
inferiores são mais
comuns no intercâmbio
com os homens, por
invigilância destes,
eles lhes compartilham a
vida, produzindo
constrangimentos
obsessivos por
ignorância, inveja,
vaidade ou vingança.
(Cap. 17, págs. 153 a
155)
66. Os escolhos da
mediunidade - Os
antídotos contra tal
escolho, como de
quaisquer outros, são o
conhecimento, o estudo
correto e a salutar
vivência do
Espiritismo. Existem,
contudo, além da
obsessão, outros
escolhos inspirados por
Espíritos imperfeitos: o
açodar das paixões
inferiores, açulando
desejos desenfreados de
qualquer nomenclatura, o
arrojar pessoas
inescrupulosas contra ou
sobre o médium, as
facilidades de toda
natureza, desde a
bajulação mentirosa às
incursões mais atrozes,
no que diz respeito aos
deveres assumidos, o
mesmo acontecendo em
relação aos indivíduos
que se esforçam por
preservar suas
faculdades morais, que
experimentam então o
cerco nefasto que lhes é
imposto pelas mentes
atormentadas da
erraticidade. Noutro
sentido, os escolhos
residem no próprio
médium, invariavelmente
um Espírito conduzindo
pesados ônus do
pretérito, que lhe
cumpre resgatar a
sacrifício e a
extenuante esforço
liberativo. Aquinhoado
com tais faculdades,
mesmo assim ele se deixa
embair pela presunção e
derrapar na vaidade,
atribuindo-se dons
excepcionais e valores
que sabe não possuir,
mas finge deter, como os
Espíritos se lhe
dependessem. Logo,
porém, sucumbe e
fracassa, passando a
experimentar o insucesso
nos empreendimentos
espirituais, quando não
recorre à fraude
indesculpável, a fim de
manter uma posição de
relevo enganoso. A
vaidade é sempre
reprochável, mas no
ministério mediúnico,
além de condenável,
transforma-se em tóxico
letal que destrói,
inicialmente, quem lhe
dedica culto de
subserviência. Jesus
deu-nos o exemplo da
humildade típica.
David, no seu Canto
119, v. 165, assevera:
"Muita paz têm os que
amam a tua lei e para
eles não há tropeços".
Ora, a lei de Deus é a
do serviço ao próximo
com humildade pura e
simples. Outro difícil
escolho no serviço da
mediunidade é a ambição
argentária, porque os
médiuns, com raras
exceções, são situados –
como medida preventiva a
seu próprio benefício –
em grupos familiares que
lutam pela própria
sobrevivência, a fim de
se exercitarem desde
cedo nas austeras
disciplinas da escassez
e da necessidade,
superando futuras
conjunturas em que se
deverão movimentar com
facilidade e honradez.
Na convivência com uma
família difícil, com
irmãos-problemas, com a
pobreza, acostumam-se
desde logo ao silêncio e
à renúncia, aprendendo
paciência e adaptando-se
ao clima das reclamações
e das dificuldades com
que defrontarão na
grande família humana,
quando convocados ao
labor da caridade
cristã. (Cap. 17, págs.
155 e 156)
67. Cuidados na
mediunidade - O
dinheiro facilmente
perturba quantos não se
armam de simplicidade e
fé para o desempenho de
seus mandatos morais,
sociais, profissionais e
espirituais... Podendo
acelerar o progresso e
produzir felicidade, o
dinheiro, infelizmente,
em muitos casos, tem
contribuído para a
desdita humana. Devem os
médiuns precatar-se
também contra "a
indústria dos
presentes", isto é, do
artifício da doação de
mimos e regalos com que
são brindados, a fim de
que não sejam convidados
à retribuição, mediante
os recursos cuja
finalidade é bem outra e
dos quais se fazem
mordomos, posteriormente
obrigados a contas... O
Senhor provê dos
indispensáveis valores
aqueles que O servem. Se
o clima em que o
trabalhador irá respirar
deve ser o do problema e
da dificuldade,
evidentemente este lhe
constituirá a mais
salutar oficina para a
autoedificação a que
não se deverá furtar.
Conta-se que abnegado
médium espírita, após
atender um consulente
aflito, notou que este
deixara delicadamente
uma cédula de dinheiro
presa a um livro posto
na modesta mesa de
trabalhos. Notando o
fato, o médium foi atrás
do outro e devolveu a
cédula, dizendo-lhe que
ele a havia esquecido
sobre a mesa. O
consulente insistiu:
"Aceite-a, por favor. Eu
sei que o senhor tem
muitos problemas...
Pelo menos utilize-a
junto à família..." O
médium agradeceu, mas
não aceitou o donativo
e, como a pessoa
insistisse, foi
categórico, dizendo:
"Não, homem. Por Deus,
não derrube num minuto o
que venho construindo
há quase trinta
anos..." É que, após o
primeiro deslize, o
chamado momento de
fraqueza, surgem outros
e cria-se um hábito
infeliz: a prática da
simonia, dando-se então
natural preferência aos
que podem pagar melhor,
em detrimento dos
"filhos do Calvário".
(N.R.: Simonia é tráfico
de coisas sagradas, em
alusão ao mago Simão,
que tentou corromper a
Pedro, para obter deste
o segredo da evocação do
Espírito Santo). O
exercício incorreto das
funções genésicas, sua
prática indevida e
quaisquer deslizes da
sexualidade
transformam-se em
martírio futuro, de que
ninguém se eximirá no
cômputo das
consequências. Todo
abuso moral e físico
produz desgaste
correspondente; qualquer
desgaste conduz ao
exaurimento; além
disso, o mau uso e a
exorbitância impõem
viciações danosas, que
geram vinculações
infelizes entre os
consórcios encarnados, a
expensas também de
comensais desencarnados,
que se instalam em
processos de sórdida
vampirização. O
matrimônio nobre,
revestido dos
sentimentos de respeito
e dignidade, é santuário
de transfusão de
hormônios, de forças
restauradoras em que se
harmonizam os que amam,
restabelecendo e
mantendo compromissos
superiores, mediante os
quais se alam em júbilo
rumo às províncias da
felicidade. (Cap. 17,
págs. 156 a 158)(Continua no próximo
número.)