EVERALDO FERRARO
everaldoferraro@gmail.com
Niterói, RJ
(Brasil)
Deus precisa de
nós
João, no
Apocalipse,
legou-nos esta
revelação:
–
“No início o
Verbo estava com
Deus e o Verbo
era Deus. O
mundo foi feito
por Ele e o
mundo não o
conheceu. Ele
veio ao que era
seu e os seus
não o
reconheceram e
antes lhe
tiraram a vida:
Jesus!”.
Pretender que
Deus construa
Sistemas e
Galáxias, em
número infinito
e passe a reger
todo o Universo,
e ainda por cima
ocupar-se de
julgar cada uma
de suas
criaturas, como
Salomão sentado
em seu trono, é
fazer uma ideia
bastante
ridícula e
acanhada de um
Deus que, na
verdade, não
sabemos como
seja. Não é um
Espírito ou uma
Entidade, como
supomos. Antes,
um fluido, que
tudo
interpenetra, e
do qual se
origina a Vida.
É desse fluido
ou princípio
vital que se
formam os corpos
celestes, sob
rigoroso
controle de
seres que, um
dia, foram como
nós.
Deus, não se
ocupando
diretamente de
Sua Criação, a
delega a seus
filhos, que
administram
todos os
departamentos
onde a vida se
manifeste. E a
Vida está por
toda a parte. Se
formos ainda
mais longe,
diremos que
poderemos
tornar-nos
cocriadores na
obra do Pai, e
não teria outra
acepção Jesus
haver concordado
com a informação
do salmista de
que também somos
deuses e
poderemos,
assim, fazer o
que ao próprio
Cristo já era
então possível.
Mas, para isto,
uma vida só não
basta. O que
temos na mochila
é insuficiente
para
percorrermos
todos os degraus
da evolução.
Reconhecemos ser
mais cômodo
vivermos uma
única existência
e, mediante
alguns
sortilégios,
sentarmo-nos
comodamente aos
pés do
Onipotente,
garantindo os
primeiros
lugares.
Porém,
achamo-nos na
idade da razão,
aquela que não
mais permite
acreditarmos no
que nos convém
e, sim, na
lógica que se
impõe.
Quando a Igreja
aboliu a
doutrina da
reencarnação
(com a mesma
ingenuidade com
que se
pretendesse pôr
por terra a lei
da gravidade) e
instituiu a
unicidade das
existências,
isto é, só se
nasce uma vez e
a alma é criada
a partir da
concepção, deu
um nó na
questão. Dizendo
de outro modo: o
homem faz o
homem e Deus faz
a alma. Deus,
criando a alma
no momento da
concepção,
coloca-se na
dependência de
sua criatura. Se
o indivíduo não
quiser filhos,
Deus não poderá
criar almas. “O
Céu pode
esperar”, é a
divisa
apropriada à
questão.
Deus,
possibilitando
um progresso
infinito às
almas,
capacitou-as
para
administrarem a
sua obra.
Impossível
tentar
compreender a
atuação dessas
entidades
arquiangelicais
e seu poder no
que toca à
supervisão
laboriosa e
paciente de
etapas previstas
para trilhões ou
quatrilhões de
anos. Emmanuel,
exprimindo-se a
respeito em A
Caminho da Luz
(1),
diz:
“Rezam as
tradições do
mundo espiritual
que na direção
de todos os
fenômenos, do
nosso sistema,
existe uma
Comunidade de
Espíritos Puros
e Eleitos pelo
Senhor Supremo
do Universo, em
cujas mãos se
conservam as
rédeas diretoras
da vida de todas
as coletividades
planetárias.
“Essa Comunidade
de seres
angélicos e
perfeitos, da
qual é Jesus um
dos membros
divinos, ao que
nos foi dado
saber, apenas já
se reuniu, nas
proximidades da
Terra, para a
solução de
problemas
decisivos da
organização e da
direção do nosso
planeta, por
duas vezes no
curso dos
milênios
conhecidos.
“A primeira,
verificou-se
quando o orbe
terrestre se
desprendia da
nebulosa solar,
a fim de que se
lançassem, no
Tempo e no
Espaço, as
balizas do nosso
sistema
cosmogônico e os
pródromos da
vida na matéria
em ignição, do
planeta, e a
segunda, quando
se decidia a
vinda do Senhor
à face da Terra,
trazendo à
família humana a
lição imortal do
seu Evangelho de
amor e
redenção.”
Abaixo desses
Seres Angelicais
estamos nós,
Espíritos
encarnados e
desencarnados,
laborando em
tarefas
compatíveis com
nossa evolução e
possibilidades,
em todos os
setores da vida,
na condição de
cocriadores.
Pretender que
Deus nos haja
criado para uma
contemplação
perpétua e
improdutiva,
enquanto Ele
está tudo
fazendo, é muito
ao sabor de quem
não seja chegado
ao batente.
(1)
Obra publicada
pela Editora da
FEB, 20a
edição.