Os filhos da
COMEERJ
Gostaria de
iniciar esse
artigo
compartilhando
uma experiência
pessoal... No
último carnaval
desloquei-me da
Capital Federal,
percorrendo mais
de mil
quilômetros (de
ônibus), no
intento de levar
a minha filha
adolescente para
participar da
sua primeira
COMEERJ -
Confraternização
de Mocidades
Espíritas do
Estado do Rio de
Janeiro, no meu
caso, no Polo da
cidade de
Petrópolis-RJ
(Polo II –
Belém).
Na sua 33a
edição, para os
que não a
conhecem, a
COMEERJ é um
encontro de
jovens espíritas
no feriado do
carnaval, que
ocorre no Estado
do Rio de
Janeiro,
dividido em
polos (hoje são
19), onde cerca
de 250 jovens
por polo passam
esses quatro
dias nas
dependências de
uma escola
pública,
envoltos em
atividades de
estudo,
permeadas de
dinâmicas de
grupo e
expressões
artísticas, em
um ambiente de
amizade e
confraternização.
Não se trata de
um retiro ou um
isolamento do
mundo e sim uma
oportunidade de
estudo e
reflexão em
conjunto, movida
pela mais pura
amizade.
Esse evento,
promovido
atualmente pela
área de educação
espírita do
Conselho
Espírita do
Estado do Rio de
Janeiro – CEERJ,
foi e continua
sendo um momento
mágico na vida
dos jovens
nesses trinta e
três anos.
Difícil
descrever essa
experiência com
a limitação das
palavras. Falo
isso, pois fui a
várias como
confraternista e
como membro de
equipe e sinto
essa carência de
meios de narrar
o que realmente
significa a
COMEERJ para um
jovem espírita.
Já em meados de
junho ficávamos
ansiosos para
saber qual seria
o tema da
COMEERJ e,
passado o
encontro, só se
falava dele nas
rodinhas da
juventude
espírita durante
algumas semanas.
Sem chamarizes
ou prêmios, a
COMEERJ atrai os
jovens pela
força do
sentimento que
transborda
naqueles quatro
dias, criando um
vínculo sólido e
profundo com a
doutrina
espírita,
vivenciada e
sentida.
O tema da
COMEERJ é o seu
eixo pedagógico,
onde se
desenvolvem as
atividades de
estudo, as peças
artísticas e
todas as demais
ações que, de
forma integrada,
constroem nos
quatros dias a
reflexão
coletiva e
individual sobre
aquele tema.
Digo isso, pois,
apesar de ser
uma
confraternização
no nome,
trata-se de fato
de um celeiro
farto de estudos
e reflexões, que
talha no coração
de vários jovens
o vínculo
indelével com a
doutrina
espírita e com o
trabalho no bem.
A contribuição
da COMEERJ é
pluridimensional.
Muito se
produziu em
termos de
músicas para o
movimento
espírita nesse
encontro, nas
suas variadas
edições. Além
disso, toda uma
geração de
evangelizadores
de juventude se
formou à sombra
dessa árvore
chamada COMEERJ.
Técnicas,
abordagens,
experiências,
visões... Um
cabedal de
“know-how” de
evangelização
juvenil
floresceu nesses
trabalhadores, a
se irradiar no
cotidiano das
casas espíritas
do Rio de
Janeiro e do
Brasil, nos
caminhos
insondáveis do
futuro, em
iniciativas
imensuráveis por
conta dessa
influência.
Poucas vezes em
minha vida vi um
trabalho
voluntário dessa
envergadura
funcionar tão
bem! A
organização da
COMEERJ, com
suas diversas
equipes, envolve
uma preparação
prévia, com
reuniões,
estudos e
discussões, por
domingos a fio,
na busca de
oferecer àqueles
jovens o carinho
no estudo, na
alimentação, na
estrutura, nos
murais etc. Tudo
com muita
amizade,
compromisso e
sintonia com a
espiritualidade,
em um respeitoso
clima de
trabalho entre
os tarefeiros,
muitos deles
ex-confraternistas,
outros com
décadas de
contribuição na
causa espírita.
Ainda em meu
depoimento
pessoal, na
“entrega” de
minha filha na
recepção da
COMEERJ, com
atraso devido a
problemas
mecânicos com o
ônibus na
ensolarada
Avenida Brasil,
encontrei
antigos
companheiros de
COMEERJ nas
equipes de
trabalho, assim
como seus filhos
como jovens
confraternistas,
estampando no
rosto a mesma
alegria que
experimentei
outrora naquelas
canções e
momentos. O
mundo mudou, com
suas maravilhas
tecnológicas,
mas vejo cada
jovem daqueles
seduzido pela
magia de
encontrar o
outro e, juntos,
encontrarem o
Cristo.
Observamos
gerações se
sucedendo no
espírito da
COMEERJ, filhos
virando pais de
filhos que
vivenciam agora
a grandeza dessa
comunhão de
Espíritos
encarnados e
desencarnados.
Sim, a COMEERJ
também é um
grande trabalho
no plano
espiritual, no
atendimento de
Espíritos
sofredores, na
imersão da
vibração daquele
encontro.
Entretanto, o
grande trabalho
da COMEERJ, em
minha opinião, é
na vida daqueles
jovens, na sua
capacidade de
despertar neles
a
espiritualidade,
de mexer com
seus
sentimentos, com
a sua visão da
vida e com a sua
relação com a
doutrina
espírita. A
COMEERJ surge
como uma “carga
coletiva” na
bateria das
juventudes
espíritas
fluminenses, um
momento de
comunhão e de
sinergia, onde
um mais um é
sempre mais que
dois. Em
momentos
difíceis da
vida,
lembramo-nos
daquelas
músicas, dos
momentos
singelos, que
nos avisam que
outro mundo é
possível.
Em uma produção
incessante, a
COMEERJ continua
espalhando seus
filhos pelo
mundo. Olhar
para o passado,
olhar para
frente, olhar
para o lado...
Em todas essas
ocasiões
enxergamos os
filhos desse
movimento de
mocidades
espíritas,
deixando a marca
da COMEERJ em
textos,
trabalhos
assistenciais,
palestras,
sites, eventos,
músicas e peças
de teatro
espalhados pelo
movimento
espírita.
A COMEERJ produz
e se reproduz,
não como um
padrão de
evento, mas como
o espírito de
construção de
atividades
customizadas
para o jovem, em
uma linguagem
própria, em um
acolhimento
peculiar,
preparando não
só as futuras
gerações do
movimento
espírita, mas
sim construindo
em cada um
daqueles
corações
idealistas o
homem de bem que
Jesus espera de
nós, em um
momento de
tantas
bifurcações e
conflitos como é
a juventude.
A jovem lá de
casa adorou o
encontro, os
amigos, as
músicas, as
atividades, os
estudos...
Povoou suas
redes sociais de
amigos da
COMEERJ. Na
minha chegada,
na quarta-feira
de cinzas, fui
recebido com um
solene “-
Como faço para
me inscrever
para o ano que
vem?”. O
mesmo sentimento
de meus tempos
de COMEERJ, como
jovem. Um
sentimento
herdado e ao
mesmo tempo
construído pelos
anônimos e
incansáveis
trabalhadores
dessa seara, do
lado de lá e de
cá.