A. A que vícios sociais
se refere o autor desta
obra?
Os vícios sociais que o
autor menciona são o
tabagismo, o alcoolismo,
a toxicomania; os
excessos da mesa,
mediante a ingestão
abusiva de animais
ceifados, condimentados
e acepipes
extravagantes; as
negligências mentais e
morais, como as
conversações doentias,
deprimentes e obscenas,
o cultivo dos
pensamentos vulgares, o
acalento de tendências
negativas e a inveja, o
ciúme, a queixa, o
azedume, a maledicência
e o reproche. Segundo
Manoel Philomeno, o
concurso da prece e a
leitura salutar, que
inspiram ideias e
pensamentos ditosos, são
anticorpos valiosos
contra a virulência
desses escolhos na
santificação da
mediunidade, enquanto a
vigilância, através do
trabalho paulatino e
sistemático, ordeiro e
constante, a ação
caridosa e os
contributos da
solidariedade e da
tolerância armam-no para
a feliz execução dos
serviços espirituais.
(Tramas do Destino, cap.
17, págs. 159 e 160.)
B. Lisandra pensava em
matar-se?
Sim. Lisandra dizia
sentir asco de si
própria. “Odeio-me...
Desejo morrer,
matar-me”, eis as
palavras que disse à mãe
em momento de revolta,
seguido de choro
incontrolável. Diante da
filha que chorava,
Artêmis perguntou-lhe se
ela acreditava em Deus.
"Não sei, para ser
sincera", respondeu
Lisandra, angustiada.
"Eu tenho medo d'Ele,
isto sim..." "Mas Ele é
nosso Pai...",
considerou a mãe. "Tem
sido meu Juiz. Não
estou, não vivo
condenada?! Não é Ele o
responsável?!", replicou
Lisandra. "De forma
alguma, querida",
asseverou Artêmis. "Nós
somos os responsáveis
por tudo quanto nos
sucede. Se você se
esforçasse por ler as
obras que lhe tenho
apresentado, ou se
interessasse em ouvir
para entender, enquanto
as leio para você,
compreenderia que esta é
uma imputação falsa e
até blasfema que você
faz ao Supremo Pai... O
nosso livre-arbítrio
semeia e a vida nos
obriga à colheita. Tudo
muito simples".
(Obra citada, cap. 18,
págs. 162 a 164.)
C. Por que diante do
sofrimento a resignação
é importante?
O sofrimento é via
expurgatória de que se
deve beneficiar o
infrator com júbilo
íntimo e resignação
humilde, a fim de
expungir de sua alma os
fluidos mefíticos que a
intoxicam em longo
processo. É por causa
disso que sua aceitação,
desde que sincera, a que
chamamos também de
resignação, é
fundamental no processo
da cura. Mas, no início,
não foi o que se deu com
Lisandra, o que fez com
que o quadro dela se
agravasse muito,
adicionando à
enfermidade novos
problemas que poderiam
ter sido evitados.
(Obra citada, cap. 18,
págs. 165 a 167.)
Texto para leitura
68. Anticorpos
valiosos - O
deslumbramento que a
mediunidade enseja aos
incautos e
desconhecedores da
Doutrina leva-os a
desequilíbrios da
emotividade, em relação
aos seus portadores.
Aparecem então, nesse
período, as
justificativas sem razão
quanto a reencontros
espirituais, a esperas
afetivas que se tornam
realidade, a afinidades
poderosas, produzindo
acumpliciamento de
difícil e demorada
reparação dos danos
morais. É
imprescindível, pois,
vigiar "as nascentes do
coração", conforme a
linguagem evangélica, a
fim de não se iludir. O
verdadeiro amor, o que
não se frui, permanece
intocado, superior,
ascendendo em grandeza e
crescendo em
profundidade. O médium
não pode esquecer que
amar, sim, mas
comprometer-se
moralmente pelo ditame
do sexo, não, nunca! A
abstinência sexual
dentro dos padrões
éticos do Evangelho
constrói harmonia no
espírito e no corpo.
Outros escolhos que
atentam contra o
apostolado encontram-se
e podem ser facilmente
identificados por quem
deseja ascensão moral e
realização superior.
Há , ainda, os chamados
vícios sociais, como o
tabagismo, o
alcoolismo, a
toxicomania; os excessos
da mesa, mediante a
ingestão abusiva de
animais ceifados,
condimentados e acepipes
extravagantes; as
negligências mentais e
morais, como as
conversações doentias,
deprimentes e obscenas,
o cultivo dos
pensamentos vulgares, o
acalento de tendências
negativas e a inveja, o
ciúme, a queixa, o
azedume, a maledicência
e o reproche. A ira, o
ódio, a cólera, pela sua
perigosa perturbação,
não necessitam sequer
ser citados, porque
todos conhecem a sua
gravidade e o médium
especialmente não os
pode ignorar, dando
margem à inclinação
dessa natureza. O
concurso da prece e da
leitura salutar, que
inspiram ideias e
pensamentos ditosos, são
anticorpos valiosos
contra a virulência
desses escolhos na
santificação da
mediunidade, enquanto a
vigilância, através do
trabalho paulatino e
sistemático, ordeiro e
constante, a ação
caridosa e os
contributos da
solidariedade e da
tolerância armam-no para
a feliz execução dos
serviços espirituais.
(Cap. 17, págs. 159 e
160)
69. Lisandra fica
curada da hanseníase
- Nos dias sucessivos ao
primeiro contacto com o
Centro Espírita, os
Fergusons passaram a
frequentá-lo com
assiduidade, duas vezes
por semana, revezando-se
na assistência a
Lisandra, cujo estado
físico melhorava
consideravelmente, em
detrimento do equilíbrio
psíquico, pois se
acentuavam o mutismo
perturbador e a
tristeza que se lhe
espraiava na face. Não
foram poucas as vezes em
que Artêmis surpreendeu
a filha falando a sós,
agitada, com o semblante
congestionado.
Inquirida pela mãe,
quando não reagia com
impropérios
inesperados, deixava-se
vencer pelo choro
convulsivo, esclarecendo
depois ser uma angústia
de que se sentia
acometida por estar
deixando morrer
asfixiado um homem
amado. Artêmis tentava
tranquilizá-la,
concitando-a à oração,
sem conseguir grandes
resultados, ante o
tresvariar da filha
querida. Nas cartas ao
esposo, sem o alarmar,
enquanto narrava os
auspiciosos resultados
dos estudos espíritas e
sua prática no Centro,
dava conta do acentuado
desequilíbrio psíquico
da filha. O pai
mortificava-se; no
entanto, com a visão
espírita da vida,
confiava em Deus e no
futuro, precatando-se
contra augúrios menos
lisonjeiros. Já haviam
transcorrido três anos
desde que se declarou a
hanseníase na jovem.
Graças à ajuda divina,
aos cuidados do Dr.
Armando Passos e à
fluidoterapia do passe
aplicado por Cândido,
Lisandra recebeu alta:
estava clinicamente
controlada sua
enfermidade, sem perigo
de contágio, podendo,
assim, ser considerada
curada. Os cuidados,
agora periódicos,
liberavam-na dos
limites da casa a que
se submetera durante
todo o período do
tratamento. Todos na
casa ficaram felizes;
somente Lisandra,
apática, já com sinais
de demência, não
demonstrou qualquer
emoção ante a notícia.
"Que diferença faz
deixar de ser leprosa
para continuar louca?",
disse ela, certo dia, à
sua mãe, que lhe
respondeu: "Muita, minha
filha, já que, agora,
você poderá libertar-se
dos limites destas
paredes e recuperar-se
emocionalmente. Além
disso, você não está
louca, apenas cansada e
aturdida..." (Cap. 18,
págs. 161 e 162)
70. A
revolta da jovem
- Lisandra replicou:
"Não nos enganemos,
mamãe. Eu compreendo as
coisas. O que se passa
comigo não ocorre com
pessoas normais. Eu
sofro muito,
interiormente. Minha
mente vive inquieta e
vejo-me perseguida,
atrozmente perseguida...
Sinto asco de mim
própria... Odeio-me...
Desejo morrer, matar-me.
Só não o fiz ainda..." A
mãe lhe disse que a vida
é o maior dom que Deus
nos oferece e não temos
o direito, sequer, de
pensar assim... Lisandra
disse que compreendia
isso, mas que não
aguentava mais: "Eu sou
uma desgraçada! Toda a
minha existência
há transcorrido numa
fuga, sob um medo
íntimo, cruel, entre
doenças vergonhosas e
agora..." Dito isso,
Lisandra atirou-se aos
braços maternos,
debulhada em lágrimas, e
pediu à sua mãe que
orasse a Deus por ela.
Hermelinda, que
acompanhava a cena,
pôs-se a orar afervorada.
Gilberto, que estava no
lar, muito pálido, não
ocultava o receio e
surda cólera que se lhe
imiscuía na alma, também
atormentada.
Esforçava-se por amar a
irmã, mas não conseguia
por ela mais que
piedade, a grande
esforço. No imo, talvez
durante a doença que lhe
modificou a aparência,
chegou mesmo a
detestá-la, passando do
asco ao receio e daí a
um sentimento de
vingança. O rapaz não
sabia explicar o que lhe
sucedia, mesmo ante as
primeiras luzes da fé
nascente com que buscava
harmonizar-se. Aliás,
ele incorporou-se ao
grupo espírita e
granjeou, desde logo,
legítimas amizades na
Casa Espírita, onde
conseguia desatar a
timidez e ajudava nos
serviços mais humildes,
ganhando os aplausos
gerais e adquirindo
assim naturais alegrias.
Apesar disso, os dramas
do lar perturbavam-no
significativamente e,
não fossem a mãe e a tia
Hermelinda, já teria
sucumbido ou saído de
casa. Diante da filha
que chorava muito,
Artêmis perguntou-lhe se
ela acreditava em Deus.
"Não sei, para ser
sincera", respondeu
Lisandra, angustiada.
"Eu tenho medo d'Ele,
isto sim..." "Mas Ele é
nosso Pai...",
considerou a mãe. "Tem
sido meu Juiz. Não
estou, não vivo
condenada?! Não é Ele o
responsável?!", replicou
Lisandra. "De forma
alguma, querida",
asseverou Artêmis. "Nós
somos os responsáveis
por tudo quanto nos
sucede. Se você se
esforçasse por ler as
obras que lhe tenho
apresentado, ou se
interessasse em ouvir
para entender, enquanto
as leio para você,
compreenderia que esta é
uma imputação falsa e
até blasfema que você
faz ao Supremo Pai... O
nosso livre-arbítrio
semeia e a vida nos
obriga à colheita. Tudo
muito simples". Ouvindo
isto, a enferma
ironizou: "Para a
senhora é simples. Não é
a senhora quem carrega a
lepra ou a loucura..."
Em seguida,
desculpou-se:
"Perdoe-me, mamãe, não é
isto que eu quero dizer,
não a desejo magoar..."
(Cap. 18, págs. 162 a
164)
71. Lisandra tenta
matar-se -
Artêmis afagou a filha
doente da alma,
enquanto lágrimas eram
discretamente
extravasadas pelos
olhos, nascidas
diretamente no coração.
As emoções tinham sido
muito fortes. Seguiu-se
então nova crise
convulsiva, que a mãe e
Hermelinda procuravam
atender, firmadas na
rocha sublime da fé em
Deus. No Centro
Espírita, a médium
Epifânia informara que
os tormentos da jovem
procediam do pretérito,
mas disse que os
Benfeitores Espirituais,
logo que o ensejo se
fizesse propício,
tomariam providências
socorristas. Lisandra,
assim que tivesse alta
da hanseníase, deveria
frequentar as reuniões
espíritas, o que lhe
faria muito bem, e era o
que Artêmis e Hermelinda
aguardavam,
ansiosamente. Ocorre
que, embora se
recuperasse de mais uma
crise, Lisandra não mais
volveu à normalidade
total. Evitava qualquer
conversação, tornou-se
agressiva, investiu
contra Cândido, fez-se,
assim, fácil presa do
inimigo invisível que a
subjugava ferozmente,
utilizando-se da sua
debilidade de caráter.
A preocupação voltou
mais forte ao lar dos
Fergusons. Lisandra
poderia ter-se
beneficiado enormemente
do resgate pela dor,
adquirindo expressivas
conquistas, mas não
reagira como era de
esperar, ao ser
informada do mal, que,
na verdade, não lhe
deixou marcas visíveis.
A jovem silenciou, sim,
mas reuniu todas as
forças na revolta
íntima e se submeteu à
terapêutica da redenção,
ressumando surda
desesperação e injusta
mágoa. Com a alma em
guerra, rebelada contra
tudo, passou a odiar a
própria existência,
tornando-se fácil presa
de si mesma e dos seus
adversários espirituais,
que estavam à espreita.
O sofrimento é via
expurgatória de que se
deve beneficiar o
infrator com júbilo
íntimo e resignação
humilde, a fim de
expungir, também da
alma, os fluidos
mefíticos que a
intoxicam em longo
processo... Não era,
porém, o que ocorria
com Lisandra, que no
domingo seguinte, quando
todos se preparavam para
o culto evangélico no
lar, foi encontrada
deitada, agitando-se,
após atentar contra a
própria vida,
seccionando as artérias
dos pulsos. Cândido, que
ali chegara de táxi,
providenciou de imediato
o transporte da jovem
até o Pronto-Socorro
mais próximo. (Cap. 18,
págs. 165 a 167) (Continua no próximo
número.)