Mãe – que pessoa é essa?
“O homem somente
compreenderá a natureza
quando entender o
que é ser mãe. O homem
somente entenderá o que
é ser mãe
quando deixar de ser
homem.” -
Albert Einstein
Não há uma pessoa no
mundo que consiga
esquecer-se da sua mãe.
Este ser tão importante
surge-nos como uma
proposta de vida. É ela
quem nos dá à luz, quem
nos apresenta para o
mundo, quem nos acolhe
quando ainda frágeis ao
renascermos. Mais que
isto é ela quem nos
aconchega no útero,
oferecendo-nos o grande
laboratório natural para
a materialização das
nossas futuras formas
físicas, oferecendo-nos
o calor e possibilidades
para nossas
multiplicações
celulares, atraídas que
são pelo perispírito. Ao
final de nove meses
eis-nos de volta
para mais uma
experiência no corpo
físico. Mais uma
bendita oportunidade de
avançarmos através da
nova reencarnação.
Contudo, passados os
tempos da glorificação
apenas superficial das
mães, compete-nos agora,
Espíritos empossados da
razão e da lógica,
estudarmos mais
detidamente sobre este
fabuloso evento natural
que é ser mãe. Ou seja:
que pessoa é essa?
Vários literatos, poetas
e menestréis têm cantado
em versos e prosa a
figura materna como
essencial para nossas
vidas e para Deus.
Aplaudimos a todos eles.
De fato, é isto o que
ocorre. Mas por que
ocorre? Remontemos ao
início. Os estudiosos da
psicologia nos falam
sobre o Arquétipo da
Grande Mãe. Antes, é bom
entendermos o que vem a
ser um Arquétipo. O
termo "Arquétipo" foi
usado por filósofos
neoplatônicos, como
Plotino, para designar
as ideias como modelos
de todas as coisas
existentes, segundo a
concepção de Platão. Nas
filosofias teístas, o
termo indica as ideias
presentes na mente de
Deus. Pela confluência
entre neoplatonismo e
cristianismo, o
Arquétipo foi
incorporado à filosofia
cristã, por Santo
Agostinho, até vir a ser
usado academicamente por
Carl Gustav Jung,
na psicologia analítica,
para designar a forma
imaterial à qual os
fenômenos psíquicos
tendem a se moldar. Ou
seja, os modelos inatos
que servem de matriz
para o desenvolvimento
da psique. A Grande Mãe
é uma designação da
imagem geral,
formada pela experiência
cultural
coletiva.
Como uma imagem, ela
revela uma plenitude
arquetípica que, neste
caso, remonta à
autoridade mágica da
mulher; a sabedoria e
exaltação espiritual que
transcendem a razão;
qualquer instinto ou
impulso útil; tudo
aquilo que é benigno,
tudo que acaricia e
sustém, que propicia o
crescimento e a
fertilidade”. Em suma, a
mãe boa.
É assim que formamos em
nossa psique a figura
central da mãe. Ao
renascermos já estivemos
em contato com ela por
um bom período. Ouvimos
sua voz, o pulsar do seu
coração, o seu acalanto
quando nos acariciou,
perpassando por sobre o
abdômen as suas mãos e
ainda quando sonhou ter
em seus braços, nós, a
criança esperada. Jung
diz que, embora a figura
materna seja universal,
sua imagem será matizada
de acordo com as
experiências individuais
do sujeito com a mãe
pessoal. É isto que nos
prende a ela de forma
indelével. As mães
retiram do grande
arquétipo universal
aquela parte que é
dedicada a cada um em
particular. De acordo
com suas necessidades,
premissas e evolução.
Pode-se dizer que é um
concerto perfeito entre
Deus, a Mãe e o Filho.
Segundo ainda o
pesquisador suíço, a mãe
pessoal é um receptáculo
da projeção do Arquétipo
Materno com todas as
suas características e
atributos. Ela é o
primeiro “gancho” desta
projeção, o que acaba
por imputar-lhe “um
caráter mitológico e com
isso lhe confere
autoridade e até mesmo
luminosidade”, isto é,
autoridade divinal.
Segundo o Psicólogo
brasileiro Alexandre
Quinta Nova Teixeira,
“Todo Arquétipo tem em
sua essência uma ampla
gama de sentimentos,
sentidos, significados e
símbolos diferentes
dependendo de cada
individualidade. Ao
pensar no Arquétipo
Materno, me vem à cabeça
o princípio de tudo, o
início, pois foi a mãe
que nos gerou a vida.
Nada mais sublime que
dar vida a um outro ser.
Esta é uma
característica apenas
das mulheres que desejam
ser mães. Ao mesmo tempo
ela nos possibilita dar
início às nossas vidas e
ao nosso processo de
individuação”. Mais
adiante o psicólogo faz
um comentário de extrema
sensibilidade filial: “O
ser mãe eleva a posição
da mulher a uma postura
de deusa que cria seres
inofensivos e os
transforma num passe de
mágica em homens adultos
prontos para trilharem
seus caminhos sozinhos”.
Entendemos assim a
complexa presença das
mães em nossas vidas.
Ora, ninguém mesmo como
uma Grande Mãe, como
proposta arquetípica,
para exercer essa missão
extraordinária que é a
de gerar um novo ser
inofensivo e
transformá-lo numa
pessoa adulta preparada
para vida. Ainda citando
o psicólogo Alexandre
Teixeira, ele diz que
“Para as mulheres
cumprirem este papel, um
aspecto importante é o
amor maternal”.
O Espírito Victor Hugo,
no livro Dor Suprema,
diz com propriedade que
mãe “É a excelsa
criatura que, na Terra,
representa diretamente o
Criador do Universo. Mãe
é guia e condutora de
almas para o Céu, é um
fragmento da divindade
na Terra sombria, com o
mesmo dom do Onipotente,
plasmar seres vivos,
onde se alojam Espíritos
imortais, que são
centelhas deíficas!”.
Eu me lembro de que,
quando criança, e já
trabalhava na
confeitaria com minha
mãe, ficávamos ouvindo
rádio. Naquela época uma
música era presente em
quase todas as
programações. Chamava-se
“Flor Mamãe”. Os versos
diziam que alguém andava
por todos os jardins
procurando uma flor para
ofertar e
que somente a flor mamãe
enfeita corações,
sonhos, perfumando a
ilusão, fazendo milagres
quando em oração. Eu
olhava para minha mãe e
sorríamos juntos. Em sua
simplicidade ela me
dizia que era exagero do
poeta e eu afirmava que
não. Abraçava-a e ela
osculava minha fonte,
depois me abraçava e
dizia: “filho querido!”
Essas lembranças nunca
se apagam das nossas
mentes. São vivas. Mamãe
já retornou à pátria
espiritual faz mais de
cinquenta anos e ainda a
vejo andando,
trabalhando, realizando,
amando os filhos por
igual. Em mim ficaram
essas marcas como
ficaram em todos os
leitores as marcas das
suas mães, como ficarão
em todas as crianças do
presente. Este gozo
materno ao qual todos
estamos sujeitos quando
renascemos traz-nos o
primeiro conforto, a
primeira segurança, a
primeira paz. Creio
mesmo que nenhum poeta
ou literato poderá
descrevê-lo, pois que é
singular. É de cada mãe
para cada filho, é a
expansão da divindade
que coloca as mães como
intermediárias do
supremo bem emitido por
Deus para cada qual dos
Seus filhos.
Marilyn
Stone é arqueóloga e
estudiosa das religiões,
ela comenta sobre o
período do matriarcado,
dizendo que: “o
matriarcado é uma
combinação de múltiplos
fatores. Inclui
matrilinearidade e
matrifocalidade”,
significando a criação
de um grupo familiar
focado na mãe. Marilyn
Stone continua: “Porém,
o mais importante é que
as mulheres eram
encarregadas da
distribuição de bens do
clã e,
especialmente, das
fontes de sustento
–
dos campos e dos
alimentos”. O período do
matriarcado ocorreu no
passado e cada membro do
clã tornava-se
dependente das mulheres.
Elas geravam a vida,
portanto, a elas a
garantia da sustentação
da própria vida.
Hoje a figura da mãe
cresce na medida em que
multiplicam na Terra os
seres reencarnados.
Todos os dias são dias
das mães. Segundo dados
recentes de pesquisas,
renascem em média
duzentas e dez crianças
por minuto no mundo. São
recebidas nos braços das
mães que são mães pela
primeira vez ou não,
isto pouco importa. O
fato é que são recebidas
e embaladas naquele
colinho amigo, naquele
sorriso fraterno,
naquela estrutura de
meiguice provindas da
alma feminina. Quando a
mãe recebe nos braços
aquele filho que acaba
de nascer, não há uma
pessoa que não se
consterne, que não
acredite que haverá no
mundo um tempo em que
todas as relações
humanas passarão pelos
caminhos do amor que
educa e da ternura que
faz as almas crescerem
no bem, segundo
Herculano Pires.
E aqui pensamos naquelas
mães que recebem em seus
braços os filhos com
necessidades especiais.
Que mesmo sabendo que o
são, permitem que
renasçam não se
interpondo entre a
paternidade de Deus e as
leis falhas que muitos
homens criam. Parabéns a
essas mães que aceitam
aqueles renascimentos,
que não abortam seus
filhos, indepedente da
situação pela qual estão
retornando ao plano
físico. Joanna de
Ângelis, em página
psicografada por Divaldo
Franco no dia 11 de
abril de 2011 em
Salvador, nos diz que: “Nada
no Universo ocorre como
fenômeno caótico,
resultado de alguma
desordem que nele
predomine. O que parece
casual, destrutivo, é
sempre efeito de uma
programação
transcendente, que
objetiva a ordem, a
harmonia”.
Há ainda aquelas outras
que aceitam os filhos de
outras mães. Que os
adotam dedicando-lhes
sua parcela de amor e
benevolência. Que os
cria como sendo seus
filhos, encaminhando-os
para a vida. Só mesmo um
compromisso grandioso
com Deus pode
sustentá-las. Daí dizer
que: “Mãe
é o anjo que Deus põe
junto ao homem desde que
ele entra no mundo”, nas
palavras de Fernando de
Lacerda em seu livro: Do
País da Luz – volume
quatro. Humberto de
Campos, em Reportagem de
Além Túmulo, faz a
seguinte colocação: “E
olvidaste, porventura,
que ser mãe é ser médium
da vida? É esta
transcendência que
coloca o ser materno em
posição de destaque
dentre as criaturas
encarnadas e
desencarnadas que vigem
na Terra”.
Allan Kardec, em seus
apontamentos de arquivo,
diz que: “Mãe, em sua
perfeição, é o
verdadeiro modelo, a
imagem viva da educação.
A perfeita educação, na
essência de sua
natureza, em seu ideal
mais completo, deve ser
a imagem da mãe de
família”. É aqui que
voltamos àquela figura
ímpar que nos enleva
quando nela pensamos.
Quando os dissabores
diários nos entorpecem
os sentidos, quando as
decepções nos visitam,
quando as promessas não
são cumpridas, um
telefonema, um e-mail,
um “alô mamãe” é motivo
de grande conforto
espiritual. É certeza de
que, se todos falharem
conosco, pelo menos uma
estará ao nosso lado.
Sabiamente a poetisa
estadunidense Emily
Dickinson declarou:
"Mãe é aquela pessoa
para quem você corre
quando está em apuros”.
Elizanda Iop, pedagoga e
professora da
Universidade do Oeste de
Santa Catarina, tece
importante comentário:
“Os vários períodos
históricos da humanidade
mostram o papel da
mulher na participação
do grupo, seja como mãe,
com a função de
reprodutora e dos
cuidados com os filhos,
seja como mulher, mãe,
trabalhadora e cidadã.
Entre as comunidades sem
Estado predominou o
matriarcado,
cabendo à mulher a
responsabilidade
política do grupo. As
relações sociais no
período em que
predominava o
matriarcado não
representaram a
subjugação, nem a
exploração do homem pela
mulher, portanto, é
possível afirmar que as
relações de gênero
produzidas no interior
do grupo social eram
igualitárias,
no sentido de não ter
havido exploração sobre
o homem”. Desde tempos
remotos a mãe se colocou
como educadora e
protetora por
excelência. Os filhos,
não importa a idade,
necessitam deste
concurso real e decisivo
em suas vidas.
Marilyn
Stone ainda comenta que,
no matriarcado, “a
autoridade materna é
proeminente nas relações
domésticas, devendo o
marido juntar-se à
família da esposa, em
vez de a esposa mudar-se
para a vila ou tribo do
marido”.
Daí perguntarmos: Mãe –
que pessoa é essa? Que
vem de tão longe, de
tempos remotos, desde o
matriarcado, abrindo
caminhos para que a
humanidade cresça,
vivenciando etapas,
evoluindo como seres
desde o primitivo até o
civilizado. Somente
alguém ligado
diretamente a Deus pode
desempenhar tão
importante tarefa. A
estatueta feminina que
ficou conhecida como a
Cibele da Anatólia,
datada de 6.000 a. C.,
exibe uma Deusa Mãe
corpulenta e em aparente
processo de dar à luz.
Sentada num trono e
ladeada por duas leoas,
a estatueta foi
encontrada num
compartimento de
estocagem de grãos, o
qual, segundo
arqueólogos, sugere uma
maneira de proteger
(como um amuleto, ou
objeto de cunho
religioso) a colheita ou
o suprimento de
alimentos. As pegadas do
culto à deusa mãe são
assim encontradas desde
épocas imemoriais até os
tempos áureos das
civilizações antigas.
Honoré de Balzac, o
notável escritor francês
do século XVIII,
comentou que:
"O coração de uma mãe é
um abismo profundo em
cujo fundo você sempre
encontra perdão”. Está
aí o corolário da Deusa
Mãe, cultuada desde
antes e reverenciada
desde agora.
Se para a mãe o filho é
a sua suprema
realização, resta-nos
saber o que fica para
ela enquanto criatura
doadora, enquanto amiga
inseperável dos
rebentos, enquanto
médium de Deus para Seus
filhos na Terra.
Encontramos em Ramy
Arany, terapeuta
comportamental, as
justas palavras que
cabem e competem a todas
as mães do mundo: “Observe
que há uma profunda
relação entre a evolução
mãe-filho, pois a partir
do crescimento do filho
é que a mãe vai também
crescendo e
amadurecendo. O
potencial materno já é
com a mulher, pois isto
é natural, porém, ele
vai aparecendo, se
mostrando ao longo da
existência da mulher
como mãe”.
Há muito mais o que
dizer sobre a figura
materna. É muito
profunda a relação entre
Deus – Mãe e Filho.
Algumas delas é mesmo
impossível penetrar. Mãe
é a essência do
reinício, a configuração
do mais puro amor que
pode existir entre os
seres deste mundo. Mãe é
a pessoa sobre a qual as
Leis da Natureza
derramam suas benesses
no ato de criar e
recriar, trazendo para a
luz outros conteúdos de
Deus.