Tantos fenômenos que
ocorriam em torno de Chico:
materializações, cheiro de
éter que surgia do nada,
curas... É natural que em
certos momentos até os mais
crédulos se confundiam, e,
ao contrário do que se
poderia imaginar, Chico até
se divertia. Vejam o caso de
Zeca Machado, amigo do
médium mineiro, em história
contada por José Martins
Peralva Sobrinho, registrada
no livro “Chico Xavier,
Mandato de Amor”, editado
pela União Espírita Mineira.
José Flaviano Machado, o
inesquecível Zeca Machado,
foi companheiro dedicado e
operoso de Chico, por quem
nutria profunda amizade, nas
atividades do Centro
Espírita Luiz Gonzaga. Era
ele quem comentava o
Evangelho e inúmeras
questões de “O Livro dos
Espíritos” e aplicava
passes, em sala própria,
durante as dissertações que
compunham as reuniões
públicas, sendo ainda amigo
carinhoso de quantos o
procuravam na cidade de
Pedro Leopoldo. Ele e Chico
tinham o hábito de, após os
encontros de segundas e
sextas-feiras, ficar em
deliciosa e quase
interminável conversa, noite
adentro, em meio às ruas.
Zeca Machado nunca
demonstrava a menor pressa
em despedir-se. Assim, iam
ficando horas e mais horas
na quietude das madrugadas.
E Chico pensou: - “Qualquer
noite dessas, vou ficar com
o Zeca o tempo que ele
quiser, só para ver o que
acontecerá!”
E se bem pensou, melhor fez.
Tempos depois, após a
reunião, lá estavam os dois,
como sempre, nas silenciosas
ruas da pequena cidade. As
horas passavam, a madrugada
chegava de mansinho. Os
poucos notívagos procuravam
suas casas, pois os galos já
cantavam nos quintais. E os
dois conversando,
conversando. Chico, com sua
mineira simplicidade,
deixava o Zeca falar à
vontade.
A certa altura, o querido
Zeca Machado olhou espantado
para o horizonte ao longe e
comentou:
- Muito estranha, Chico
aquela claridade ali, atrás
das árvores! Que será?!?
E o amado Chico, com um
plácido sorriso, lhe
respondeu:
- Não é nada não, meu nego!
É mesmo o dia que está
amanhecendo! A claridade é
do sol, que já nasceu!...
E soltou uma de suas
despretensiosas gargalhadas,
ante a surpresa do amigo.
Sereno, paciente, dotado de
incomparável senso de humor,
assim é o nosso Chico, que
sabe, como poucos, apreciar
e divertir-se com situações
como esta.