O futuro
Não há um filme
a que eu assista
que não
apresente um
futuro
catastrófico
para o planeta
Terra, pintado
em um mundo
cinza, destruído
por guerras
nucleares,
poluição e um
sem-número de
consequências
dos desmandos da
raça humana, em
sua ganância
insaciável.
Parece-me que a
Guerra Fria, na
qual nos vimos à
beira de um
holocausto
nuclear, nos
impregnou de uma
consciência
pesada coletiva,
uma decepção
generalizada com
a raça humana, e
daí nos vemos
destruindo o
planeta. Uma
visão pessimista
do Espírito
imortal, onde
tombaríamos
derrotados pelo
nosso orgulho e
egoísmo, nos
destruindo em
uma hecatombe
sem precedentes.
É preciso
acreditar nas
potencialidades
do homem,
Espírito
encarnado, como
herdeiro de Deus
capaz de se
melhorar e de
superar as suas
mazelas morais.
Nesse sentido,
vejamos o que
nos diz a
Doutrina
espírita, com
seu marcante
caráter
libertador de
consciências,
sobre a natureza
do Espírito e do
seu porvir.
A Gênese
assevera, no seu
Cap. XVII, que:
“64. – A
doutrina de um
juízo final,
único e
universal, pondo
fim para sempre
à Humanidade,
repugna à razão,
por implicar a
inatividade de
Deus, durante a
eternidade que
precedeu à
criação da Terra
e durante a
eternidade que
se seguirá à sua
destruição”.
Apresenta o
trecho a
inviabilidade de
um desejo divino
oculto e sádico
de destruir a
sua própria
criação.
Da mesma forma,
o Cap. XV do
Evangelho indica:
“No quadro que
traçou do juízo
final, deve-se,
como em muitas
outras coisas,
separar o que é
apenas figura,
alegoria”,
apresentando a
necessidade de
se olhar esse
arquétipo do fim
dos tempos,
ainda tão em
voga, com os
olhos de ver e
os ouvidos de
ouvir.
Por fim, temos a
pergunta
n° 1019, do LE,
que nos diz: “Por
meio do
progresso moral
e praticando as
leis de Deus é
que o homem
atrairá para a
Terra os bons
Espíritos e dela
afastará os
maus. Estes,
porém, não a
deixarão, senão
quando daí
estejam banidos
o orgulho e o
egoísmo. Predita
foi a
transformação da
Humanidade e vos
avizinhais do
momento em que
se dará, momento
cuja chegada
apressam todos
os homens que
auxiliam o
progresso. Essa
transformação se
verificará por
meio da
encarnação de
Espíritos
melhores, que
constituirão na
Terra uma
geração nova”.
Esses breves
excertos de
nossas obras
básicas não
deixam dúvidas
de que essa
ideia de futuro
catastrófico,
ancorada na
visão de um Deus
passional e
vingativo, não
tem eco nas
límpidas
elucidações da
doutrina
espírita, que
apresenta a
ideia da
evolução, onde
todos, como
filhos do Pai,
têm a chance de
evoluir pelas
bênçãos da
reencarnação, em
um conceito de
Deus
infinitamente
justo e bom, que
ama a todos.
Desde a passagem
do último
milênio, as
produções
culturais nos
brindam com
essas visões
destrutivas do
futuro, e
diversas
religiões
asseveram o fim,
perplexas com as
mudanças
ciclópicas que
chegam aos
costumes, pela
tecnologia e
pela
globalização.
De nós,
espíritas,
espera-se uma
visão mais ampla
dessa questão,
entendendo que a
chegada da
geração nova
será marcada por
avanços
espirituais e
que Deus
continua sendo o
mesmo Pai
amantíssimo,
como nos ensinou
Jesus, passados
dois mil anos.
Um Pai que
aposta em nós a
cada vez que nos
oferta a bendita
oportunidade da
reencarnação.
Por fim, citando
o poeta Vinícius
de Moraes na
canção
“Cotidiano n°
2”: “Aí
pergunto a Deus:
escute, amigo,
se foi pra
desfazer, por
que é que fez?”,
percebemos na
simplicidade do
pensamento, a
obviedade da
realidade.