ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, MG (Brasil)
Alcoolismo: um perigo mal combatido!
Depois do fumo,
o álcool é a
segunda causa
de mortalidade
no mundo
“(...) O vício
de qualquer
natureza é rampa
que conduz à
infelicidade.”
- Joanna de
Ângelis.
Os vícios,
quaisquer que
sejam, não
passam de
cadeias de
lamentáveis
corolários para
as vítimas que
sucumbem aos
seus domínios.
Portanto, mais
fácil é
evitar-lhes a
instalação do
que lutar depois
pela supressão
dos mesmos.
O alcoolismo é –
hodiernamente –
grave problema
que deita raízes
profundas na
sociedade,
suscitando
medidas
curadoras e
profiláticas nas
áreas médica,
psicológica e
psiquiátrica,
carecendo de
urgente
assistência de
todos os
segmentos
sociais para
(pelo menos)
minimizar seus
efeitos
desastrosos.
O alcoolismo faz
– diariamente –
milhares de
vítimas que são
levadas à
loucura, aos
desastres de
variegado matiz,
aos crimes
escabrosos, e à
enganosa porta
do suicídio. Sem
embargo, os
problemas que
orbitam em torno
do álcool não
são de hoje: São
tão antigos
quanto o próprio
homo sapiens,
seja qual
for a época em
que ele viveu,
seja em que
sociedade com a
qual se
relacionou ou a
cultura que
recebeu.
Uma das
legislações mais
antigas de que
se tem notícia,
o “Código de
Hamurabi” (1.000
a.C.), já trazia
normativos sobre
as situações,
lugares e
pessoas que
podiam ou não
fazer a ingestão
de bebida
alcoólica. Ora,
se existiam os
normativos, fica
evidente que
eles estavam
postos para
disciplinar o
uso, face aos
excessos
recorrentes.
Por volta do ano
500 a.C., os
chineses perdiam
– literalmente –
a cabeça por
causa da bebida
alcoólica: a
prática era
punida com a
decapitação.
Apesar de aceito
socialmente, nem
por isso o
álcool é menos
letal que as
drogas pesadas
interditadas
pela legislação,
vez que os
indicadores da
mortalidade
ligados ao uso
do álcool são
estarrecedores!
Nem mesmo os
países do
chamado primeiro
mundo escapam
dessas
estatísticas.
Segundo a
Organização
Mundial da Saúde
(OMS), 45.000
casos de
decessos, na
França, estão
ligados ao
álcool. Com 13
milhões de
consumidores
regulares e
perto de 5
milhões de
álcool-dependentes,
a França é o
sexto país
consumidor de
álcool.
Os riscos de
repercussão do
alcoolismo na
saúde (cirrose,
problemas
cardiovasculares,
cânceres etc.)
começam a partir
de dois ou três
copos diários e
se ampliam
consideravelmente
a partir do
quinto copo.
Faz-se mister
colocar a
questão da
alcoolfilia no
foco dos debates
públicos. Há que
se diminuir a
acessibilidade
ao álcool e
aumentar os
impostos do
setor. Mesmo
sob os protestos
das indústrias
do álcool, o
problema da
consumação
alcoólica
precisa ser
atacado
globalmente.
A propósito do
tema, Irmão X
narra o seguinte:
“(...) A cobra,
nossa velha
conhecida, cujo
bote comumente
não alcança mais
que uma só
pessoa, é
combatida a vara
de ferro,
porrete, pedra,
armadilha,
borralho, água
fervente e boca
de fogo, vigiada
de perto pela
gritaria dos
meninos, pela
cautela das
donas de casa e
pela defesa do
serviço
municipal, mas o
álcool, que
destrói milhares
de criaturas, é
veneno livre,
onde quer
que vá, e, em
muitos casos,
quando se
fantasia de
champanhe ou de
uísque, chega a
ser convidado de
honra,
consagrando
eventos sociais.
Escorrega na
goela de
ministros com a
mesma
sem-cerimônia
com que desliza
na garganta dos
malandros
encarapitados na
rua. Endoidece
artistas
notáveis,
desfibra o
caráter de
abnegados pais
de família,
favorece doenças
e engrossa a
estatística dos
manicômios; no
entanto, diga
isso num
banquete de luxo
e tudo indica
que você, a
conselho dos
amigos mais
generosos, será
conduzido ao
psiquiatra, se
não for parar no
hospício.
Ninguém precisa
escrever algo
sobre a
aguardente,
tenha ela o nome
de vodca ou de
suco de cana,
rum ou conhaque,
de vez que as
crônicas vivas,
escritas por ela
mesma, estão nos
próprios
consumidores,
largados à
bebedeira, nos
crimes que a
imprensa reclama
de
sensacionalismo,
nos ataques da
violência e nos
lares
destruídos...
É indispensável
sejam trazidas à
fala as vítimas
de espancamento
no recinto
doméstico, os
homens e as
mulheres de vida
respeitável que
viram a loucura
aparecer de
chofre no ânimo
de familiares
queridos, as
crianças
transidas de
horror ante o
desvario de
tutores
inconscientes e,
sobretudo, os
médicos
encanecidos no
duro ofício de
aliviar os
sofrimentos
humanos.
O álcool,
intoxicando
temporariamente
o corpo
espiritual,
arroja a mente
humana em
primitivos
estados
vibratórios,
detendo-a, de
maneira anormal,
na condição de
qualquer bicho”.
A vinculação
alcoólica
destrói não só a
alegria de
viver, mas
também a mente,
o corpo físico,
a família, bem
como as
possibilidades
de se construir
algo útil na
vida,
encarcerando o
ser em pauis de
dores e
escarcéus.
Joanna de
Ângelis
aconselha:
“(...) Abandonar
a
horizontalidade
das viciações em
que se esboroam
os objetivos da
existência pela
verticalidade
ascensional da
libertação de
sombras e dores,
mágoas e
inquietações –
eis a
tarefa”.