TÂNIA REGINA
REATO
taniareato@hotmail.com
São João da Boa
Vista, SP
(Brasil)
Espíritas!
Recordem! A voz
do povo é a voz
de Deus!
“Senhor!
Educa-nos para
que possamos
converter os
detritos do
temporal em
adubo que nos
favoreça a
tarefa.” -
Emmanuel
Muitas vezes se
ouve o seguinte
comentário entre
os espíritas:
“Se o
Espiritismo
estivesse
propagado em
todos os
lugares, não
veríamos as
atrocidades que
hoje vemos!”.
Pois bem,
perguntemos
então: Por que
ele não está no
conhecimento e
prática do povo,
alcançando todas
as camadas
sociais, como
gostaríamos?
Não ignoramos o
esforço
faraônico de
muitos grupos
espíritas
buscando
propagá-lo nos
meios de
comunicação
disponíveis. Não
somente por amor
à causa, mas
também por
estarem cônscios
da importância
em divulgá-lo.
Porém,
admitamos, os
fatos comprovam
que ainda temos
muito a fazer
neste campo.
Entre tais
fatos,
destacamos a
recente decisão
da Suprema Corte
admitindo aborto
de fetos
portadores da
anencefalia, do
mesmo modo que,
anos atrás, foi
legalmente
admitido o
aborto nos casos
de estupro,
medidas essas
que deixam
margem à
aprovação do
aborto
irrestrito, para
toda a gravidez
indesejada.
Teremos então,
aí, uma severa
atrocidade!
Bem, amigos:
seria bom que
meditássemos e
refletíssemos a
respeito dessa
grave e delicada
questão, antes
de formular
frases que
poderiam vir a
condenar, tanto
aqueles que a
aprovaram,
quanto as mães
que decidirem
por adotá-la.
Para começar,
poderíamos nos
perguntar: “O
que poderíamos
fazer para que
leis como essas
não sejam
aprovadas pela
nossa
legislação?”.
Penso que, como
espíritas e,
portanto,
relativamente
conhecedores das
leis que regem o
Universo, entre
elas, a da
reencarnação e
da imortalidade
da alma,
deveríamos nos
empenhar mais em
desenvolver
mecanismos
voltados à
divulgação em
massa da
doutrina,
objetivando a
cessação do que
possa vir a
significar
prejuízo à
evolução humana.
Mesmo que
parcialmente.
Imagino que, em
se entendendo
que um dos
fatores que
possa ter
colaborado para
a aprovação
destas leis seja
o
desconhecimento
das referidas
leis universais
sob a ótica
espírita,
especialmente, a
da lei da
reencarnação, é
de se constatar
que está havendo
falhas ou
importantes
lacunas a serem
preenchidas por
parte dos
espíritas, no
que tange à
divulgação e à
propagação do
Espiritismo.
Faz-se mister a
necessidade de
repensarmos este
item! Buscando
ideias e
aplicando
medidas para que
os ensinamentos
advindos da
Espiritualidade
Maior se
propaguem com
maior
intensidade em
todos os níveis
socioculturais,
particularmente
nas classes
vistas como as
menos
favorecidas em
todos os
aspectos
socioeconômicos.
O Espiritismo
vem nos
brindando com
verdades que nos
convidam a criar
o diálogo
espírita-cristão
entre as pessoas
comuns ao nosso
relacionamento,
visando
compartilhar
esses
esclarecimentos
com aqueles nem
sempre
espíritas, nem
sempre
frequentadores
de reuniões ou
centros
espíritas. Nem
sempre
participantes de
congressos
espíritas, nem
sempre
simpáticos à
literatura
espírita ou à
doutrina. Uma
vez o
Espiritismo
incorporado nas
massas, fatos
chocantes como
esta liberação
do aborto,
gerando decisões
infelizes por
parte daquelas
mulheres que
optarem por
fazê-lo, serão
banidos, se não
na totalidade,
ao menos,
diminuídos, até
que cessem por
completo.
Não pretendemos,
com tais
colocações,
solicitar aos
amigos que saiam
às ruas à
procura de
adeptos,
carregando os
livros da
codificação e os
pregando em
praças públicas.
Não!...
Refiro-me a se
criar o saudável
e necessário
hábito de se
“conversar”
sobre os
ensinamentos
obtidos na
sagrada
doutrina, a
partir da nossa
manicure, nosso
jardineiro,
nosso pedreiro,
nosso zelador,
nossa secretária
doméstica, nosso
vizinho, e com
todos aqueles
com quem, direta
ou
indiretamente,
nos
relacionarmos.
Para tanto,
busquemos nas
nossas
lembranças a
quantidade de
vezes que
“jogamos
conversa fora”,
literalmente
falando!
Gastando nosso
tempo com
conversas
vazias, para não
dizer vãs ou
fúteis, e as
comparemos com a
quantidade de
vezes que
trocamos
informações com
o propósito de
propagar os
ensinamentos
espíritas
cristãos
dignificando a
nossa crença e,
perguntemo-nos:
“Quantas
oportunidades
perdemos nessa
existência de
falarmos sobre o
aborto; sobre o
suicídio; sobre
a eutanásia;
sobre os vícios;
e suas
consequências à
luz do
Espiritismo?
“Conversas” que
poderiam ser
descerradas com
fabulosos
argumentos
contidos na
codificação? A
resposta a esta
questão pertence
ao questionador!
Mas o resultado
pode ser pesado.
Se mais vezes
gastamos nosso
tempo
edificando,
menos
colaboramos para
a ignorância do
mundo. Se mais
vezes gastamos
nosso tempo com
conversas vãs,
mais colaboramos
para tais
ignorâncias.
Em se
considerando as
gestantes
portadoras de
fetos
diagnosticados
com a
anencefalia, que
há poucos dias
atrás se viam
impedidas de
praticar o
aborto, caso o
preferissem pelo
fato de ser este
uma ação ilegal,
é fácil concluir
que, agora,
munidas desse
direito, optem
por fazê-lo.
Isso se deve ao
fato de, embora
as pessoas
tragam gravadas
em suas
consciências as
leis divinas,
ainda as
conservam em
estado muito
latente.
Habituadas a
guiar-se pela
superficialidade
dos fatos, sem
buscarem se
aprofundar nas
questões do
Espírito, não
têm nelas
desenvolvida a
capacidade de
ver além da
matéria.
Situando-se,
então, em
condições
mentais de baixo
teor evolutivo,
quanto aos seus
Espíritos,
tendem a
equivocar-se em
relação aos
valores reais
que regem a
vida.
Assim sendo, não
cogitaram em
autorizar leis
degradantes como
essas. Tampouco
cogitaram
aqueles que
seguem a mesma
linha de
pensamento,
dentre eles, as
mulheres que
vierem a optar
pelo aborto.
É possível que,
para estes, o
ato de praticar
o aborto e/ou
aprová-lo apenas
signifique
abreviar ou
prevenir-se de
padecer, ou de
se fazer padecer
sofrimentos
maiores pelos
quais, talvez,
já estejam
padecendo. Não
julgam estar
praticando um
ato criminoso.
Prendem-se ao
“aqui e agora”
por lhes faltar
o conhecimento
espírita-cristão.
Não nos cabe
julgá-los! Ou
condená-los.
Antes,
socorrê-los!
Entretanto, se
alguma
dificuldade
houver em se
fazê-lo, pela
dor íntima que
essa questão
possa nos
causar, ainda
assim, busquemos
o concurso
divino nas
palavras amigas
do evangelho de
Jesus. Nele
estarão contidos
as lições e os
exemplos de
perdão,
benevolência,
misericórdia.
Sentimentos que
a doutrina tem
auxiliado a
florescer no
nosso íntimo,
e que estamos
sendo chamados a
exercê-los!
Façamos um
esforço para
tentar
compreender
esses juízes. E
logo
perceberemos
que, certamente,
os mesmos devem
ter passado por
dilemas
tortuosos e
pressões
desgastantes que
os levaram a
optar pela
aprovação desta
lei. Observemos
o cuidado com
que registraram
o fato, deixando
a decisão final
desta prática
para as mães em
questão,
demonstrando,
com esta
atitude, a
consciência a
lhes cobrar o
contrário. É
possível que
tenham
considerado,
somente, a
dolorosa
situação
emocional das
mulheres sem
considerar
aquilo que eles
acreditam ser
apenas um
“pedaço de
carne”.
Mulheres/mães
que estão sendo
dilapidadas pela
dor de se verem
prestes a perder
seus filhos,
seja no ventre,
através do
aborto, seja
logo após o seu
nascimento, e,
por isso mesmo,
são dignas de
compaixão.
Vale narrar
aqui, para
melhor avaliar
essa dor, uma
declaração feita
por um cidadão
ao ser
entrevistado
pelo repórter de
uma emissora da
TV: “Numa
gestação
saudável, os
pais preparam o
quarto e o
enxoval dos
filhinhos
esperados. Numa
gestação
apresentando
tais anomalias,
prepara-se o
velório desses
filhinhos...”.
Mediante este
comovente e
preocupante
comentário que,
por si só
inspira
conivência com
tal lei,
observamos
também,
literalmente, a
urgente
necessidade da
divulgação da
doutrina em
massa, devendo
esta ir além dos
Centros
Espíritas, além
das literaturas,
além da
internet, meios
estes quase que
direcionados aos
próprios
espíritas e aos
seus
simpatizantes. A
Doutrina precisa
ser
compartilhada
com a população
comum, a partir
das pessoas de
nossa
convivência,
tais como as
citadas acima.
O dito popular
“a voz do povo é
a voz de Deus”
nunca antes foi
tão necessário
de ser
trabalhado pelos
espíritas como
nos dias atuais.
A aprovação da
recente lei,
como a aprovação
daquela outra
relacionada ao
estupro,
sinaliza “falhas
e lacunas a
serem
preenchidas na
divulgação do
Espiritismo
junto à
população como
um todo”.
Sejamos humildes
em reconhecer
essas falhas!
Sejamos mais
independentes
das “regras e
normas”
estabelecidas
por alguns no
sentido de que
se venha
difundir os
ensinamentos
espíritas
exagerando na
“filtragem” das
informações
recebidas pelos
Espíritos e
receando a
discriminação
e/ou o
preconceito que
o espírita ainda
sofre por parte
de alguns
desinformados do
Espiritismo.
Levantemos a VOZ
DO ESPIRITISMO
com os recursos
que já nos foram
oferecidos e com
aquilo que já
possamos
oferecer,
confiantes de
que estamos
sendo chamados
ao trabalho por
já termos
condições de
executá-lo. E
executá-lo bem,
pois a
espiritualidade
não nos
convocaria, caso
não estivéssemos
prontos!
Desse modo, se
não pudermos
reverter essa
situação,
poderemos, quem
sabe?, atenuá-la
de maneira
significativa, a
ponto de não
torná-la mais
grave em se
prevendo que, a
partir dessas
leis que
aprovaram o
aborto por
estupro e a mais
recente, nos
casos de
anencefalia,
venham também a
estendê-las para
a da gravidez
indesejada.
Que vejamos esta
decisão do STF
como um alerta
para que
trabalhemos mais
e mais na
proposta de
levar os
conhecimentos
espíritas à
grande massa,
sem temer os
obstáculos,
buscando na
Espiritualidade
maior o suporte
necessário para
continuarmos
adiante e para o
Alto!
Fonte:
Inspirado no ESE
– cap. 11, item
14, e no livro
“À luz da
oração”, pág.
146, Editora O
CLARIM – 3a
edição/1980.