ALESSANDRO VIANA
VIEIRA DE PAULA
vianapaula@uol.com.br
Itapetininga,
SP(Brasil)
O fogo depurador
Basta uma
leitura atenta
do evangelho e
veremos que
Jesus, em
diversas
oportunidades,
utilizou-se de
expressões
simbólicas,
muitas vezes
expressivas e
fortes, com o
escopo de
entregar à
humanidade a sua
mensagem
libertadora, uma
vez que não
podia falar tudo
aos homens em
virtude de nossa
inferioridade
espiritual.
Sabemos que a
verdade tem que
ser ofertada
gradativamente,
a fim de que
tenhamos tempo
de digeri-la e
vivenciá-la com
equilíbrio.
Os Espíritos
superiores,
através da
mediunidade, têm
a oportunidade
de abordar
algumas das
expressões do
Cristo, com o
objetivo de nos
ensinar os seus
verdadeiros
significados,
evitando que a
criatura humana,
ao fazer a
interpretação
literal,
distorça ou
traga limites
aos ensinos de
Jesus.
Dentre as
inúmeras frases
simbólicas de
Jesus, cito a
seguinte:
“Vim para atear
fogo sobre a
terra...”
(Lucas, 12:49).
Trago à tona
para as nossas
reflexões a
lição “A
necessidade do
incêndio”, de
autoria do
benfeitor
espiritual
Camilo, que
consta da obra
“Nossas Riquezas
Maiores”,
psicografada
pelo médium José
Raul Teixeira.
Logo no início
da referida
lição, o
Espírito Camilo
nos demonstra
que o fogo é
símbolo de
progresso,
afirmando que:
“É nas altas
temperaturas que
ele propicia que
conseguimos
desfazer a
virulência dos
micróbios, mas é
igualmente por
meio de sua ação
que logramos
converter a
rocha metálica
em utilidade”.
Camilo também
fala que é o
fogo que permite
que o barro
amorfo se
transforme em
construção
segura e é
graças à sua
ação que o homem
pode preparar os
alimentos
importantes para
a subsistência
da vida.
Dessa forma,
percebemos que
Jesus, ao se
referir ao fogo,
que é agente
transformador,
deixou claro que
vinha trazer
para a Terra as
bênçãos
transformadoras
de suas palavras
e ações, que se
constituíram num
marco divisor da
história e do
progresso do
nosso planeta.
Na atualidade,
onde predomina a
violência e as
paixões
primitivas,
quando vemos o
homem pautando a
sua vida pelo
excesso de
prazer e de
conforto,
vivendo cada vez
mais sob os
auspícios do
materialismo, é
que notamos a
urgente
necessidade de
que se alastre
esse fogo
depurador capaz
de modificar a
situação vigente
no mundo.
Conforme acentua
o benfeitor
Camilo: “A
Terra carece do
fogo da verdade
que desfaça a
tormentosa
mentira”.
O homem vive
aprisionado aos
cinco sentidos,
ignorando sua
essência
espiritual e o
verdadeiro
significado da
vida na Terra.
Jesus nos
apresentou o
amor como meta
existencial,
mas, diante de
nossa
fragilidade,
insistimos num
estilo de vida
comodista e
utilitarista,
razão pela qual
ainda somos
infelizes.
Coube ao
Espiritismo a
nobre tarefa de
revigorar os
ensinos de
Jesus,
tornando-os mais
claros, sem a
necessidade de
simbologias,
porque, com o
progresso da
ciência e do
pensamento
humano, já temos
condições de
compreender a
verdadeira
proposta do
Cristo.
O fogo da
verdade, ao
alastrar a ideia
da reencarnação
e da
imortalidade da
alma, nos
permite sair da
ilusão, a fim de
que recomecemos
um novo estilo
de vida, mais
consentâneo com
as diretrizes do
amor e da
verdade.
“O mundo precisa
das chamas da
saúde que
desfaça a
enfermidade que
galopa
generalizada”
(Camilo).
As doenças
orgânicas
decorrem das
imperfeições
morais do
Espírito, de
forma que, ao
almejar a saúde,
a criatura
humana tem que
ter em mente a
denominada
“saúde
integral”.
Cuidar do corpo
e da alma para
que tenhamos
equilíbrio
orgânico,
evitando repetir
a conduta
daqueles homens
que, à época de
Jesus,
buscavam-No
apenas para o
remendo do
corpo, sem se
preocuparem com
a mudança mental
e
comportamental.
“O orbe anela
pelas labaredas
capazes de
carbonizar o
desajuste moral,
o desequilíbrio
ético, na
instauração de
tempos novos”
(Camilo).
São tantas as
notícias de
corrupção, de
desvios
funcionais, de
delitos de todos
os portes, a
revelar que a
ética tem sido
menosprezada.
O homem busca a
todo custo o
poder temporal
e/ou a riqueza
sem que seja
merecedor destas
conquistas,
agindo de forma
desonesta e
ardilosa,
esquecendo-se de
que chegará
inevitavelmente
a hora da
prestação de
contas às leis
divinas e à
própria
consciência.
Carecemos da
ética do amor
consubstanciada
na proposta de
fazermos aos
outros o que
desejamos a nós,
conduta esta
essencial para a
instalação do
mundo de
regeneração.
“Aonde chega,
ateado por mãos
decididas, o
fogo da
fraternidade
desagrega a
virulência
antifraternal.
O fogo da
lucidez
desarticula a
inconsequência.
O fogo da
caridade
extermina o
gélido da
indiferença.
O fogo do
trabalho
converte
desertos em
searas
frutíferas.
O fogo do amor
desfaz a
incidência
mórbida do
ódio.”
(Camilo).
Vemos que o
indivíduo
comprometido com
o evangelho pode
alastrar o fogo
do amor à sua
volta, nas suas
variadas
expressões, sem
ter pressa na
obtenção dos
resultados,
porque é um
trabalho de
semeadura com
tempo incerto de
colheita,
notadamente por
depender da
renovação ou do
despertamento da
consciência do
próximo.
Todavia, não nos
esqueçamos da
advertência do
Espírito Joanna
de Ângelis, no
sentido de que
nenhum
investimento de
amor é perdido,
pois sempre
produzirá
frutos,
portanto, jamais
cansemos de
semear.
Assim sendo,
vamos tomando
consciência
acerca da
relevância da
conduta
saudável, que, à
semelhança do
fogo, não
passará
despercebida por
aqueles que a
testemunhem.
Nos dias atuais,
mostram-se de
grande
significado as
ações
dignificantes da
fraternidade,
que se revelam
nos pequenos ou
nos grandes
gestos de
afabilidade,
doçura e
compaixão, que
causarão
impactos
positivos na
gleba do lar, do
ambiente
profissional e
do espaço
social.
Diante de tantas
confusões, mitos
e falta de bom
senso,
percebemos que
as chamas da
lucidez, que são
mantidas pela fé
racional, serão
de grande
utilidade para
iluminar o
caminho daqueles
que transitam na
treva interior
da ignorância e
da incerteza.
Quando
identificamos
seres humanos
desanimados,
indispostos para
a vida,
depressivos e
ociosos,
concluímos que
somente a
ardência do
trabalho, que
representa a
ocupação útil,
remunerada ou
não, em favor da
vida e da
sociedade, será
capaz de
despertá-los
para o valor
inestimável da
ação em nome do
bem e da paz.
Há tanto
sofrimento
produzido pelo
ódio e tanto
vazio
existencial
causado pela
indiferença
geradora do
comodismo, que
apenas o calor
do amor e da
caridade pode
mudar o cenário
infeliz daqueles
que vivem
odientos e
omissos, a ponto
de aquecer-lhes
a alma,
sinalizando que
a alegria de
amar e perdoar
nos aproxima do
Pai Celestial,
acalmando-nos e
felicitando-nos.
A partir das
bênçãos
transformadoras
do evangelho e
do Espiritismo,
apresentemo-nos,
“cristãos e
espíritas, na
condição de
archotes, de
pira, de
combustível para
que participemos
desse plano do
Senhor”
(Camilo).
Para atingirmos
esse nobre
objetivo, “é
necessário que
os ventos da boa
vontade, do
denodo, do
otimismo soprem
essas labaredas
que nascem de
nossa
disposição, para
que contagiem a
humanidade
inteira... O
fogo é agente
transformador,
ateemo-lo nas
vias da nossa
evolução”
(Camilo).