AYLTON GUIDO COIMBRA PAIVA
paiva.aylton@terra.com.br
Lins, São Paulo
(Brasil)
Fé, rogativa e resultado
Conversávamos a
respeito de fé.
O tema
fundamental
havia sido o
relato do
evangelista
Mateus, conforme
consta do Cap.
XVII, vv.14 a
20.
A ênfase fora
dada à frase:
“Pois em verdade
vos digo, se
tivésseis a fé
do tamanho de um
grão de
mostarda,
diríeis a esta
montanha:
Transporta-te
daí para ali e
ela se
transportaria, e
nada vos seria
impossível”. –
Jesus.
Em seguida
comentara-se a
reflexão de
Kardec: “No
sentido próprio,
é certo que a
confiança nas
suas próprias
forças torna o
homem capaz de
executar coisas
materiais, que
não consegue
fazer quem
duvida de si.
Aqui, porém,
unicamente no
sentido moral se
devem entender
essas palavras.
As montanhas que
a fé desloca são
as dificuldades,
as resistências,
a má vontade, em
suma, com que se
depara parte dos
homens, ainda
quando se trate
das melhores
coisas. Os
preconceitos da
rotina. O
interesse
material, o
egoísmo, a
cegueira do
fanatismo e as
paixões
orgulhosas são
outras tantas
montanhas que
barram o cominho
de quem trabalha
pelo progresso
da Humanidade”.
(1)
- Pois é,
interrompeu
Alípio, nesse
sentido mais
amplo dá para
entender; no
entanto, no
dia-a-dia, como
é difícil
exercitar essa
“tal de fé”.
- Tenho, aqui,
um texto sobre a
fé, a rogativa e
resultado muito
interessante
para nossas
reflexões –
prorrompeu
Miguel – posso
lê-lo?
Todos
assentiram.
- É um texto de
Emmanuel/Chico
Xavier. Diz
assim:
“Em matéria de
fé, não te
esqueças do
esforço na
realização que
te propões a
alcançar.
O lavrador
confia na
colheita, mas,
para isso, não
menospreza o
próprio suor no
arado laborioso,
permanecendo em
atenciosa
vigília, desde
os problemas da
sementeira às
equações do
celeiro.
O arquiteto
conta
materializar a
construção que
lhe nasce do
gênio criativo,
porém, para
atingi-la, vela
pela segurança
da obra, desde a
base ao teto,
consciente de
que
insignificante
erro de cálculo
lhe
comprometeria o
serviço
integral.
O professor
conhece os
méritos da
escola, mas não
ignora a
necessidade da
própria renúncia
na formação
cultural do
discípulo,
permanecendo na
tarefa
assistencial em
favor dele,
desde o alfabeto
ao título de
competência.
O operário
espera o
vencimento
mensal que lhe
assegura a
subsistência, no
entanto, sabe
que não pode
relaxar os
próprios
deveres, a fim
de que a
supervisão do
trabalho não o
exonere ou
prejudique.
Fé que apenas
brilhe na
palavra vazia ou
fé parasitária
que somente se
equilibra pela
influência
alheia,
nutrindo-se
tão-somente de
promessas
brilhantes e
relegando a
outrem as
obrigações que a
vida lhe
assinala, serão
sempre atitudes
superficiais
daqueles que se
infantilizam à
frente das
responsabilidades
que o senhor
confere a cada
um de nós.
Aceitemos o
imperativo de
nossas próprias
renovações com o
Cristo, se
realmente
buscarmos um
clima de
elevação à
própria
existência.
Tracemos nosso
ideal superior,
utilizando
nossas melhores
esperanças,
todavia, não nos
esqueçamos de
transpirar no
esforço próprio,
doando nossas
forças na
edificação que
pretendemos
buscar, porque a
fé em si
constitui
dinamismo
atuante de
nossas energias,
condicionado à
forma e à
natureza de
nossas orações
ou de nossos
desejos,
impondo-nos,
inevitavelmente,
o resultado das
ações que nos
são próprias,
seja na luz
redentora do bem
ou na treva
escravizante do
mal”. (2)
- Vejam bem –
atalhou Ismael
–, as reflexões
de Emmanuel nos
demonstram que a
fé pede
convicção e ação
para atingirmos
os objetivos
estabelecidos e
dentro da
razoabilidade.
A fé não pode
ser cega, nem
exaltação de
fanatismo, mas
“dinamismo
atuante de
nossas energias”
na realização do
nosso bem, tanto
quanto no bem do
nosso
semelhante.
Todos
concordamos.
A reunião
terminou e cada
um foi para seu
lar “ruminando”
aquelas ideias.
Bibliografia:
(1) O Evangelho
segundo o
Espiritismo,
Allan Kardec,
Ed. FEB.
(2) Fé, Paz,
Amor, Emmanuel/F.C.Xavier
– Ed. GEEM.