CHRISTINA NUNES
meridius@superig.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
Já fui romana,
celta e
egípcia...
Um dos
indicativos
clássicos de
nossas romagens
passadas são as
nossas
preferências por
este ou por
aquele detalhe
do vasto
universo humano;
por um lugar
nunca antes
visitado, por um
idioma ou
determinado
gênero musical.
Em virtude dessa
constatação, a
vida inteira
analisei minhas
tendências com
vistas a um
autoconhecimento
mais abrangente.
No processo,
acabei
descobrindo
jornadas
particulares do
passado milenar
em terras
italianas,
celtas, bem como
nas longínquas
regiões próximas
do mar Báltico,
nos tempos em
que aqueles
povos germânicos
distribuídos por
um sem-número de
tribos eram
tidos, pela
supostamente
civilizada Roma,
como bárbaros...
Em compensação,
não me diz nada
o Oriente,
países como a
China ou o
Japão, ou as
facções nórdicas
dos Estados
Unidos até o
Canadá. Uma
análise acurada
tem-me
oferecido,
destarte, e à
parte da
predominante
inclinação por
tudo o que diz
respeito à
Itália e à sua
história
milenar, a
convicção de que
a jornada
empreendida pela
minha alma
compreendeu
também outros
dos velhos
países europeus.
Isto revela-se,
nada embora de
maneira
indubitável, por
entre as névoas
das sensações e
imagens de
lembranças
espirituais
indiciadoras da
ascendência
reencarnatória
céltica nalgumas
das minhas
inclinações, de
forma
praticamente
involuntária,
por entre os
muitos lances do
cotidiano que
são de molde a
quase sufocar
esse tipo de
sensibilidade
apurada que, em
não sendo
devidamente
nutrida,
praticamente se
apaga de nossa
percepção
consciente por
debaixo do
açoite impiedoso
das inquietações
do dia-a-dia.
Haja vista,
portanto, e para
exemplo, a
inquietante e
espontânea
familiaridade
com a linguagem
rúnica e a
atração
fulminante por
imagens, pela
música, idioma e
características
de culturas como
a escocesa.
Neste contexto
multifacetado de
nosso processo
evolutivo é que
vamos encontrar
todo o sentido
mais profundo da
vida e da
existência
humana. É fácil
concluir-se, a
partir dessas
descobertas, que
se já estagiamos
em tantas
culturas, terras
e povos
diferentes,
guardando nos
recessos mais
secretos de
nossa
sensibilidade o
amor profundo
pelas
peculiaridades
que já nos foram
tão íntimas e
familiares,
nenhum propósito
existe na ideia
de separativismo
entre povos,
línguas, raças e
credos.
Afinal, se já
"fui" romana,
celta, asiática,
por qual boa
razão na
continuidade sem
fim da
trajetória me
sobrarão motivos
para
incompreensão,
intolerância e
qualquer tipo de
rejeição para
com a vasta
quanto infinda
extensão de
meras diferenças
de contexto
inerentes aos
povos da Terra?
Diante de tantos
enredos
diversificados a
serem
considerados em
todas as suas
implicações,
como admitir a
arrogância em se
arvorar superior
em sendo
europeus, para
com asiáticos,
americanos para
com latinos,
brasileiros para
com qualquer
outro país da
América do Sul?
Já é mais do que
tempo de se
abolir tal
gênero obsoleto
de mentalidade,
se o que
almejamos de
fato é a
coexistência
pacífica entre
os povos, numa
nova era de
tolerância, de
entendimento e
fraternidade
entre os milhões
de seres dotados
do mesmo hálito
vital que, no
final das
contas, de
tempos em tempos
a todos irmana
em meros
habitantes
eventuais do
mesmo e imenso
barco
planetário!