A. Que condição impôs
São Francisco Xavier
para dar seu aval à casa
espírita a ser fundada?
O insigne missionário
aceitou dar seu aval à
nova casa espírita com a
condição de ali se
primar pela preservação
do Evangelho em suas
linhas puras e simples,
num clima de austeridade
moral e disciplinados
serviços iluminativos,
com os resultantes
dispositivos para a
caridade nas suas
múltiplas expressões,
tendo-se porém em vista
que os socorros
materiais seriam
decorrência natural do
serviço espiritual,
prioritário, imediato, e
não os preferenciais.
Eles, portanto, não
deveriam esquecer-se de
que a maior carência
ainda é a do pão de luz
da consolação moral, que
o Livro da Vida propicia
fartamente...
(Tramas do Destino, cap.
21, págs. 197 e 198.)
B. Qual é a meta
primacial do Consolador,
muitas vezes esquecida
pelos tarefeiros
espíritas?
O Consolador tem por
meta primacial o
Espírito, o ser em sua
realidade imortal, donde
procedem todas as
conjunturas e situações
que se exteriorizam pelo
corpo e pelos
contingentes humanos e
sociais da Terra.
(Obra citada, cap. 21,
págs. 197 e 198.)
C. No exercício da
caridade, a quem as
instituições espíritas
devem dar preferência?
Em muitas instituições,
não existe lugar nem
tempo para Jesus ou para
os obsidiados, os
ignorantes do espírito
e os impertinentes, tais
as preocupações, os
compromissos sociais,
as campanhas e
movimentos pela
aquisição argentária...
Por isso, sem qualquer
restrição à prática da
caridade material, a
caridade moral e a
caridade espiritual, que
beneficiam o paciente e
edificam o benfeitor,
constituem-se em
imperativo primordial e
insubstituível. Foi o
que Francisco Xavier
solicitou a Natércio:
no exercício da
caridade, dar
preferência aos enfermos
do espírito,
particularmente os
obsidiados, em cujo
ministério se deveria
cuidar com acendrado
carinho dos
perseguidores
desencarnados.
(Obra citada, cap. 21,
págs. 198 a 200.)
Texto para leitura
85. A
mais eficiente terapia
para qualquer doença
- A prece inspirada por
Natércio, e dita pelo
dirigente, foi repetida
por Jules, em lágrimas
de verdadeira renovação,
enquanto Louise, como
noiva devotada,
agradecida a Jesus, o
envolvia em fluidos
entorpecentes com que o
acalmava, a fim de
conduzi-lo a uma
estância de refazimento
feliz, onde se
recomporia para o
futuro, após tão longo
desajuste e tão demorada
fuga ao dever da
reabilitação interior. A
presença da dor decorre
do tempo em que
permanece ausente o
amor. Quando o Espírito
se envilece pelo ódio,
fechando-se na concha
forte da ideia infeliz,
não tem por onde
permitir que penetre o
socorro que nunca falta,
mas que a si mesmo
recusa. O amor acalmava,
assim, o ódio, ensejando
o luzir da esperança de
paz para todos.
Louise-Caroline,
transformada em
enfermeira amorosa,
cuidaria de Jules doente
a requisitar-lhe socorro
por largo tempo,
enquanto Georges-Henri,
aliás, Rafael Ferguson,
sem a presença de seu
verdugo, libertava-se da
constrição do desafeto,
não porém da necessidade
imperiosa de reparação
dos males praticados
contra aquele e suas
demais vítimas.
Renovando-se pela fé e
modificando-se pela dor,
solveria os gravames com
amorosa atitude de
resignação perante a
vida, em criteriosos
pagamentos enobrecidos.
O amor é, como se vê, a
mais eficiente terapia
para todas as doenças, e
o perdão ao mal o melhor
contributo para a
vitória do bem... (Cap.
20, págs. 192 e 193)
86. Um Centro não
se resume às paredes
físicas - Após a
reunião, Artêmis e
Hermelinda puderam
compreender por que a
hanseníase lhes
arrancara do lar o
esposo e irmão querido,
sempre atormentado pela
irascibilidade e
prepotência que trazia
na alma rude desde
antes. A história
pungente contada por
Jules (vítima de Rafael
no passado)
sensibilizara-lhes o
espírito. Sua reação
era perfeitamente
compreensível e
perdoável. Felizmente,
a palavra de amor e luz
lhe chegara à
sensibilidade, e a
interferência da esposa
do passado o alcançara a
tempo de diminuir a
inclemência persistente
da sua maceração íntima.
Retornando a casa, logo
se serviram de frugal
alimentação e
adormeceram com o
espírito dulcificado,
reconhecido. Natércio,
o incansável dirigente
espiritual da equipe
mediúnica, organizara
para aquela noite o
prosseguimento da tarefa
de assistência e
socorro. Por isso, à
medida que as horas se
acentuavam na noite
plena, trabalhadores
desencarnados, adrede
convocados, passaram a
atuar, conduzindo as
personagens envolvidas
naqueles dramas até o
recinto consagrado à
atividade mediúnica, no
Centro Espírita. Como se
sabe, a Casa Espírita
dedicada ao ministério
do esclarecimento,
conforme as finalidades
superiores da Doutrina
Espírita, não se resume
às paredes físicas.
Antes que se
consolidassem os planos
para a edificação
material daquela
Instituição, Natércio
providenciara as
primeiras diretrizes
sobre as quais
fundamentaria a Obra.
Profundo admirador e
discípulo de São
Francisco Xavier, que
foi na Terra incansável
propagandista da fé
cristã, no século XVI,
recorreu ao fiel
Apóstolo de Jesus,
suplicando seu
patrocínio espiritual
para a Casa que
pretendia erguer e cuja
finalidade seria a
divulgação do
Cristianismo na sua
pureza primitiva. (Cap.
21, págs. 195 e 196)
87. O Espírito é
nossa meta primacial
- Recebido pelo
Mensageiro do Cristo,
cuja vida fora dedicada
à cultura e à expansão
da Doutrina de Jesus,
expôs o programa que,
com humildade,
objetivava realizar.
Incrementaria entre os
homens o ardor da fé e a
pureza dos princípios
morais, conforme as
regras simples dos
"seguidores do Caminho",
sem os atavios do
dogmatismo, da
aparência, dos
formalismos. Seu desejo
era trazer de volta aos
corações os postulados
cristãos que pudessem
abrasar os espíritos e
refundi-los na forja da
caridade, preparando o
advento dos Novos
Tempos, de que Kardec
fora o recente
precursor. Por isso, ele
rogava o beneplácito da
proteção e guarda para
os empreendimentos em
pauta, considerando o
seu carinho por aqueles
que ignoravam, no
passado, a mensagem
libertadora. Depois de
expor seu programa e
relatar as dificuldades
vigentes em nossa época,
em que a
licenciosidade, o
egoísmo e o
materialismo reinam
soberanos, Natércio
recebeu o aval do
insigne missionário, sob
a condição de ali se
primar pela preservação
do Evangelho em suas
linhas puras e simples,
num clima de austeridade
moral e disciplinados
serviços iluminativos,
com os resultantes
dispositivos para a
caridade nas suas
múltiplas expressões,
tendo-se porém em vista
que os socorros
materiais seriam
decorrência natural do
serviço espiritual,
prioritário, imediato, e
não os preferenciais...
Não deveriam esquecer-se
de que a maior carência
ainda é a do pão de luz
da consolação moral, que
o Livro da Vida propicia
fartamente... A
orientação era sábia,
porque muitas vezes se
substituem os deveres
primeiros e mais
urgentes – os da alma –
por outros de caráter
secundário, referentes
ao corpo. Evidentemente,
alguém em aturdimento
por falta de pão ou de
saúde, sob dores e
espículos venenosos,
não sabe nem consegue
ouvir a palavra de vida
eterna, e até se rebela,
quando a escuta.
Todavia, a pretexto de
atender-se à aflição, à
fome, à enfermidade e à
dor, muitos cristãos se
detêm na terapia
externa, sem averiguarem
as nascentes do mal, a
fim de o estancar nas
suas origens,
impedindo-lhe o
crescimento e o
contágio. Pensa-se muito
em estômagos a saciar,
corpos a cobrir, doenças
a curar... Sem
menosprezar-lhes a
urgência, o Consolador
tem por meta primacial o
Espírito, o ser em sua
realidade imortal, donde
procedem todas as
conjunturas e situações
que se exteriorizam pelo
corpo e pelos
contingentes humanos e
sociais da Terra...
(Cap. 21, págs. 197 e
198)
88. Como deve ser
a assistência social
espírita - A
assistência social no
Espiritismo é valiosa,
no entanto, precatem-se
os "trabalhadores da
última hora" contra os
excessos, para que a
exaustão com os labores
externos não exaura as
forças do entusiasmo
nem derrube as
fortalezas da fé, ao
peso da extenuação e do
desencanto nos serviços
de fora. Evangelizar,
instruir, guiar,
colocando o azeite na
lâmpada do coração, para
que a claridade do
espírito luza na noite
do sofrimento, são
tarefas urgentes,
basilares, na
reconstrução do
Cristianismo. Os
compromissos materiais
de assistência social
podem dificultar a
livre ação moral de
muitos trabalhadores
honestos, que se veem
obrigados a fazer
concessões doutrinárias
e morais, para não
perderem ajudas,
valores, bens
transitórios que
produzem rendas e
facultam socorros... Sem
dúvida, a caridade
material merece
consideração e carinho,
dedicação e esforço de
todos nós, mas a
caridade moral, de
profundidade, a tarefa
do socorro espiritual,
não contabilizada, nem
difundida, é
urgentíssima,
impondo-nos a
necessidade de atenção e
zelo. Multiplicam-se
admiráveis locais de
socorro humano,
material, iniciados a
expensas do Consolador,
onde a técnica vem
substituindo o amor,
com a saturação do
serviço pelo excesso e
repetição gerando
irritação e mal-estar e
fazendo que se falhe nas
horas do socorro moral,
nos atos da paciência e
humildade, nos
ministérios espirituais
da palavra
esclarecedora, do passe
reconfortante... Em
muitas instituições, não
existe lugar nem tempo
para Jesus ou para os
obsidiados, os
ignorantes do espírito
e os impertinentes, tais
as preocupações, os
compromissos sociais,
as campanhas e
movimentos pela
aquisição argentária...
Por isso, sem qualquer
restrição à prática da
caridade material, a
caridade moral e a
caridade espiritual, que
beneficiam o paciente e
edificam o benfeitor,
fortalecendo-os e
alegrando-os no Senhor,
constituem-se em
imperativo primordial e
insubstituível. Foi o
que Francisco Xavier
solicitou a Natércio:
no exercício da
caridade, dar
preferência aos enfermos
do espírito,
particularmente os
obsidiados, em cujo
ministério se deveria
cuidar com acendrado
carinho dos
perseguidores
desencarnados. Eis assim
o programa da Sociedade
Espírita em que Epifânia
servia, canalizando
suas forças para a
desobsessão, a pregação
e a mensagem
psicografada, com
vistas à iluminação das
criaturas. (Cap. 21,
págs. 198 a 200)
(Continua no próximo
número.)