A. Por que no Centro
Espírita não devem ter
lugar a leviandade, a
revolta e a zombaria?
Natércio explicou por
que devemos ter esse
cuidado, afirmando que
as conversações frívolas
e vulgares são
responsáveis pela
sintonia com Espíritos
ociosos e malévolos, que
se insinuam através das
mentes invigilantes e,
não raro, se introduzem
em locais que lhes são
vedados. Hospital-Escola
para os que sofrem, o
Centro Espírita é templo
de recolhimento e
oração, onde se
estabelecem, se fixam e
por onde transitam as
forças da comunhão entre
o homem e Deus. Em face
disso, no Centro
Espírita não podem
coexistir a leviandade e
a honradez, a zombaria e
o verbo edificante, a
esperança e a revolta.
Diferença psíquica
significativa tem que
apresentar a Casa
Espírita em relação a
outros recintos de
qualquer natureza,
atestando, dessa forma,
a qualidade dos seus
trabalhadores
espirituais e o tipo de
finalidades a que se
destina.
(Tramas do Destino, cap.
21, págs. 200 a 203.)
B. Pode-se dizer que a
hanseníase, no caso
Rafael-Lisandra, era uma
enfermidade cármica?
Sim. Natércio informou
que os impositivos
cármicos de Rafael e
Lisandra insculpiram nos
seus perispíritos as
matrizes para o
desenvolvimento e a
cultura do "mal de
Hansen", que eclodiu em
momento próprio como
compulsória expiatória,
cuja liberação lograriam
ou não, de acordo com o
comportamento moral e
espiritual que se
impusessem.
(Obra citada, cap. 22,
págs. 205 a 207.)
C. Ao reviverem um
importante fato do
passado, as Entidades
modificaram a aparência?
Sim. Transfigurados, ao
reviverem os
acontecimentos, os
Espíritos revestiram-se
dos trajos que usavam no
dia trágico.
(Obra citada, cap. 22,
págs. 211 a 213.)
Texto para leitura
89. O Centro
Espírita "Francisco
Xavier" - Quando
a Casa foi erguida,
observaram-se na sua
construção os cuidados
com a aeração, o
conforto sem excesso, a
simplicidade e a total
ausência de objetos e
enfeites fora os
indispensáveis ao seu
funcionamento. Todavia,
nos departamentos
reservados à câmara de
passes, ao recinto
mediúnico e à sala de
exposições
doutrinárias, foram
providenciadas, no
plano espiritual,
aparelhagens complexas
e apropriadas às suas
finalidades específicas.
Espíritos
especializados em
impregnação magnética do
ambiente foram
requisitados para a
criação de uma
psicosfera salutar e,
ulteriormente, ficaram
destacados alguns
obreiros para o
trabalho permanente de
preservação e renovação,
instalando-se também
recursos de defesas, a
fim de se resguardarem a
Casa e seus
frequentadores das
nocivas investidas das
hordas de salteadores e
vagabundos
desencarnados, como
também para se fazer a
triagem dos que,
situados na
erraticidade, poderiam
penetrar-lhes o recinto.
Natércio, que no século
XVII, seguindo o mestre
de Navarra, se dedicara
ao apostolado no
Oriente, tendo-se
entregue ao martírio nas
terras chinesas do
Norte, ensinara, em
sucessivas instruções
aos companheiros
encarnados, como
deveriam estes
comportar-se e preservar
o recinto quanto às
conversações frívolas e
vulgares, responsáveis
pela sintonia com
Espíritos ociosos e
malévolos, que se
insinuam através das
mentes invigilantes e,
não raro, se introduzem
em locais que lhes são
vedados, por perturbação
nas defesas, em virtude
das urdiduras e
responsabilidades dos
médiuns e diretores
invigilantes.
Hospital-Escola para os
que sofrem, o Centro
Espírita é templo de
recolhimento e oração,
onde se estabelecem, se
fixam e por onde
transitam as forças da
comunhão entre o homem
e Deus. Em face disso,
tendo em vista as
relevantes tarefas que
nele se realizam, no
Centro Espírita não
podem coexistir a
leviandade e a honradez,
a zombaria e o verbo
edificante, a esperança
e a revolta. Diferença
psíquica significativa
tem que apresentar a
Casa Espírita em
relação a outros
recintos de qualquer
natureza, atestando,
dessa forma, a qualidade
dos seus trabalhadores
espirituais e o tipo de
finalidades a que se
destina. Era exatamente
esse o caso do Centro
Espírita "Francisco
Xavier" onde, naquela
noite, os Fergusons
teriam um novo encontro
com comparsas e
adversários do
pretérito. (Cap. 21,
págs. 200 a 203).
90. Enfermidade
cármica - Ali
chegaram e foram
instalados: Rafael,
assistido por Cândido e
pelo Dr. Armando Passos;
Hermelinda e Artêmis,
amparadas por Adelaide;
Lisandra e Gilberto,
assistidos por
enfermeiros
especializados do plano
espiritual; Jules,
amparado por
Louise-Caroline, e, por
fim, Ermínio Lopez, que
se debatia na contenção
fluídica a que estava
submetido pelos técnicos
em desobsessão
encarregados de
controlá-lo. A médium
Epifânia movimentava-se
com facilidade e
conversava, tranquila,
com outros médiuns que
foram convidados ao
prosseguimento do
ministério. Dentre os
encarnados era a única a
exteriorizar suave
claridade que a
emoldurava com
expressiva beleza
espiritual. Seu
ministério de abnegação
e anonimato, de
constante dedicação ao
bem de todos, fizera-a
granjear, além do
respeito natural e da
afeição de que
desfrutava, os títulos
de enobrecimento
pessoal com que se
depurava,
aclimatando-se desde
logo, enquanto no corpo
físico, aos
empreendimentos
transcendentes na outra
esfera da vida. O caso
Rafael-Lisandra chamou a
atenção de Manoel
Philomeno pela
conjugação da
enfermidade (hanseníase)
com a obsessão.
Natércio lhe
explicaria, mais tarde,
que os impositivos
cármicos de ambos
insculpiram nos seus
perispíritos as matrizes
para o desenvolvimento e
a cultura do "mal de
Hansen", que eclodiu em
momento próprio como
compulsória expiatória,
cuja liberação lograriam
ou não, de acordo com o
comportamento moral e
espiritual que se
impusessem. Ademais, a
pressão obsessiva pela
vinculação direta com os
desafetos do passado
lhes subtraíram forças
e resistências
orgânicas, fazendo a
maquinaria física
sucumbir à virulência
do bacilo, quando saído
da incubação. Lisandra,
sob a técnica
fluidoterápica de
Cândido, conseguira
apressar a "cura
clínica", em face,
também, da assistência
médica especializada e,
simultaneamente, como
concessão à
interferência de
Adelaide, que sabia que
a jovem não poderia
atravessar com êxito
aquela jornada, quando o
processo mental
adicionasse maior soma
de desequilíbrios à sua
existência. Eis, pois, a
razão de lhe ter sido
atenuado o carma, em
procedimento de
misericórdia, que a
jovem auto-obsidiada por
pouco não interrompera
com a tentativa de
suicídio. (Cap. 22,
págs. 205 a 207)
91. O encontro na
noite -
Diferente era a situação
de Rafael, cuja soma de
deslizes morais e
comprometimentos
espirituais se fazia
maior. Apesar do
programa de renovação
íntima que então se
impunha, não conseguira
ainda liberação da
enfermidade, por serem
débeis os lucilares do
sentimento nobre de sua
alma, que saía das
furnas do egoísmo,
recém-atraída para o Sol
da solidariedade. Sua
quota de amor ainda era
insuficiente para
cobrir-lhe a "multidão
dos pecados". A reunião
programada
destinava-se, assim, ao
exame das vinculações
geratrizes das
obsessões. Se na
primeira oportunidade
fora estudado o problema
direto de Rafael, seria
agora Lisandra a
merecer maior quota de
atenções. Estando todos
a postos, Natércio
procedeu a rápidas
informações sobre o que
se iria realizar e
orou, humilde, rogando
ao "Senhor dos
sofredores" o amparo
espiritual para a
tarefa. Finda a oração,
que colheu a todos
orvalhados por lágrimas
de confiança e consolo,
Natércio acercou-se de
Ermínio Lopez, que
acompanhava os
preparativos da reunião
sem compreender o que
ocorria, e falou-lhe com
meiguice e energia:
"Apresentamo-nos para
ajudar-te. No entanto,
pretendemos auxiliar
também os que se
acumpliciaram para a tua
desdita. Não somos
partidários de uns em
detrimento de outros,
antes procuramos ser
amigos, irmãos de todos
que nos encontramos
vinculados pelos liames
amorosos de Nosso
Pai..." Ermínio
interrompeu-o dizendo:
"Sou, porém, a
vítima..." O dirigente
espiritual respondeu-lhe
que ali ninguém se
dispunha a julgar, mas a
servir, e que ele
soubesse que seus
movimentos e atitudes
estariam controlados por
atentos enfermeiros
daquela Instituição. A
Entidade infeliz possuía
um aspecto
constrangedor. A fácies
patibular apresentava-se
desfigurada, horrenda, e
ele falava com
arrogância e desprezo,
destilando ódio mortal.
(Cap. 22, págs. 207 a
209)
92. O caso Ermínio
Lopez - Enquanto
Natércio se dirigia a
Ermínio, dois
enfermeiros espirituais
acercaram-se de Rafael e
aplicaram-lhe recursos
magnéticos por meio de
passes, despertando-o
para o momento. O
hanseniano despertou
com vagar e, dando-se
conta do lugar em que se
encontrava, saudou
Cândido com real
alegria, ao mesmo tempo
em que viu o Dr. Armando
Passos, igualmente
lúcido. Nesse momento,
Ermínio, gritando o nome
de Annette,
encaminhou-se em
direção à jovem
Lisandra, que despertou
em sobressalto e, vendo
o interlocutor, pôs-se a
tremer, tombando vencida
por uma convulsão
epiléptica violenta. Os
enfermeiros
auxiliaram-na com
energias calmantes,
enquanto ela balbuciava
em estertores: "Ermínio,
deixa-me... Tu
morreste... Larga-me,
infeliz". A atormentada
Entidade, vendo-a
debater-se, pôs-se a
gargalhar, chocante,
afligindo-a com verbetes
depreciativos e
agredindo-a verbalmente.
A custo, Lisandra
recompôs-se e foi
novamente acomodada;
então, em vez do terror,
ela transfigurou-se,
iniciando-se entre os
comparsas do triste
drama o seguinte
diálogo: "Descobri-te e
não te deixarei,
enquanto não seque a
fonte do meu ódio,
fazendo-a verter
lágrimas de fogo com que
me acalmarei, vendo-te
arder", disse-lhe
Ermínio. "Não me fugirás
mais..." Lisandra
respondeu-lhe: "Não sou
culpada..." – "Sim, tu
o és, desgraçada!" –
replicou Ermínio. "Eu o
odeio também. Ele, no
entanto, estava no seu
papel de marido traído.
Tu, não, pois que me
dizias amar..." Lisandra
afirmou que o amava. –
"E mataste-me para
preservar a honra que
não possuías",
considerou Ermínio, que
acrescentou: "Esperei
tua intervenção que
nunca me chegou,
desgraçada..." (Cap.
22, págs. 209 e 210)
93. O caso Annette
- Lisandra (Annette à
época dos fatos) disse,
então, à Entidade que
ela não era culpada de
nada. O culpado fora
Georges – e apontou para
Rafael, que, ouvindo seu
antigo nome ser chamado,
indagou: "Quem me
chama?" Ato contínuo,
ele levantou-se com
dificuldade e se
aproximou dos
contendentes,
informando: "Sou Georges,
o senhor de Dax...". O
encontro dos três
personagens do
lamentável drama
ocorrido em terras da
França foi altamente
constrangedor. De
início, Georges não
reconheceu nenhum dos
dois. Depois, ela
apontou Ermínio e
informou que ele era
Ermínio Lopez, seu
amante espanhol, a quem
ele matara. As três
Entidades drenavam as
excruciantes
perturbações que
sofriam, como se
estivessem num cenário
dantesco.
Transfiguradas,
exteriorizavam-se
através de gestos algo
burlescos e, pela
ideoplastia, reviviam os
acontecimentos,
revestindo-se dos
trajos que usavam no dia
trágico... – "Lembro-me,
sim, de ti. O espanhol
que se atreveu
macular-me a honra...",
disse Rafael. – "Ora,
quem fala em honra... O
falcão, que despedaçou
vítimas inocentes e se
locupletou, depois, na
pele de chacal, com os
restos que encontrou no
abandono... Imundo, por
isso és leproso...",
replicou Ermínio. O
diálogo entre os dois
prosseguiu acidamente.
Ermínio relatou que ele
é que fora seduzido por
Annette, e não foi o
primeiro, porquanto,
cansada do esposo, ela
costumava refugiar-se em
braços mais jovens.
Georges pediu a Annette
que negasse tal
acusação, mas ela a
confirmou, acrescentando
que ele a deixara muitas
vezes nas termas ou no
chateau,
supondo-a de aço,
abandonada, enquanto
explorava o povo e
destroçava dignidades.
Annette confessou então
a Georges ter feito tudo
aquilo para vingar-se
dele e das pessoas
sórdidas que ela
desprezava, porque,
conhecendo as fraquezas
morais dela, eles as
expunham nas tascas e
nos estábulos. E
confessou: "Soube
vingar-me ao menos desse
reles espanhol
desprezível, a quem
matamos juntos, e de
Rondelet, nosso
cavalariço..." O crime
de Rondelet, segundo
relatou, fora levado, na
época, à conta de
suicídio. "Matei-o...
Não foi suicídio",
informou Annette.
"Assassinei-o com
veneno. Rose, minha
camareira fiel,
contou-me que o infame
se gabava entre os
servos abjetos...
Silenciei e aguardei...
Numa das vezes em que
viajaste a Biarritz,
concertei com ele um
encontro noturno na
terra de nossa
propriedade e o induzi
a ingerir uma taça de
vinho, adrede
envenenado... Quando o
vi morrer, calmamente
arrastei-o até o rio e
empurrei-o pela
ribanceira às águas do
Adour, retornando ao
castelo e ao
silêncio..." (Cap. 22,
págs. 211 a 213)
(Continua no próximo
número.)