FERNANDO
ROSEMBERG
PATROCÍNIO
f.rosemberg.p@gmail.com
Uberaba, MG
(Brasil)
A notável filosofia
espírita
Qual dos itens é o mais
importante no tríplice
aspecto do Espiritismo?
O Científico, o
Filosófico ou o seu
aspecto puramente
Religioso?
Pode-se cair em erro com
afirmativas apressadas e
sem maiores reflexões.
Pois que os três se
entrosam de tal maneira
que, por vezes, não
sabemos qual é qual.
Isto porque, numa
reunião espírita de
fenômenos mediúnicos de
doutrinação espiritual,
por exemplo, podemos
encontrar os três
aspectos reunidos num só
momento de extrema
importância para os dois
lados das experiências
humana e extra-humana,
física e extrafísica.
Senão vejamos: um
Espírito errante,
necessitado de
doutrinação
evangélico-cristã,
incorpora a um
determinado médium pela
permissão da
Espiritualidade atuante
no ambiente preparado
para tal procedimento;
ele manifesta-se,
portanto, via mediúnica;
e os demais
participantes da reunião
observam o fenômeno,
tiram suas conclusões
mais íntimas e pessoais,
equivocadas ou não, e,
num ato de amor e de
caridade, juntos com o
esclarecedor da noite,
entram em atitude mental
positiva, visando ao bem
e à iluminação
doutrinária do Espírito
sofredor.
Assim, pois, é de notar,
no exemplo citado, três
fases consecutivas e
interconectadas do
fenômeno mediúnico em
questão:
- a manifestação
positiva, ou não, de um
Espírito sofredor; para
os participantes da
reunião mediúnica, bem
como para nós, trata-se,
pois, e, sem sombra de
dúvida, do aspecto
experimental e
científico adotado pelo
Espiritismo kardeciano,
ou seja: o da observação
do fenômeno, de sua
realidade anímica ou
puramente mediúnica,
sendo que, no primeiro
caso, poderá
constituir-se em uma
fraude ou não, pois que
uma manifestação anímica
também poderá
constituir-se em uma
manifestação positiva,
real e evidente de uma
outra personalidade do
próprio médium, que
emergira na consciência
atual;
- a mentalização no
sentido do
esclarecimento e do bem
do referido sofredor, o
que constitui o seu
aspecto religioso;
- e, finalmente, a
doutrinação do Espírito
no aspecto filosófico e
também religioso.
Mas, pergunta-se: deve o
espiritista preocupar-se
demasiadamente com a
formação dos seus
cientistas visando a
novas descobertas e
comprovações a serem
efetivadas pela Ciência
Espírita? Óbvio que,
agora, me refiro de um
ponto de vista mais
acadêmico, e não, como
no caso retrocitado, de
uma reunião mediúnica e
seus aspectos
doutrinários que,
afinal, é, também,
deveras importante. E,
portanto, estou me
referindo aos cientistas
de formação
universitária, como, por
exemplo, numa faculdade
de teologia espírita,
visando à formação de
técnicos voltados para a
área da pesquisa.
Repito: sua formação é
importante? Óbvio que
sim. Mas devemos nos
escalpelar para
formarmos nossos
cientistas e termos uma
mais atuante Ciência
Espírita? Às vezes penso
que não. O que ocorre é
que sabemos que a Alma
existe, que a
reencarnação é um fato,
que a comunicação entre
os dois planos
existenciais é de todos
os tempos da humanidade;
noutras palavras, tudo
isso e muito mais já é,
para nós, ponto pacífico
e já muito bem resolvido
pelos mais importantes
sábios em todo o mundo.
Até porque, já se
fizeram, e ainda se
fazem, em nosso
território, algumas
experiências no campo da
mediunidade de efeitos
físicos e tenho visto
alguns trabalhos de
cunho notoriamente
científicos, como, por
exemplo, da Grafoscopia,
provando que as
assinaturas dos diversos
Espíritos comunicantes
são as mesmas
assinaturas que eles
apresentavam quando
estiveram encarnados,
etc., etc., sem contar,
ainda, as pesquisas que
se fazem no campo da
Transcomunicação
Instrumental (TCI).
Assim, penso que não!
Que não devemos arrancar
nossos cabelos de tanta
preocupação em vermos
uma mais relevante
prática da Ciência
Espírita nos presentes
tempos de graves
transições éticas,
filosóficas e
científicas no mundo, e
por que não dizer, de
grave transição
planetária para um novo
mundo: o regenerador.
Quero crer que o mais
importante hoje, na
minha visão, é a
Filosofia Espírita,
indubitavelmente. Hoje e
ontem também. A profunda
e dilatada Filosofia
Moral que decorre da
Ciência Espírita é, sem
dúvida, ontem, hoje e
sempre, muito mais
importante. E, por isto,
as cobranças dos que
requerem ou exigem uma
Ciência Espírita mais
atuante não me incomodam
tanto, pelo fato de que
estou respaldado por
Kardec em toda a
inteireza de sua obra
monumental. Em seu
tratado basilar, afiança
o codificador:
“A Ciência Espírita
compreende duas partes:
experimental uma,
relativa às
manifestações em geral;
filosófica outra,
relativa às
manifestações
inteligentes. Aquele que
apenas haja observado a
primeira se acha na
posição de quem não
conhecesse a Física
senão por experiências
recreativas, sem haver
penetrado no âmago da
Ciência. A verdadeira
Doutrina Espírita está
no ensino que os
Espíritos deram, e os
conhecimentos que esse
ensino comporta são por
demais profundos e
extensos para serem
adquiridos de qualquer
modo, que não por um
estudo perseverante,
feito no silêncio e no
recolhimento. Porque, só
dentro desta condição se
pode observar um número
infinito de fatos e
particularidades que
passam despercebidos ao
observador superficial,
e firmar opinião”.
(Vide: “O Livro dos
Espíritos” – Allan
Kardec –Introdução-Item
17 – Feb.)
Em tal esclarecimento,
vemos que o âmago da
Ciência Espírita é a sua
Filosofia Moral. Kardec
elucida, pois, que a
parte científica é
apenas um acessório, um
meio para chegar-se a um
fim, qual seja: à parte
filosófica da Doutrina
que se estende ao mais
alto grau da ética
cristã, que lhe decorre
naturalmente.
Diante de tal, reafirmo
que a experimentação, ou
os procedimentos
científicos do
Espiritismo em nosso
tempo, não deverão ser a
nossa mais urgente e
necessária preocupação,
quando ele mesmo
aponta-nos para o
aprendizado filosófico e
à prática, não de uma
nova moral, mas da
mesma, da mesmíssima
moral cristã.
O mesmo afiançaria o
mais respeitável
instrutor do Século XX:
“No aspecto religioso,
todavia, repousa a sua
grandeza divina, por
constituir a restauração
do Evangelho de Jesus
Cristo, estabelecendo a
renovação definitiva do
homem, para a grandeza
do seu imenso futuro
espiritual”. (Vide: “O
Consolador” – Emmanuel –
Definição – Feb.)