Abrigo
Nas
grandes calamidades que
irrompem na Terra, cada
criatura pode construir
o seu próprio refúgio.
Comumente
no mundo interpretamos
por abrigo a fatia de
espaço fechado que
destinamos aos serviços
de proteção e segurança.
Entretanto, embora
respeitemos os redutos a
que se acolhem as
multidões nas horas de
crise, buscando a
preservação própria,
consideramos que ainda
mesmo segregada em forte
redoma, do ponto de
vista material, a pessoa
humana não está livre da
trombose ou da parada
cardíaca, do colapso
nervoso ou da tensão
emocional.
Isso nos
induz a reconhecer que
em qualquer situação
difícil, muito acima dos
lugares de privilégio,
precisamos de apoio
íntimo que nos faculte
serenidade e
discernimento. Uma
fortaleza na qual
possamos colaborar
dignamente na supressão
do tumulto por fora,
conservando a paz por
dentro.
Não
obteremos isso, porém,
fugindo da realidade,
mas enfrentando-a
através da ação
construtiva, de modo a
descortinar-lhe todas as
lições e aproveitá-las.
Nunca
disporemos de asilo
seguro, escondendo-nos
em praias desertas,
bojos metálicos, covas
de pedra ou furnas da
natureza.
O abrigo
real de cada um está no
íntimo de si mesmo.
A certeza
de que não nos achamos
sós nos campos do
Universo, a confiança na
sobrevivência do
Espírito além da morte,
a fé na sabedoria da
vida, a aceitação do
dever de praticar o bem
e a dedicação à ordem
são materiais dos mais
importantes com que se
constrói a cidadela da
consciência tranquila.
À frente
de semelhante verdade,
não temas a ventania das
paixões desencadeadas,
quando as tempestades da
renovação agitam a
Terra.
Conserva
a calma e confia no
Poder Maior que te
insuflou a força da
vida. Calma, no entanto,
não significa inércia.
Define o estado íntimo
de quem se prepara, a
fim de fazer o melhor,
sejam quais forem as
circunstâncias.
Ora
trabalhando e espera
construindo.
E
convençamo-nos todos, em
todas as eventualidades,
de que o abrigo
invulnerável está sempre
em nós mesmos, quando
aceitamos a
responsabilidade de
viver com base na
justiça e na
misericórdia de Deus.
Do cap. 13 do livro
Diálogo dos Vivos,
obra de autoria de Chico
Xavier, J. Herculano
Pires e Espíritos
Diversos.
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