A. De que crime Annette
era acusada por Ermínio?
Ao serem surpreendidos
juntos, Ermínio disse
que não fugiu porque
contava com a ajuda
dela, que não lhe veio,
motivo pelo qual agora a
odiava sem remissão. Os
fatos foram depois
projetados numa tela
transparente e viu-se
claramente que Ermínio,
assim que Georges, o
esposo de Annette, bateu
à porta do quarto,
escondeu-se dentro de um
imenso armário de
roupas, móvel esse que
foi emparedado a mando
do chefe da casa, que
desconfiou que ali
estivesse alguém
escondido.
(Tramas do Destino, cap.
22, págs. 213 e 214.)
B. Quem, em verdade, foi
o responsável pela morte
do espanhol?
O responsável foi
Georges, açulado pela
desconfiança com relação
à mulher. “Há alguém
dentro do roupeiro?",
indagou Georges,
desconfiado. A mulher
disse-lhe que não,
jurando por Deus e pela
Bíblia. Ele, então,
chamou pela camareira,
ordenando-lhe que
trouxesse os pedreiros
do castelo, aos quais
determinou fosse
erguida uma parede ali
mesmo, à frente do
roupeiro. "Comecem já .
Eu espero aqui mesmo",
ordenou Georges. E assim
se fez, fato que foi
determinante para a
morte do amante.
(Obra citada, cap. 22,
págs. 215 e 216.)
C. Por que não podemos
olvidar, no tratamento
da obsessão, a figura do
obsessor?
Entidades enfermas, os
chamados obsessores são
nossos irmãos da
retaguarda ascensional,
que aguardam o socorro
da nossa benevolência e
a elucidação evangélica,
para refazerem-se
interiormente, mudando
os centros de interesse
pessoal para outras
direções. Afastá-los,
pura e simplesmente, sem
os orientar e socorrer
cristãmente, redundaria
em fracasso da empresa,
uma vez que a luz da
caridade e o pão do amor
são para todos,
encarnados ou não.
Ademais, não se pode
esquecer que o verdugo
frio e calculista assim
se encontra por causa
da pusilanimidade ou
imprevidência de sua
atual presa.
(Obra citada, cap. 23,
págs. 221 e 222.)
Texto para leitura
94. Uma tela
reproduz as cenas da
tragédia - No
momento em que Annette
mencionou o nome do
cavalariço Rondelet,
Gilberto, semilúcido,
pôs-se a balbuciar: "Rondelet?
Sim, eu sou Jean-Marie
de Rondelet..." Natércio
aproximou-se e,
procurando tranquilizar
o jovem, recomendou:
"Mantenha-se calmo...
Pense em Jesus e confie
com tranquilidade".
Artêmis e Hermelinda,
que a tudo assistiam,
estavam amarguradas. O
mentor espiritual,
então, socorreu-as,
esclarecendo que muitas
vezes é necessário
punçar o abscesso,
fazê-lo drenar, ceifar
as carnes apodrecidas,
para auxiliar na
cicatrização.
"Confiemos. Tudo está
sob controle e
interferiremos no
momento próprio...",
recomendou o dirigente.
Annette continuou a
dizer ao ex-esposo que
ninguém notara a falta
do cavalariço, sendo
atribuída sua morte à
embriaguez... No caso de
Ermínio, o jovem
espanhol, foi
diferente. "Ora, seria
a minha pela vida dele.
Tu não me perdoarias" –
disse ela a Georges, o
senhor de Dax –, "e eu
não suportaria a chacota
dos servos e do povo,
àquela altura da minha
vida. Se ao menos eu
fora jovem!... Demais,
eu já me cansava das
tuas carícias e
exploração..." Ermínio
confirmou tudo o que ela
disse, acrescentando que
sempre que o esposo saía
ela o chamava à sua
alcova. A princípio, ele
pensou apenas nas
vantagens, depois quase
a amou... Georges
perguntou-lhe então por
que, quando eles foram
surpreendidos juntos,
ele não fugiu, e Ermínio
confessou que contava
com a ajuda dela, que
não lhe veio, motivo
pelo qual agora a odiava
sem remissão. Seguiu-se
um grande silêncio. Os
litigantes, exauridos e
surpresos entre si com
as revelações,
refaziam-se para
prosseguir a peleja.
Natércio aproveitou
então a pausa e, bem
calmo, propôs-lhes:
"Repassemos os
acontecimentos daquela
noite, em ordem, sem
interrupções. Recordem".
Uma tela transparente,
de substância
evanescente, em estado
de condensação, adrede
colocada em lugar de
destaque, recebendo o
influxo mental dos
interessados na tragédia
em foco, passou a
registrar as cenas.
Via-se uma ampla alcova,
alcatifada, onde estavam
Annette e Ermínio.
Alguém bate à porta e
eles se assustam. O
rapaz se esconde dentro
de um imenso armário de
roupas, ao fundo da
recâmara. Quando ela
abre a porta, Georges
pergunta-lhe, com mau
humor, por que a demora,
e se dirige ao roupeiro
para guardar a valise
que carregava. Com o
semblante lívido,
Annette se interpõe
entre o esposo e o
móvel, pedindo, com
dificuldade: "Dá-me a
maleta... Eu a
guardarei..." O marido
estranha o
comportamento da
esposa: "Por que não
posso eu mesmo guardar
os meus objetos? Qual a
razão deste súbito zelo
por mim?" (Cap. 22,
págs. 213 e 214)
95. Ermínio foi
emparedado vivo
- Annette permaneceu
calada, mas, quando
Georges se dispôs a
abrir o roupeiro, ela,
tendo os olhos quase
fora das órbitas,
advertiu-o: "Não
prossigas. Se o fizeres
te arrependerás". As
cenas na tela eram vivas
e traduziam em cores
expressivas as emoções
das personagens. O
esposo então recuou e,
tentando acalmar-se,
perguntou-lhe por que
não podia ele mesmo
abrir o móvel. Annette
disse que é porque ela
não queria. "Muito bem,
atenderei. Há alguém
dentro do roupeiro?",
indagou Georges, já
desconfiado de toda
aquela encenação. A
mulher disse-lhe que
não, jurando por Deus e
pela santa Bíblia.
"Acredito", afirmou
Georges, e, numa atitude
fria, fatal, chamou pela
camareira,
ordenando-lhe que
trouxesse os pedreiros
do castelo, naquele
momento. Quando os
homens chegaram, ele
determinou fosse
erguida uma parede ali
mesmo, à frente do
roupeiro. "Comecem já .
Eu espero aqui mesmo",
ordenou Georges. E assim
se fez. Enquanto a noite
avançava, foi erguida a
parede-túmulo até o
teto, ante o olhar
esgazeado de Annette,
emudecida, sentada ao
lado do esposo. Ao
amanhecer, quando o
trabalho funesto estava
concluído, ele disse à
serva: "Durante os
próximos dias, eu e
minha esposa não
sairemos deste quarto,
fazendo as refeições
aqui mesmo. Estamos
ambos indispostos..."
Annette gritou,
blasfemou,
descontrolou-se,
enquanto Georges lhe
dizia: "Não vejo razão
para desespero,
querida. Eu já
detestava o móvel.
Compraremos outro e o
substituiremos..." As
cenas, nesse ponto,
esmaeceram, diluíram-se,
ouvindo-se então o
desabafo de Ermínio,
dirigindo-se a Annette:
"Como não a amaldiçoarei
para sempre?! Esta é
minha hora de
vingança..." Natércio
interrompeu-o:
"Enganas-te, irmão e
amigo", e contou-lhe
que, embora seus
pensamentos não fossem
retratados na tela, pôde
acompanhar suas
lembranças, nas quais
viu que ele receava por
um crime que praticara
em Roncesvalles, quando
matara uma donzela de
sua aldeia, que lhe
recusou
licenciosidade... Essa
fora a razão de sua ida
para Dax. Natércio
acrescentou: "Posso
acompanhar-te a fuga
pelos Pireneus,
atravessando o
desfiladeiro de Puerto
Ibaneta, tentando vencer
os escassos oito
quilômetros que te
facultavam entrar em
terras de França... Que
fizeste da tua vítima,
para atrever-te a falar
em inocência,
propondo-te justiça com
as próprias mãos?"
Ermínio, em pranto,
suplicou: "Não me
recordeis essa loucura.
A recordação dela me
infelicitou por algum
tempo, depois..." (Cap.
22, págs. 215 e 216)
96. Ermínio se
afasta de Lisandra
- Ermínio não completou
a frase, que Natércio
concluiu, dizendo:
"Depois te impuseste a
vilania de justiceiro.
Com que direito, se
através daquela
circunstância foste o
justiçado? Houvesses
perdoado de pronto e
outra seria a tua
situação. Os teus
algozes não estão
impunes e não ficarão
esquecidos. À tua
semelhança, expungirão
lentamente, sorvendo
toda a amargura que a ti
e a outros impuseram,
irresponsáveis.
Entrega-os a Deus e a
Deus te entrega, também.
Ajudar-te-emos a sair da
situação em que te
encontras e na qual
sofres sem consolo".
"Aproveita a dádiva da
oportunidade feliz ou se
dobrarão os séculos de
desdita sobre as tuas
desgraças atuais, cada
vez mais dilaceradoras,
até que sejas recambiado
à reencarnação
compulsória. Não dilates
a própria dor." Ermínio
interrogou, então: "E os
outros... as outras
vítimas? quem as
vingará ?" O Instrutor
respondeu: "A
consciência dos
culpados. Além disso, o
problema não é teu".
Ermínio pediu ajuda e
socorro, porque sofria
num inferno que não
cessava. Natércio,
paternalmente, o
confortou: "Dorme, filho
de Deus, dorme, meu
irmão, dorme..."
Lisandra e Rafael, ainda
com a aparência
ideoplástica de Annette
e Georges, não
conseguiram entender as
instruções dadas pelo
Mentor a Ermínio Lopez
e, quando Natércio deles
se aproximou, tiveram
medo: "Deixai-nos! Sois
o Anjo Celeste no dia do
Juízo Final?" "De
maneira alguma!",
respondeu-lhe o
Instrutor. "Sou vosso
irmão de lutas e provas,
tentando a ascensão com
Jesus-Cristo." E
propôs-lhes: "Temei o
erro e fugi das paixões
perniciosas, não da
consciência do bem. Dia
novo começará para vós
ambos. Muita urze,
ainda, pelo caminho a
recolher, porém luzem as
oportunidades de
ascensão, convidativas,
adiante, esperando,
chamando por vós. Agora,
repousai e esquecei o
que aqui se passou". Ato
contínuo, aplicou-lhes
energias anestesiantes,
lentamente, enquanto os
dois Espíritos,
consórcios no
matrimônio, no crime e
na redenção,
adormeceram. Adelaide
acolheu a neta. Cândido
e Genésio tomaram
Rafael. Em seguida,
Natércio e Dr. Armando
Passos acercaram-se de
Lisandra, já na sua
forma atual. Apontando o
encéfalo da enferma, o
Mentor explicou:
"Apesar de havermos
separado Ermínio, que
rumará noutra trilha, a
partir deste momento
passaremos a remover os
fulcros da obsessão,
imantados ao
perispírito de
Lisandra.
Considerando-se, porém,
as próprias fixações
advindas do
inconsciente, em razão
dos débitos que ocultou,
a psicose
maníaco-depressiva
exigirá tratamento
especializado, em Casa
de Saúde própria. Além
do mais, é imperioso
termos em vista que a
constante, demorada
indução hipnótica
exercida por Ermínio
contra ela, a
intoxicação produzida
pelos seus fluidos
deletérios, a quase
simbiose psíquica,
perturbaram o equilíbrio
da delicada tecelagem
mental". Em face disso,
o internamento para o
tratamento próprio
fazia-se inadiável,
acrescentou o Instrutor,
e Dr. Armando, que não
ocultava o júbilo,
concordou plenamente.
(Cap. 22, págs. 217 a
219)
97. O porquê da
vampirização espiritual
- Logo após os socorros
ministrados a Ermínio
Lopez, foram tomadas
providências especiais
para auxiliar Lisandra
no processo depurador.
Devido aos seus atos
levianos do passado, não
era Ermínio o único
comensal junto à sua
organização
fisiopsíquica. Tendo os
centros da emotividade
seriamente desconectados
e os registros da
memória inconsciente em
desgoverno, ela se
entregava fácil ao
comando direto dos
adversários
desencarnados que a
exploravam. A
vampirização espiritual
se desenvolvia, pois,
dominadora, minando as
defesas mentais e
orgânicas da enferma,
numa problemática
destrutiva, com que suas
vítimas do pretérito se
vingavam dos
padecimentos sofridos.
Ocorre que, obsidiando
Lisandra, as Entidades
passavam a depender dos
seus fluidos, que lhes
eram tonificadores, a
fim de prosseguirem
fruindo as sensações do
tônus físico. Como se
lhe diminuíssem as
resistências, o grupo
infeliz responsável pela
parasitose espiritual
passara a lutar entre
si, a disputar, na
simbiose obsessiva, as
fracas e escassas
reservas de energias da
paciente desequilibrada.
Inicialmente, eles se
mancomunaram para a
agressão em que se
empenhavam. Depois,
vendo a predominância
de Ermínio, passaram à
disputa entre si,
rancorosos e
prepotentes,
estabelecendo no campo
mental da jovem
verdadeiro sítio de
malsinada batalha. Nos
processos obsessivos
graves, os perturbadores
absorvem alimento com
que sustentam as débeis
forças em desalinho.
Assim, a vítima se lhes
transforma também em
fonte de vitalidade, de
que não se conseguem
apartar com facilidade.
Não podemos, pois,
olvidar, no tratamento
da obsessão, as
necessidades em que se
debatem os obsessores.
Entidades enfermas são
nossos irmãos da
retaguarda ascensional,
que aguardam o socorro
da nossa benevolência e
a elucidação evangélica,
para refazerem-se
interiormente, mudando
os centros de interesse
pessoal para outras
direções. Afastá-los,
pura e simplesmente, sem
os orientar e socorrer
cristãmente, redundaria
em fracasso da empresa,
uma vez que a luz da
caridade e o pão do amor
são para todos,
encarnados ou não.
Outrossim, não se pode
esquecer que o verdugo
frio e calculista assim
se encontra por causa
da pusilanimidade ou
imprevidência de sua
atual presa... (Cap. 23,
págs. 221 e 222)
(Continua no próximo
número.)