MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Evolução em Dois Mundos
André Luiz
(Parte
31)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Evolução em Dois Mundos,
de André Luiz,
psicografada pelos médiuns
Waldo Vieira e
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1959 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Antes de ler as questões
e o texto indicado para
leitura, sugerimos ao
leitor que veja,
primeiro, as notas
constantes do glossário
pertinente ao estudo
desta semana.
Questões preliminares
A. Por que, assim que a
criatura passou a
produzir pensamento
contínuo, o sono
adquiriu uma importância
até então ignorada?
O motivo é que, usado
instintivamente pelo
elemento espiritual,
como recurso reparador,
no refazimento das
células em serviço,
semelhante estado
fisiológico carreou
novas possibilidades de
realização para quantos
se consagrassem ao
trabalho mais amplo de
desejar e mentalizar.
Ansiando livrar-se da
fadiga física, após
determinada quota de
tempo no esforço da
vigília diária e, por
isso mesmo, entregue ao
relaxamento muscular, o
homem operante e
indagador adormecia com
a ideia fixada a
serviços de sua
predileção. Amadurecido
para pensar e lançando
de si a substância de
seus propósitos mais
íntimos, ensaiou, pouco
a pouco, o
desprendimento parcial
do corpo sutil, durante
o sono, desenfaixando-o
do veículo de matéria
mais densa, embora
sustentando-o, ligado a
ele, por laços
fluídico-magnéticos.
(Evolução em dois
Mundos, 1a
Parte, cap. XVII, pp.
131 e 132.)
B. É verdade que nessa
fase primária do
desenvolvimento, assim
que adormecia, a
criatura retornava ao
ambiente de seus
interesses terrestres?
Sim. Nessa fase, o
Espírito, uma vez
desprendido do corpo
físico, encontrava-se ao
pé dos objetos que lhe
interessavam. Assim é
que o lavrador, no
repouso físico,
retornava, em corpo
espiritual, ao campo em
que semeava, entrando em
contato com as entidades
que amparam a Natureza;
o caçador voltava para a
floresta; o escultor
regressava ao bloco de
mármore em que
trabalhava, e assim por
diante.
(Evolução em dois
Mundos, 1a
Parte, cap. XVII, pp.
134 e 135.)
C. Quanto menos densos
os elos de ligação entre
os implementos físicos e
os espirituais, mais
amplas são as
possibilidades na
clarividência?
Sim. E o mesmo se dá com
relação à clariaudiência
e às demais modalidades
de intercâmbio entre o
plano material e o plano
espiritual.
(Evolução em dois
Mundos, 1a
Parte, cap. XVII, pp.
134 e 135.)
Texto para leitura
121. Sono e
desprendimento -
Releva, porém, assinalar
que, em se iniciando a
criatura na produção do
pensamento contínuo, o
sono adquiriu para ela
uma importância que a
consciência em processo
evolutivo, até aí, não
conhecera. Usado
instintivamente pelo
elemento espiritual,
como recurso reparador,
no refazimento das
células em serviço,
semelhante estado
fisiológico carreou
novas possibilidades de
realização para quantos
se consagrassem ao
trabalho mais amplo de
desejar e mentalizar.
Ansiando livrar-se da
fadiga física, após
determinada quota de
tempo no esforço da
vigília diária e, por
isso mesmo, entregue ao
relaxamento muscular, o
homem operante e
indagador adormecia com
a ideia fixada a
serviços de sua
predileção. Amadurecido
para pensar e lançando
de si a substância de
seus propósitos mais
íntimos, ensaiou, pouco
a pouco, tal como
aprendera,
vagarosamente, o
desprendimento
definitivo nas operações
da morte, o
desprendimento parcial
do corpo sutil, durante
o sono, desenfaixando-o
do veículo de matéria
mais densa, embora
sustentando-o, ligado a
ele, por laços
fluídico-magnéticos, a
se dilatarem levemente
dos plexos e, com mais
segurança, da fossa
romboide. Encetado o
processo de sonolência,
com as reações motoras
empobrecidas e impondo
mecanicamente a si mesma
o descanso temporário,
no auxílio às células
fatigadas de tensão,
isto desde as eras
remotas em que o
pensamento se lhe
articulou com fluência e
continuidade, permanece
a mente, através do
corpo espiritual, na
maioria das vezes,
justaposta ao veículo
físico, à guisa de um
cavaleiro que repousa ao
pé do animal de que
necessita para a
travessia de grande
região, em complicada
viagem, dando-lhe ensejo
à recuperação e
pastagem, enquanto ele
se recolhe ao próprio
íntimo, ensimesmando-se
para refletir ou
imaginar, de
conformidade com seus
problemas e
inquietações,
necessidades e desejos.
(Evolução em dois
Mundos, 1a
Parte, cap. XVII, pp.
131 e 132.)
122. Aspectos do
desprendimento -
Aliviando o controle
sobre as células que a
servem no corpo carnal,
a mente se volta, no
sono, para o refúgio de
si mesma, plasmando na
onda constante de suas
próprias ideias as
imagens com que se
compraz nos sonhos
agradáveis em que saca
da memória a essência de
seus próprios desejos,
retemperando-se na
antecipada contemplação
dos painéis ou situações
que almeja concretizar.
Para isso, mobiliza os
recursos do núcleo da
visão superior, no
diencéfalo, de vez que
aí as qualidades
essencialmente óticas do
centro coronário lhe
acalentam no silêncio do
desnervamento
transitório todos os
pensamentos que lhe
emergem do seio. Noutras
ocasiões, no mesmo
estado de insulamento
recolhe, no curso do
sono, os resultados de
seus próprios excessos,
padecendo a inquietação
das vísceras ou dos
nervos injuriados pela
sua rendição à
licenciosidade, quando
não seja o asfixiante
pesar do remorso por
faltas cometidas, cujos
reflexos absorve do
arquivo em que se lhe
amontoam as próprias
lembranças. Numa e
noutra condição, é a
mente suscetível à
influenciação dos
desencarnados que,
evoluídos ou não, lhe
visitam o ser, atraídos
pelos quadros que se lhe
filtram da aura,
ofertando-lhe auxílio
eficiente quando se
mostre inclinada à
ascensão de ordem moral,
ou sugando-lhe as
energias e
assoprando-lhe sugestões
infelizes quando, pela
própria ociosidade ou
intenção maligna, adere
ao consórcio psíquico de
espécie aviltante, que
lhe favorece a
estagnação na preguiça
ou a envolve nas
obsessões viciosas pelas
quais se entrega a
temíveis contratos com
as forças sombrias. Mas
dessa posição de
espectador à função de
agente existe apenas um
passo. O pensamento
contínuo em fluxo
insopitável desloca-lhe
a organização celular
perispiritual, à maneira
do córrego que em sua
passagem desarticula da
gleba em que desliza
todo um rosário de
seixos. E assim como os
seixos soltos seguem a
direção da corrente,
lapidando-se no curso
dos dias, o corpo
espiritual acompanha, de
início, o impulso da
corrente mental que por
ele extravasa,
conscienciando-se muito
vagarosamente no sono,
que lhe propicia
meia-libertação.
(Evolução em dois
Mundos, 1a
Parte, cap. XVII, pp.
132 a 134.)
123. Mediunidade
espontânea - Nessa
fase primária de novo
desenvolvimento,
encontra-se, como é
natural, ao pé dos
objetos que lhe tomam o
interesse. É assim que o
lavrador, no repouso
físico, retorna, em
corpo espiritual, ao
campo em que semeia,
entrando em contato com
as entidades que amparam
a Natureza; o caçador
volta para a floresta; o
escultor regressa,
frequentemente, no sono,
ao bloco de mármore em
que trabalha; o seareiro
do bem volve à leira de
serviço em que se lhe
desdobra a virtude, e o
culpado torna ao local
do crime, cada qual
recebendo de Espíritos
afins os estímulos
elevados ou degradantes
de que se fazem
merecedores.
Consolidadas semelhantes
relações com o Plano
Espiritual, por
intermédio da hipnose
comum, começaram na
Terra os movimentos da
mediunidade espontânea,
porquanto os encarnados
que demonstrassem
capacidades mediúnicas
mais evidentes, pela
comunhão menos estreita
entre as células do
corpo físico e do corpo
espiritual, em certas
regiões do campo
somático, passaram das
observações durante o
sono às observações da
vigília, a princípio
fragmentárias, mas
acentuáveis com o tempo,
conforme os graus de
cultura a que fossem
expostos. Quanto menos
densos os elos de
ligação entre os
implementos físicos e
espirituais, nos órgãos
da visão, mais amplas as
possibilidades na
clarividência,
prevalecendo as mesmas
normas para a
clariaudiência e para
modalidades outras, no
intercâmbio entre as
duas esferas, inclusive
as peculiaridades da
materialização, pelas
quais os recursos
periféricos do
citoplasma, a se
condensarem no
ectoplasma da definição
científica vulgar, se
exteriorizam do corpo
carnal do médium, na
conjugação com as forças
circulantes do ambiente,
para a efêmera
constituição de formas
diversas. Desde então,
iniciou-se o correio
entre o plano físico e o
plano extrafísico, mas,
porque a ignorância
embotasse ainda a mente
humana, os médiuns
primitivos nada mais
puderam realizar que a
fascinação recíproca, ou
magia elementar, em que
os desencarnados
igualmente inferiores
eram aproveitados, por
via hipnótica, na
execução de atividades
materialonas, sem
qualquer alicerce na
sublimação pessoal.
(Evolução em dois
Mundos, 1a
Parte, cap. XVII, pp.
134 e 135.)
124. Formação da
mitologia - Apareceu
então a goecia ou magia
negra, à qual as
Inteligências Superiores
opuseram a religião por
magia divina,
encetando-se a formação
da mitologia em todos os
setores da vida tribal.
Numes familiares,
interessados em
favorecer as tarefas
edificantes para
levantar a vida humana a
nível mais nobre, foram
categorizados à conta de
deuses, em diversas
faixas da Natureza e,
realmente, através dos
instrumentos humanos
mobilizáveis, esses
gênios tutelares
incentivaram, por todas
as formas possíveis, o
progresso da agricultura
e do pastoreio, das
indústrias e das artes.
A luta entre os
Espíritos retardados na
sombra e os aspirantes
da luz encontrou seguro
apoio nas almas
encarnadas que lhes eram
irmãs. Desde essas eras
recuadas, empenharam-se
o bem e o mal em
tremendo conflito que
ainda está muito longe
de terminar, com bases
na mediunidade
consciente ou
inconsciente, técnica ou
empírica. (Evolução
em dois Mundos, 1a
Parte, cap. XVII, pág.
135.)
Glossário:
Célula:
a menor unidade de
função e de organização,
nos seres vivos, que
apresenta todas as
características de vida.
Centro Coronário:
centro de força vital,
no perispírito,
relacionado com a
epífise (glândula
pineal), no corpo
físico; supervisiona
todos os demais centros
de força vital, porque
recebe em primeiro lugar
os estímulos do
espírito.
Citoplasma:
o protoplasma, massa
formadora da célula,
excluído o núcleo.
Corpo Espiritual:
o perispírito,
psicossoma.
Corpo Vital:
para algumas escolas
espiritualistas, o corpo
vital é constituído por
átomos de matéria sutil
(etérea), sendo
denominado corpo vital
por ser a fonte das
forças nervosas
eletrovitais, e,
portanto, o construtor e
restaurador das formas
densas, interpenetrando
todo o corpo físico.
Desnervamento:
afrouxamento ou
abrandamento da ação
nervosa.
Diencéfalo:
parte do cérebro situada
entre o prosencéfalo
(porção anterior do
cérebro) e o mesencéfalo
(porção mediana do
cérebro).
Ectoplasma:
na definição científica
vulgar, era a
denominação da parte
periférica (camada
exterior) do citoplasma.
Atualmente o ectoplasma
(ou membrana plasmática)
é considerado como sendo
formado por duas camadas
de proteínas, separadas
por fosfolipídios
(substâncias gordurosas
ricas em fósforo).
Eletromagnético:
que apresenta o efeito
da interação entre carga
elétrica e campo
magnético.
Fluídico-magnético:
referente ao elemento
fluídico com propriedade
magnética.
Fossa Romboide:
soalho do quarto
ventrículo cerebral, que
se localiza na parte
posterior do cérebro. Os
ventrículos cerebrais,
em número de quatro,
constituem um sistema de
cavidades comunicantes,
no âmago do cérebro, que
estão ligadas com o
canal central da medula
espinhal que contêm um
fluido seroso (aparência
de soro).
Goecia:
magia, feitiçaria.
Halo Energético:
halo formado em torno do
corpo dos seres vivos
pelas radiações
exteriorizadas em forma
de energia.
Insulamento:
efeito de isolar-se.
Materialona:
feminino de materialão.
Significa: que ou aquele
que é grosseiramente
materialista; brutal,
bestial.
Mitologia:
conjunto de mitos sobre
a origem e história de
um povo, suas
divindades, antepassados
e heróis; história
fabulosa dos deuses,
semideuses e heróis da
Antiguidade
greco-romana; os mitos e
histórias fabulosas que
fundamentaram as
religiões politeístas.
Nume:
deidade; divindade
mitológica; gênio.
Onda:
forma de propagação da
energia produzida por um
movimento periódico
(vibração ou oscilação)
num meio elástico, pelo
qual cada molécula sofre
uma mudança de posição
ao redor de sua posição
de equilíbrio.
Pensamento Contínuo:
pensamento constante,
ininterrupto, que
caracteriza a capacidade
mental do homem, em
oposição ao pensamento
fragmentário
(descontínuo), próprio
dos animais irracionais.
Plasmar:
dar forma a algo.
Plexo:
entrelaçamento de
ramificações nervosas,
cuja localização, no
corpo físico, se
relaciona com a
localização dos centros
vitais, no perispírito.
Radiação:
emissão de raios
portadores de energia.
Reação Motora:
resposta produzida pelas
células nervosas motoras
a um estímulo nervoso.
Seixo:
pedra arredondada pelo
desgaste, encontrada
comumente em leito de
rios e em terras
sedimentares de origem
fluvial ou lacustre.
Somático:
referente ao corpo
físico.
Transfundir:
difundir; transformar.
Vibração:
movimento das partículas
elementares da matéria,
determinando a sua
contextura, ou
resultando na propagação
de uma energia.
Nota:
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Mundos,
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