A. Qual é, na tarefa
socorrista, a função do
médium passista?
No conjunto dos
cooperadores encarnados,
o médium passista,
disciplinado e
vigilante, pode ser
comparado a um
interruptor que aciona
a passagem de forças,
através das suas
próprias
potencialidades,
funcionando entre os
desencarnados e os
portadores de quaisquer
distúrbios. Ao filtrar
as energias procedentes
do plano espiritual,
ele as transmite
carregadas das forças
pessoais, mais
facilmente assimiláveis
pelos necessitados, em
função do estágio na
conjuntura fisiológica.
Verdadeiro transreceptor,
é-lhe indispensável
gerar energias puras,
salutares, de que os
Espíritos se utilizam
para os complexos
misteres de restauração
de perispíritos enfermos
e organizações somáticas
lesadas. É que, por mais
alto potencial curador
disponha o homem, se
este não se vincula aos
labores da santificação
e não se engrandece
interiormente, mediante
a vivência do
Cristianismo em sua
pureza, torna-se
detentor de graves
recursos destrutivos,
que são utilizados por
mentes infelizes e
impiedosas com as quais
sintoniza por processos
especiais de
identificação de
propósitos, de
inconsciência e
irresponsabilidade, que
passam a comandá-lo em
dominação perniciosa.
Cada criatura emite as
vibrações que lhe são
próprias, cabendo-lhe o
dever inadiável de
aprimorar tais energias,
colocando-se a serviço
do bem operante. Para
isso, são indispensáveis
o conhecimento e a
vivência do Evangelho de
Jesus em toda a sua
eloquência.
(Tramas do Destino, cap.
23, págs. 228 a 230.)
B. Qual o objetivo do
"Grupo do Otimismo"
criado por Rafael
Ferguson?
O Grupo do Otimismo
objetivava ser um tipo
de Clube Social
diferente, dedicado à
recreação mental e aos
estímulos morais. A
ideia recebeu ótimo
acolhimento dos
administradores da
Colônia, que se
movimentaram em apoio da
realização.
(Obra citada, cap. 24,
págs. 231 a 233.)
C. Quem foi no passado a
enfermeira Lisabete?
Lisabete foi Rose, a
camareira fiel de
Annette (hoje, Lisandra)
nos tempos da França.
Ninguém se afeiçoa ou
detesta a alguém sem que
volva a reencontrá-lo
adiante, na esteira do
tempo, na estrada da
vida.
(Obra citada, cap. 24,
págs. 238 a 240.)
Texto para leitura
102. Rafael cria o
"Grupo do Otimismo"
- Sem a constrição
obsidente de Jules,
Rafael experimentou
significativas melhoras.
Sua mente atribulada,
submetida agora às
reflexões espirituais,
passou a reagir com mais
ampla lucidez. Ele
passava horas lendo e
anotando n'alma a
Revelação Espírita, e
sua fé revelou-se de
forma eficiente, com a
dignificação dos
sentimentos. Embora as
amputações não lhe
permitissem a realização
de serviços, ele
compreendia que a
laborterapia não apenas
lhe renovava as
disposições íntimas, mas
lhe facultava ser útil à
comunidade onde vivia.
Assim, com esforço,
cultivando as ideias
positivas, impôs-se
algum tempo diário a
visitar os mais
infelizes e oferecer-se
ao Diretor para
cooperar em qualquer
mister junto aos
companheiros. Sua nova
conduta não permaneceu
despercebida,
especialmente quando
começou a movimentar-se
para criar o que
denominou "Grupo do
Otimismo", que
objetivava ser um tipo
de Clube Social
diferente, dedicado à
recreação mental e aos
estímulos morais,
iniciando-se a criação,
também, de uma
Biblioteca. A ideia
recebeu ótimo
acolhimento dos
administradores da
Colônia, que se
movimentaram em apoio da
realização. Pouco a
pouco a saúde física
foi-lhe voltando, o que
era saudado
auspiciosamente por
Cândido, pelos
familiares e por seu
médico. No lar, o estado
de Lisandra apresentava
contradições
perturbadoras. De
início, resolveu não
frequentar a Casa
Espírita. Depois,
aquinhoada pelos passes
ministrados por Cândido
e, às vezes, por
Epifânia, ela já não
padecia das violentas
crises epilépticas. O
afastamento de Ermínio
Lopes e dos outros
obsessores redundou em
significativa melhora.
Se isso não ocorresse,
a jovem ficaria exaurida
antes do tempo natural
previsto para a sua
desencarnação. A menina
louçã perdera a beleza
da infância e chegou à
idade adulta marcada
pelos desaires íntimos.
Insculpiam-se-lhe na
face, no corpo, os atos
pretéritos, que a
afeavam,
dificultando-lhe uma
exteriorização psíquica
que cativasse pela
simpatia. Embora não
mais reagisse contra
Cândido e sentisse com a
presença de Epifânia um
inefável bem-estar,
Lisandra tinha ainda a
mente desarmonizada em
si mesma, denotando a
presença de distúrbios
ameaçadores. Os estados
primitivos de
agressividade ou
descontrole não mais se
repetiram, mas a
psicose, que se
agravava, impedindo-a de
conviver com os outros,
fazia-a refugiar-se em
sombras, ou verter
copioso e contínuo
pranto. (Cap. 24, págs.
231 a 233)
103. Decidida a
internação de Lisandra
- Nada retirava a jovem
desses estados
depressivos, e o médico,
receando a perda total
da razão, aconselhou
seu internamento.
Convidada por Epifânia a
participar, ao menos uma
vez por semana, dos
trabalhos doutrinários,
a jovem aquiesceu. As
palestras melhoraram seu
mundo íntimo, embora
tivesse dificuldade em
reter o conteúdo e
meditá-lo. A vontade
submetida por longo
tempo, sem a
autodisciplina
desejável, não respondia
como de esperar,
fazendo-a retroceder à
posição primitiva.
Artêmis notificou ao
esposo as perspectivas
sombrias que pesavam
sobre a filha, que se
curara da hanseníase,
mas não tivera o mesmo
sucesso no problema
psíquico. Rafael reagiu
conforme os padrões da
fé augusta que o
libertara das paixões
belicosas. Sofria, mas
confiava no futuro,
entregando-se e
recomendando os seus à
Divindade. Sugeriu
então à esposa que,
antes de uma decisão
sobre a filha,
procurasse aconselhar-se
com os Amigos
Espirituais, consultando
Epifânia. Esta, logo
que procurada por
Artêmis, traduziu o
pensamento do Mentor
Natércio, mediante
audiência lúcida:
"Nosso Amigo indica o
internamento de
Lisandra como de
resultado salutar, por
cujo meio recuperará o
equilíbrio da razão.
Naturalmente, isto não
significará uma
liberação dos
compromissos cármicos a
que todos nos
encontramos submetidos.
Todavia, a reconquista
da saúde mental
fortalecê-la-á para
outros embates com
redobradas energias...
Reconhece que isto lhes
custará a todos um
imenso contributo de
renúncia, porquanto ele
próprio recomendaria o
internamento num
Sanatório Espírita, onde
receberia o tratamento
especializado, a par de
constante assistência
espiritual. O futuro,
que pertence ao Senhor,
dirá do acerto da
providência,
acreditando, mesmo, que
a medida não deve ser
protelada". A genitora
da jovem não pôde conter
a dor. O afastamento da
filha esfacelava-lhe a
alma e valia por
tormentoso exílio; mas
ela não se rebelou,
porque sabia que a
medida resultaria em
benefício de sua amada.
"Não se aflija
demasiadamente", disse
Epifânia, traduzindo o
pensamento de Natércio.
"O amor nunca se aparta.
A ausência da presença
física será compensada
pela certeza da alegria
e da renovação que a
paciente fruir ." E o
Instrutor informou que
em breve Rafael voltaria
ao lar, compensando com
sua presença a ausência
da filha. No momento,
seria conveniente que
eles não compartissem o
mesmo teto.
Reminiscências não
definidas na mente da
jovem poderiam conduzir
a um imprevisível
resultado. (Cap. 24,
págs. 233 e 234)
104. Lisandra
segue para um Hospital
Espírita -
Reconhecida, Artêmis
agradeceu e rogou a
ajuda de Natércio para o
cometimento futuro, bem
como a sua inspiração
para o prosseguimento
do dever. Hermelinda,
presente à palestra,
não escondia também sua
pungente amargura ante o
testemunho vigoroso,
mas, como Artêmis, não
se queixava, por
compreender a
necessidade da reparação
imposta. Epifânia, na
sequência do encontro,
perguntou a Artêmis, de
forma delicada, quais
eram as suas
possibilidades
financeiras para a
internação da filha. A
senhora meditou um pouco
e revelou que a família
não dispunha de
recursos para esse
empreendimento, que,
além de muito caro,
seria de demorado curso,
não lhe sendo possível
também recorrer a seus
irmãos, que no momento
lutavam com dificuldades
no tratamento do pai.
Epifânia ofereceu-se
então para ajudar. Se
ela concordasse,
escreveria para
conhecido Diretor de um
Nosocômio Espírita, com
quem mantinha laços de
mútua estima e que, com
certeza, solucionaria a
dificuldade. Assim foi
feito. Transcorrido
algum tempo, veio a
resposta do Diretor do
Hospital Espírita, que
colocava à disposição
da paciente as
possibilidades de sua
Casa. Artêmis foi logo
avisada, iniciando-se
os preparativos da
viagem. Gilberto
acompanharia a irmã,
seguindo em aeronave,
autorizados por Dr.
Armando, que
facilitaria o
transporte de Lisandra,
aplicando-lhe um
sedativo. Por essa
época, Gilberto tinha
acusado expressiva
melhora. A luz da fé
ajudava-o a entender e
apiedar-se da irmã
sofredora, aproximando-o
da mesma e fazendo que
vencesse a mórbida
indiferença, que por
pouco não se
transformara em
aversão. Ele podia
contar também com o
apoio da doce e meiga
Tamíris, fervorosa
espiritista que amava a
Doutrina e se dedicava à
obra de socorro aos
sofredores com acendrado
carinho. (Cap. 24, págs.
235 a 237)
105. Lisandra é
carinhosamente recebida
- Tamíris e Gilberto
acalentavam o mesmo
ideal e aliaram-se para
o serviço da caridade,
mantendo os vínculos do
afeto que pretendiam
selar, futuramente, com
o matrimônio,
objetivando as tarefas
espiritistas que
almejavam manter e
desdobrar. Gilberto já
havia narrado à futura
noiva os dramas de saúde
no seu lar, evitando
negar-lhe o testemunho
da lealdade e da
confiança, recebendo
dela perfeita
compreensão, em sólida
argumentação e consolo
vazados nos conceitos
espíritas. Artêmis e
Hermelinda receberam a
jovem na condição de
filha das suas almas,
presente dos céus, como
compensação às suas
lutas e acerbas dores.
Lisandra seguiu viagem,
na companhia de
Gilberto. No local do
destino, estava sendo
aguardada pelo Diretor
do Hospital e sua filha
Lisabete, enfermeira
diplomada que se
entregara a cuidar dos
atormentados da razão.
Espírita dedicada,
Lisabete sentiu imensa
afinidade por Lisandra,
que passou a receber
desde aquele momento sua
devotada e terna
assistência. O carinho
espontâneo e o interesse
cristão demonstrado
pelos administradores da
Casa, particularmente
por Lisabete, cativaram
Gilberto, que, após
conhecer a Instituição
e assistir a irmã nos
primeiros dias,
retornou, encantado,
traduzindo à família
tudo quanto observara e
sentira. "Lisandra está
no lar – referiu-se
jubiloso –,
prosseguimento do nosso,
mais eficazmente
atendida. Receberá
passes, usará água
fluidificada e
participará das
reuniões que ali se
efetuam, destinadas aos
pacientes que podem
usufruir os resultados
advindos da palavra
iluminada e das lições
do Evangelho." Todos
ficaram muito contentes
com as notícias
confortadoras e Epifânia
alegrou-se, com justas
razões, porque não
ignorava o poder da
mensagem espírita,
quando penetra os homens
e os aciona no bem.
(Cap. 24, págs. 237 e
238)
106. Annette e
Rose se reencontram
- Psiquicamente,
Epifânia estava
informada da excelência
dos métodos aplicados
naquele verdadeiro
Templo da Saúde e do
refazimento, tendo em
vista as qualidades
morais e espirituais de
seus administradores e
trabalhadores abnegados,
conduzidos pela
necessidade de vivência
da Doutrina, antes que
levados pelos escusos
interesses de auferir
lucro pessoal ou de
transformar a Entidade
numa Sociedade a mais,
disputando recursos e
açodada pelas ambições
argentárias. Ali se
pensava primeiro no
paciente, nas suas
necessidades
imperiosas, no socorro
que poderia ser
dispensado à sua
família, para depois se
examinarem as
possibilidades
econômicas. E o
argumento de que se
precisava de dinheiro
para a manutenção, como
é lógico, e disso se
fazem justificativas
para negar-se a
assistência gratuita ou,
pelo menos, acessível a
bolsas de poucos
recursos, não tinha
nenhuma expressão,
porque o Senhor a tudo
previa, provendo com os
meios abundantes para a
manutenção do programa,
a ampliação de obras e a
conservação dos
compromissos e das
construções.
Amenizava-se, assim, a
expiação da família
Ferguson. Rafael,
passados os choques
iniciais e informado de
como a filha se
encontrava, estrugiu em
inesperada satisfação,
reconhecido à
interferência de
Natércio, de Epifânia e
do Dr. Armando, que
pensara na providência,
e principalmente à
misericórdia divina que
de ninguém esquece e
soluciona com sabedoria
os mais complexos
problemas, quando se
sabe confiar, aguardar e
obedecer... Três semanas
depois após a sua
internação, chegaram as
primeiras notícias de
Lisandra: um delicado
cartão colorido, de
próprio punho, dirigido
à mãe e aos familiares,
envolto em saudades e
gratidões, pedindo que
tranquilizassem o pai...
Uma carta de Lisabete,
carinhosa, dava conta de
toda a ocorrência e do
interesse de seu pai
quanto dela mesma, no
sentido de se
responsabilizarem pela
paciente. Que os
Fergusons não se
preocupassem com
qualquer coisa,
escudando-se confiantes
nos augustos mananciais
do socorro divino!
"Lisandra é-nos alma
querida que volta",
anotou a missivista. De
fato, Lisandra era de
Lisabete alma conhecida
e afetivamente bem
recebida. Era Annette
que voltava ao carinho
de Rose, sua camareira
fiel nos tempos da
França, dela recebendo
assistência, amizade e a
ela retribuindo o
respeito e a confiança
que lhe haviam sido
ofertados. Ninguém se
afeiçoa ou detesta a
alguém sem que volva a
reencontrá-lo adiante,
na esteira do tempo, na
estrada da vida. (Cap.
24, págs. 238 a 240)
(Continua no próximo
número.)