MARCUS
DE MARIO
marcusdemario@gmail.com
Rio de
Janeiro,
RJ
(Brasil)
Estudar nunca é demais
Em reunião de
planejamento das
atividades do Centro
Espírita, debatia-se o
que fazer em data
comemorativa, quando
surgiu a ideia de
realização de um evento
com interação entre os
participantes,
levantamento de dúvidas
sobre determinado tema,
e um painel com
expositores convidados
para fazer os
esclarecimentos
necessários, ou seja,
seria um seminário
dinâmico e enriquecedor.
Foi então que o
dirigente contrapôs: “Já
estudamos tanto aqui em
nossa casa, que, se é
para fazer um evento
doutrinário, é melhor
simplesmente dar
continuidade à
programação de estudos”,
e assim propôs a
realização de um evento
mais festivo, o que foi,
afinal, aceito. Mas,
perguntamos, será que
estudamos tanto assim no
Centro Espírita? E o
estudo da doutrina
espírita não é o mais
importante?
Há vários anos estamos à
frente de grupos de
estudo da doutrina
espírita, o chamado
estudo sistematizado, e,
embora sempre
incentivando, motivando,
dinamizando a prática de
ensino, verificamos que
apenas uma pequena
parcela dos espíritas
realmente estuda, pois
invariavelmente apenas
10% a 15% confessam ter
lido sobre o tema, ou o
capítulo específico do
livro, durante a semana
que antecede o estudo. É
por esse motivo que
continuamos a encontrar
no centro espírita
conceitos errôneos e
práticas divergentes do
Espiritismo.
Quando se fala em
leitura espírita é fácil
constatar que a maioria
prefere os romances,
principalmente os
mediúnicos, de origem
espiritual. Nada contra
os romances, mas existe
muita água com açúcar,
além de obras com
flagrantes erros
doutrinários, e que as
pessoas simplesmente não
detectam. Isso acontece
porque não gostam de
estudar, não querem
estudar, abdicando do
uso da razão, do
raciocínio, do pensar,
que somente o estudo
sério, metódico e
profundo pode propiciar.
Perder oportunidade de
aprofundamento com a
realização de debate,
seminário, pinga-fogo e
outras atividades
semelhantes, com a
desculpa de que já
estudamos muito no
centro espírita, é tapar
o sol com a peneira, é
manter a cegueira
generalizada.
Não somos contra eventos
festivos e
confraternativos, mas
estes não podem se
sobrepor ao estudo
doutrinário. E temos que
tomar cuidado na
inserção de músicas e
atividades que podem
servir muito bem em
outros ambientes, mas
que não são
necessariamente
adequados ao ambiente do
centro espírita, ao
ponto de se
desconsiderar a imensa
gama de conteúdo da
literatura espírita, das
informações espirituais
que nos chamam a atenção
sobre o que fazemos da
vida e da própria casa
espírita.
Estudar o Espiritismo
nunca é demais,
entendendo que o estudo
doutrinário não é
sinônimo de rostos
fechados aparentando
seriedade, nem falta de
conversação por
imposição de silêncio. A
atmosfera do centro
espírita deve refletir
alegria saudável,
companheirismo
espontâneo, afetividade
sincera, inclusive nos
grupos de estudo, o que
deve acontecer o tempo
todo.
É natural que o centro
espírita tenha as suas
datas comemorativas, mas
centro espírita não é
clube festivo, onde
atividades lúdicas,
música e outras coisas
do gênero sejam
prioridade. Podem, e
devem, ser complementos
com utilização adequada,
mas não o principal.
Descuidar do estudo
doutrinário e da
educação espírita, ou
não aproveitar todas as
ocasiões para trabalhar
seu aprofundamento, é
comprometer o objetivo
maior do Espiritismo, ou
seja, a transformação
moral da humanidade,
como tão bem elucidado
por Allan Kardec a
partir das informações
prestadas pelos
Espíritos Superiores. É
assim que um todo deve
ser formado pelas
reuniões públicas de
palestra, pelos grupos
de estudo, pelos eventos
outros doutrinários
(seminários etc.) e pela
educação espírita da
criança e do jovem,
prioridades do centro
espírita.
Equivoca-se quem pensa
que basta ao centro
espírita uma reunião
pública semanal, um
estudo do evangelho e o
restante das atividades
dedicadas a:
mediunidade, tratamento
espiritual e serviço
assistencial. Também
incide em engano quem
mantém rifas, festas
juninas, shows e outros
eventos da espécie
dentro das dependências
do centro espírita, a
pretexto de angariar
recursos financeiros
para manter as
atividades. Temos um
centro espírita, célula
de regeneração
espiritual do homem e da
humanidade, ou um clube
espírita para passatempo
de despreocupados com a
doutrina e com a vida?
Sempre que nos
apresentar ocasião,
seremos doutrinários,
como nos apontam, com o
entendimento e o
compromisso sério de
aprofundar o
conhecimento sobre o
Espiritismo e sua
aplicação às diversas
ciências, no objetivo
maior de fazer com que o
ser humano transcenda a
si mesmo para conquista,
o mais rápido possível,
de sua perfeição moral,
intelectual e
espiritual.
Marcus De Mario é
Educador, Escritor e
Consultor Educacional e
Empresarial. Colabora no
Centro Espírita
Humildade e Amor, da
cidade do Rio de
Janeiro. É programador e
apresentador na Rádio
Rio de Janeiro, a
emissora da
fraternidade.