ALTAMIRANDO
CARNEIRO
alta_carneiro@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
Bem-aventurados os que
têm fechados os olhos
Este
é o título de uma
comunicação inserida no
item 20 do capítulo VIII
(Bem-aventurados os que
têm puro o coração), de
O Evangelho segundo o
Espiritismo (FEB). Ela
foi transmitida com
relação a uma pessoa
cega, a cujo favor se
evocara o Espírito de J.
B. Vianney, cura d’Ars.
A data – Paris, 1863.
No início da
comunicação, o Espírito
diz: “... Ela perdeu a
vista e as trevas a
envolveram. Pobre filha!
Que ore e espere. Não
sei fazer milagres, eu,
sem que Deus o queira”.
E espera que todas as
curas que obteve devam
ser atribuídas a Deus.
A mensagem diz, ainda,
que os que são privados
da vista deveriam
considerar-se os
bem-aventurados da
expiação. E que o Cristo
disse ser conveniente
que seja arrancado o
olho mau; que mais
valeria lançá-lo ao
fogo, do que deixar que
seja causa de
condenação.
Quando uma aflição
terrena não encontra
explicações em
consequência dos atos da
vida presente, deve-se
procurar as causas numa
vida anterior. Cada um é
punido por aquilo em que
pecou. No caso, a vista
foi a causa da queda.
Ou, talvez, tenha sido a
causa de que outro
perdeu a vista, ou seja:
de que alguém tenha
perdido a vista em
consequência do excesso
de trabalho a que foi
imposta, ou de
maus-tratos, ou da falta
de cuidados etc.. Pode
também dar-se o caso de
que o próprio Espírito,
arrependido, tenha
escolhido esta expiação,
antes de reencarnar.
A lei de causa e efeito,
ou de ação e reação, é
uma lei divina que rege
todos os elementos que
compõem o Universo. Tudo
o que existe, aqui e
além, tem uma causa que
lhe deu origem. Se a
causa é fundamentada no
bem, o efeito é bom;
caso contrário, o efeito
é maléfico. Neste
sentido, Jesus disse: “A
candeia do corpo são os
olhos; de sorte que, se
os teus olhos forem
bons, todo o teu corpo
terá luz: se, porém, os
teus olhos forem maus, o
teu corpo será
tenebroso. Se, portanto,
a luz que há em ti são
trevas, quão grandes
serão tais trevas!”
(Mateus, 6: 22 e 23).
Toda reação (efeito) é
um estímulo para
acentuar o bem e
aniquilar o mal. Ao
efetuar uma ação, o
homem pode provocar um
encadeamento de causas e
efeitos que o auxiliam a
crescer ou colocam-no em
débito perante as leis
divinas, por várias
reencarnações.
No capítulo VII (As
penas futuras segundo o
Espiritismo), do livro O
Céu e o Inferno, de
Allan Kardec, item
Código penal da vida
futura, lê-se que o
Espiritismo não se apoia
numa autoridade de
natureza particular para
formular um código
fantasioso. Suas leis,
no que toca ao futuro da
alma são deduzidas de
observações positivas
sobre os fatos.
Deste código, destacamos
os tópicos seguintes:
2º) A felicidade
perfeita é inerente à
perfeição, quer dizer, a
purificação completa do
Espírito. Toda
imperfeição é, ao mesmo
tempo, uma causa de
sofrimento e de privação
de ventura, da mesma
maneira que toda
qualidade adquirida é
uma causa de ventura e
de atenuação dos
sofrimentos.
3º) Não há uma só
imperfeição da alma que
não acarrete
consequências
desagradáveis,
inevitáveis, e não há
uma só qualidade que não
seja fonte de ventura. A
soma das penas é assim
proporcional à soma das
imperfeições, como a dos
gozos é proporcional à
soma das boas
qualidades.
A alma que tiver, por
exemplo, dez
imperfeições, sofrerá
mais do que aquela que
tiver apenas três ou
quatro. Quando dessas
dez imperfeições só lhe
restarem um quarto ou a
metade, ela sofrerá
menos, e quando nada
mais restar, ela nada
sofrerá, sendo
perfeitamente feliz. É
como acontece na Terra:
aquele que sofre de
muitas doenças padece
mais do que o que sofre
apenas de uma ou não tem
nenhuma. Pela mesma
razão, a alma que possui
dez qualidades boas goza
de mais felicidade que a
outra que possui menos.
8º) A justiça de Deus
sendo infinita, todo o
mal e todo o bem são,
rigorosamente, levados
em conta. Se não há uma
só ação má, um só mau
pensamento que não tenha
consequências fatais,
também não há uma única
ação boa, um só
movimento da alma, numa
palavra, o mais ligeiro
mérito que fosse
perdido. E isso, mesmo
entre os mais perversos,
porque representam um
começo de progresso.