MARIA ENY
ROSSETINI PAIVA
menylins@terra.com.br
Lins, SP
(Brasil)
O reino de Deus,
na visão do
filósofo
Herculano
A confluência
No livro O
REINO, no
Capítulo VI, o
mestre em
filosofia nos
leva a analisar
todos os
movimentos
políticos e
revolucionários,
como atalhos,
ásperos e
violentos, em
que desde Átila,
até Hitler, o
homem tenta
implantar um
novo Reino sobre
a Terra.
Mostra-nos, o
fascínio pela
mudança e maior
liberdade movido
pelo desejo de
Justiça e
Igualdade, que
faz os homens
tentarem
construir pela
violência um
Reino,
diferente, sem
desigualdades e
injustiças para
os excluídos.
Ficamos mesmo
decepcionados
observando
quanto o homem
se engana quando
quer tomar o
poder para
“REINAR” sobre
os demais, e
como ação
violenta para
implantar um
novo reinado
fascina as
massas humanas.
Quando nos
cansamos, saímos
para o Capítulo
VII - A
CONFLUÊNCIA.
Então entendemos
melhor os
caminhos de
Deus, para o
Reino dos Céus
sobre a Terra.
Ouçamos
Herculano: “Os
atalhos do Reino
parecem-nos
contraditórios
entre si e
contrários aos
caminhos do
Reino. Mas a
verdade é que
todas essas
estranhas
manifestações do
anseio do Reino
no coração
humano se
entrosam num
grande sistema”.
O Livro dos
Espíritos nos
ensina na
questão 780 que
o
desenvolvimento
moral é
precedido pelo
intelectual.
Diversamente do
que ensina a
maioria dos
líderes e mesmo
alguns
Espíritos, não é
o
desenvolvimento
moral que
antecede o
intelectual. O
homem precisa
entender, ser
educado, para
poder alterar
seus
preconceitos e
encontrar a
ética da verdade
e do amor. A
compreensão
conduz ao amor,
não o amor
piegas, que os
sacerdotes de
diferentes
credos nos
impuseram. O
amor
esclarecido,
filho da
compreensão, do
estudo, da ação
planejada e
consciente.
Quando os
Espíritos
ensinam que é
preciso que o
mal se torne
muito evidente
para que
aprendamos a
reagir contra
ele, estão
falando do
movimento
dialético do
Universo. O mal
obriga-nos a
pensar e agir
para o bem.
Vejamos hoje a
luta pela ética
do
desenvolvimento
sustentável.
Movimentam-se
organizações e
pessoas,
artistas criam
filmes que
ganham o
“Oscar”, como ET
e Avatar.
Crianças foram
educadas vendo
desenhos, como
Pocahontas,
Mogli, todos com
visão da
integração entre
os seres da
Natureza, graças
às mudanças que
o gênio de Steve
Jobs imprimiu
aos estúdios
Disney.
Multidões exigem
maior ética para
o
desenvolvimento.
No entanto, foi
preciso que a
ganância e o
desrespeito aos
limites da
natureza nos
ameaçassem com a
morte do
Planeta. Assim
mesmo, as
consciências
empedernidas no
egoísmo e no
orgulho negam as
conclusões dos
cientistas,
burlam as leis
de proteção
ambiental e
continuam a
poluir a
atmosfera, sob
alegações
mentirosas de
quem só enxerga
o próprio
interesse e
poder. Produzem
e distribuem
jogos
incitadores de
violência e
pagam educadores
mentirosos e
venais para
informarem os
pais que isso
não causa nenhum
mal ao caráter
das crianças.
Por isso
Herculano ensina
com beleza
magistral: “No
final, todas
essas correntes
fluem para um
delta comum. E
há um momento de
confluência em
que as
dissensões se
apagam, as
contradições se
fundem numa
síntese
superior. É no
tempo que se
realiza a fusão.
Por mais absurda
que essa tese
possa parecer, a
verdade é que os
processos gerais
da Natureza a
comprovam”...
“É o princípio
da reencarnação
a chave do
Reino. A grande
maioria das
criaturas
humanas estaria
impedida de
entrar no reino,
se Deus não lhes
concedesse a
oportunidade de
reinício. Então,
o Reino não
seria para
todos, mas de
alguns”. (...)
“O Reino não
está reservado a
estes nem
àqueles, mas
abre sua pequena
porta aos homens
de todas as
raças, de todas
as
nacionalidades,
de todos os
quadrantes de
Terra.”
“E é graças a
isso que os
atalhos e os
caminhos do
Reino se
encontram na
confluência.
Heresias e
ideologias
desempenham o
seu papel, no
grande esquema
do Reino. (...)
Fanáticos
religiosos e
fanáticos
políticos não
perdem o seu
tempo: são
aprendizes de
primeiro grau,
exercitando-se
para as virtudes
do Reino,
adestrando-se
para amá-lo.”
Após fazer-nos
amar os que não
entendem o mundo
e o Reino como
nós, Herculano
afirma que não
devemos esperar
sentados que ele
venha. Todos nós
temos a
obrigação moral
de trabalhar
pela Justiça e
pelo Amor.
Muitas vezes
alguns
companheiros de
Doutrina, que
não conseguem
entender isso,
perguntam-me:
adianta lutarmos
por leis e
posições que o
povo não vai
aceitar, nem tem
compreensão para
respeitar?
Sempre procuro
responder assim:
É aqui que o
Reino deve ser
implantado. No
entanto, isso
requer, além da
compreensão de
seus
fundamentos, a
vivência pessoal
deles, porque O
Reino de Deus
está dentro de
nós. Apenas os
que vivem essa
realidade podem
entender que
lutar pela
implantação do
Reino de Deus
não é esperar
indefinidamente
por sua
implantação,
em uma
matemática
absurda e
infantil. Essas
consciências
ingênuas, embora
às vezes
amorosas, com um
amor que ignora,
dizem: “O mundo
será regenerado
quando todas as
pessoas
entenderem a
mensagem de
Jesus e a
praticarem. Será
a reforma íntima
de cada um que
nos levará à
mudança social
que então será
possível de modo
brando e
pacífico. Será a
soma da reforma
íntima de cada
um que levará o
mundo a se
tornar um mundo
de regeneração”.
Dizer isso é
desconhecer a
obra da
Codificação e os
mais comezinhos
princípios de
sociologia. Não
é a soma dos
indivíduos que
produz qualquer
melhoria social.
O processo de
melhoria depende
de que homens
conscientes e
amorosos
movimentem
forças para que
leis mais justas
sejam aprovadas.
Uma vez
conseguido isso,
é preciso educar
os corações e
mentes para
respeitarem a
lei, por adesão
e compreensão
dos seus
objetivos.
Vejamos a lei
muito recente
que obriga todas
as séries comuns
do ensino e toda
escola a receber
no máximo dez
por cento, em
cada sala, de
crianças
portadoras de
deficiência. De
início os pais
dessas crianças
enfrentaram o
preconceito, o
despreparo dos
demais pais, que
não queriam que
seus filhos se
misturassem com
os “anormais”.
Em sua luta,
pais e
educadores
esclarecidos
foram mostrando
em cursos,
utilizando
vídeos,
vivências e
outros recursos,
a importância da
inclusão de
todos. Em
empresas,
obrigadas por
lei a
contratá-los,
eles, os
portadores de
deficiência,
passaram a
trabalhar com
muito empenho,
onde produziam
tanto ou mais do
que os
“normais”. Desse
modo, hoje, uma
parte bem maior
de professores,
pais,
empresários,
compreende o
alcance e a
justiça dessa
lei.
Imaginemos que
no Brasil, que
carrega a
vergonha
histórica de ser
o último país do
mundo a abolir a
escravidão dos
negros, as
Igrejas, as
Escolas
principiassem em
1888, exatamente
no dia 13 de
maio, uma
campanha para
libertar os
escravos,
mostrando como é
desumano
escravizar
alguém, como
isso leva a
indignidade do
escravizador e
do escravizado,
e outras
questões para
transformar,
tão-somente pela
persuasão e pela
educação, sem a
utilização das
leis punitivas,
que estabelecem
sanções aos
infratores. Por
acaso alguém
pode ser tão
ingênuo de
imaginar que os
escravocratas,
as senhoras que
utilizavam os
escravos, iriam
se sensibilizar?
Todas as
Igrejas, que
utilizavam e
utilizam a
Bíblia para
justificar a
escravidão,
iriam modificar
seu discurso e
libertar os
cativos que
mantinham? Na
verdade, se a
comunidade
internacional
não
interferisse, os
ingleses,
interessados em
criar
assalariados
para seus
produtos não
pressionassem, e
respeitassem o
desenvolvimento
moral da maioria
dos cidadãos
brasileiros,
seríamos hoje o
único país do
mundo a manter
os negros
cativos.
Alguém poderá
argumentar que a
liberdade dos
negros os
empurrou para as
favelas, que
ninguém se
preocupou em
educá-los para
fazer deles
cidadãos
brasileiros com
as mesmas
possibilidades
dos brancos...
Com certeza,
isso é verdade,
mas também nos
mostra que, cedo
ou tarde, esses
excluídos
acordam e, se as
leis os
favorecem, e já
existem,
exigem que
lhes sejam dados
os direitos
usurpados por
organizações
injustas e
cruéis. Com sua
militância
aperfeiçoaram as
leis e trabalham
pelo
esclarecimento
da população. É
o que se passa
hoje no Brasil,
quando o
racismo, se
comprovado, pode
custar ao
infrator até
três anos de
cadeia, onde o
negro aparece
nas novelas, nas
propagandas, em
posições que nos
levam a admirar
sua luta.