WELLINGTON BALBO
wellington_balbo@hotmail.com
Bauru, SP (Brasil)
Rituais e
fantasias de
Joaquim
Uma vez por
semana Joaquim
frequenta algum
dos diversos
centros
espíritas que
existem pelas
cidades por onde
passa, já que é
vendedor e viaja
muito, não
conseguindo,
portanto,
comparecer com
regularidade a
nenhuma casa
espírita em
particular.
Conforme
aprendera ainda
criança, ouvindo
conversa dos
adultos, era
preciso tomar
passe
semanalmente
para que sua
vida, como diz o
senso comum,
“não ande para
trás”.
Condicionado a
essa regra,
Joaquim
comparece
religiosamente a
uma dessas casas
espíritas
espalhadas pelos
rincões de nosso
Brasil, trajando
sempre camisa
branca e calça
preta, porquanto
também aprendera
que usar a mesma
roupa traz sorte
e ajuda os bons
Espíritos identificá-lo
em meio à
multidão de
pessoas. Aliás,
outro ritual
curioso que
Joaquim também
aprendeu é o de
fazer o sinal da
cruz ao entrar
em um centro
espírita. Um
dia, porém, ao
entrar em uma
casa espírita
com seu uniforme
oficial e fazer
o sinal da cruz,
Joaquim
deparou-se com
um dos
dirigentes da
instituição que,
curioso, passou
a observá-lo.
Percebeu o
dirigente que
Joaquim fazia
gestos em sua
oração,
ajoelhava-se e
levantava-se
numa espécie de
dança esquisita.
O dirigente
aguardou que
Joaquim
terminasse todo
seu ritual para,
então,
dirigir-se até
ele, saudando-o:
- Como vai, meu
amigo? Meu nome
é Juarez, sou
colaborador
desta casa há
alguns anos. É a
primeira vez que
comparece aqui?
- Ah, Sr.
Juarez, é a
primeira vez que
venho aqui. Meu
nome é Joaquim,
sou vendedor e,
por isso, viajo
muito, mas em
todas as cidades
que visito não
deixo de ir ao
centro de camisa
branca e calça
preta, além de
dançar em
homenagem aos
Espíritos e etc.
Em poucos
minutos de
conversa o
dirigente
constatou que
Joaquim, não
obstante
comparecer aos
centros para
tomar passe,
nada sabia sobre
a doutrina
codificada por
Kardec.
O dirigente de
forma tranquila,
percebendo os
equívocos de
Joaquim,
ensinou-lhe:
- Meu amigo, o
Espiritismo não
comporta rituais
de qualquer
gênero ou
espécie. Não
precisa vir ao
centro de
uniforme, dançar
para homenagear
os Espíritos e
tampouco fazer
gestos em suas
orações.
- Desculpe-me,
Sr. Juarez, mas
nunca me
disseram nada
sobre isso...
- Estude então
as obras de
Kardec e observe
que ele
dispensava todo
e qualquer
ritual, e, desta
forma, sem
qualquer
ritualismo é que
foi construído
esse nobre
edifício chamado
Doutrina
Espírita.
Reflita na
ideia de
dispensar o
uniforme e
deixar de lado
as danças para
os Espíritos e
demais sinais.
- E quanto à
oração, como
irei orar sem
fazer o sinal da
cruz?
- Ore com o
coração, sem
condicionamentos
e regras. Orar é
falar com Deus,
portanto,
esqueça do
exterior e foque
o interior, a
essência. Bem,
depois
conversaremos
mais. Ah, ia me
esquecendo, o
passe é
importante, mas
não deixe também
de escutar a
palestra, pois
ela contém
valiosos
ensinamentos, e
com esses
apontamentos não
será difícil
compreender tudo
o que eu lhe
disse há pouco.
E despediu-se o
dirigente,
deixando Joaquim
imerso em
algumas
reflexões.
A história acima
pode soar
fantasiosa em
demasia, fruto
da imaginação do
autor, contudo,
não deixa de ser
alerta para
todos aqueles
que dirigem e ou
coordenam
atividades na
casa espírita:
Estejam atentos
para esclarecer, a
frequentadores assíduos
ou esporádicos,
quanto às
diretrizes do
Espiritismo que
dispensa todo e
qualquer ritual,
exigindo apenas
a presença do
sentimento
verdadeiro nas
atitudes e
pensamentos.