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Clássicos do Espiritismo
Ano 6 - N° 270 - 22 de Julho de 2012
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

 

A Morte e os seus Mistérios

 Ernesto Bozzano

(Parte 19)

Damos sequência nesta edição ao estudo do livro A Morte e os seus Mistérios, de Ernesto Bozzano, conforme tradução de Francisco Klörs Werneck.

Questões preliminares

A. Muitos enfermos, após o susto provocado pela quase-morte, costumam tranquilizar-se quanto ao seu estado?

Sim. O Almirante Beaufort, no momento de crise, afirmou: "Ainda que eu estivesse consciente de estar me afogando, a aventura não se me afigurava como uma desgraça”. Tal sentimento, segundo Bozzano, corresponde ao de numerosos enfermos que, após terem temido a morte até o momento em que a crise fatal os assalta, subitamente se tranquilizam e, cheios de resignação sobre o seu estado, aguardam o fim sem queixume, por vezes mesmo alegremente, como se o fato de se encontrarem no limiar do Além lhes houvesse revelado grande verdade, isto é, que a morte é um bem e que este bem só tem aparência de um mal por efeito do instinto natural indispensável à conservação da espécie. (Obra citada, 3ª Monografia. Casos de "visão panorâmica" acontecidos na iminência da morte ou em perigo de vida. Caso V.)

B. A sensação de desdobramento espiritual em tais casos é comum aos indivíduos?

Em muitos casos, sim, essa sensação foi registrada. No Caso VII, a percipiente, simultaneamente com o fenômeno da visão panorâmica, teve o sentimento de não mais se achar na Terra, de voltar de muito longe, de um ambiente em que se sentia feliz. Essas expressões deixam presumir que na enferma havia se verificado a separação do "corpo astral" e do organismo somático, como se observou no Caso IV, em que o percipiente disse também sentir-se em estado de desdobramento. (Obra citada, 3ª Monografia. Casos de "visão panorâmica" acontecidos na iminência da morte ou em perigo de vida. Caso VII.)

C. Como o sentimento de desdobramento pode ser traduzido?

A pessoa tem impressão de que o corpo está em um lugar e a alma em outro lugar. No Caso VIII, a enferma diz ter experimentado uma sensação de tédio por se encontrar aqui, frase que exprime o desejo manifesto, nesse percipiente como em tantos outros, de permanecer no lugar a que havia sido transportada durante o momento de sua visão. O sentimento de desdobramento, no caso citado, pode ser traduzido nestas palavras: "Como se o corpo estivesse estendido no leito e ela em outro lugar", sentimento legítimo pelo fato de a mesma enferma, em outras circunstâncias da mesma doença, ter tido verdadeiras visões "autoscópicas" em correspondência com a anestesia total de seu corpo. (Obra citada, 3ª Monografia. Casos de "visão panorâmica" acontecidos na iminência da morte ou em perigo de vida. Caso VIII.)

Texto para leitura

297. Reportando-se ainda ao Caso V, Bozzano registra a seguinte observação feita pelo Almirante Beaufort, relativamente à “visão panorâmica” por ele experimentada: "Ainda que eu estivesse consciente de estar me afogando, a aventura não se me afigurava como uma desgraça."

298. Este sentimento corresponde, segundo Bozzano, ao de numerosos enfermos que, após terem temido a morte até o momento em que a crise fatal os assalta, subitamente se tranquilizam e, cheios de resignação sobre o seu estado, aguardam o fim sem queixume, por vezes mesmo alegremente, como se o fato de se encontrarem no limiar do Além lhes houvesse revelado grande verdade, isto é, que a morte é um bem e que este bem só tem aparência de um mal por efeito do instinto natural indispensável à conservação da espécie.

299. Caso VI – Este episódio foi extraído de um relatório de experiências supranormais pessoalmente acontecido com uma doutora em medicina, conhecida íntima do Professor Hyslop. O relato foi publicado pelo Journal of the American Society for Psychical Research: "Há dois anos fui submetida a uma grave operação cirúrgica, em consequência da qual os médicos declararam desesperado o meu caso, pois não esperavam meu restabelecimento. Eu me achava extremamente fraca e, quando me esforçava por falar, conseguia apenas balbuciar palavras confusas. A enfermeira estava ajoelhada à cabeceira de meu leito, orando pela minha alma. Subitamente, diante de meus olhos, desfilou toda a visão de minha vida, as contrariedades por mim suportadas e todos os erros que cometi nela; tudo isto desfilou diante de mim. Mas, ao mesmo tempo, eu percebia que tudo o que me havia acontecido, durante minha existência, fora para o bem e tudo que sobrevém é providencial e salutar. Logo depois ouvi uma voz a me dizer: ‘Tu deverás voltar ao corpo’. Certamente não o desejava, mas compreendi que era preciso obedecer. Foi por esta razão que me voltei para a enfermeira e sussurrei: Levantai-vos, eu viverei!"

300. Este episódio apresenta sinais de afinidades com o anterior. De fato, verifica-se nele que a percipiente teve, também, a noção do valor moral da visão que desfilava diante de seus olhos, bem como a noção complementar de que todos os acontecimentos de sua vida foram produzidos para seu bem: princípio verdadeiro e moralmente justo. Por outro lado, compreende-se bem a importância da segunda circunstância, quando a sensitiva declarou: "Certamente não o desejava, mas compreendi que era preciso obedecer", declaração que se deve comparar com a do Almirante Beaufort quando este disse que a morte não lhe parecia uma desgraça.

301. Caso VII – O Dr. Sollier publicou este relato na Revue Philosophique: "O primeiro caso é o de certa moça morfinômana, gravemente atingida, que, no momento da supressão do tóxico, apresentou repetidos acidentes de síncope que facilmente lhe poderiam ter produzido a morte. Tinha a ideia muito clara de que ia morrer... Ao sair de síncope das mais graves, da qual fora arrancada graças à ministração de diversas doses de morfina, exclamou: ‘Oh! como eu volto de longe! Como me sentia tão bem!’ E, a seguir, me contou que, no mesmo instante em que sentia fugir-lhe a consciência, experimentara extraordinário bem-estar, não mais se reconhecendo na Terra, ainda que continuasse a ver e ouvir tudo, com extrema claridade, ao mesmo tempo que revia, numa espécie de panorama, de fantasmagoria, toda a sua vida passada. Mas os fatos não se desenrolaram em ordem cronológica, quer progressiva, quer regressiva, pois tudo lhe aparecera, ao mesmo tempo, no mesmo plano, por assim dizer...".

302. O caso ora relatado reveste apreciável valor teórico no sentido de ter tido a percipiente, simultaneamente com o fenômeno da visão panorâmica, o sentimento de não mais se achar na Terra, de voltar de muito longe, de um ambiente em que se sentia feliz.

303. Todas as expressões deixam presumir que na enferma havia se verificado a separação do "corpo astral" e do organismo somático. O fato lembra o relatado no Caso IV, em que o percipiente disse sentir-se em estado de desdobramento.

304. Não se pode negar a eloquência sugestiva destas concordâncias de expressão por parte dos sensitivos, eloquência que, para qualquer pessoa suficientemente versada na matéria, por saber que os fenômenos de "desdobramento no leito de morte" se realizam efetivamente, concorre para fortalecer a observação supracitada, a saber: se os fenômenos da visão panorâmica se produzem ao mesmo tempo em que se realizam os de desdobramento com manifestação de faculdades supranormais subconscientes, isto significa, pois, que a "visão panorâmica" é consequência da desunião da "memória sintética" e do órgão cerebral, desunião correspondente ao começo da separação entre o "corpo astral" (sede da memória sintética ou espiritual) e o organismo somático.

305. Caso VIII – Eis um outro exemplo de visão panorâmica sucedida com uma morfinômana. A observação é devida ao Dr. Sollier, que a publicou no Bulletin de l'Institut Général Psychologique: "Trata-se de moça nervosa e sujeita a síncopes, morfinômana de doses elevadas que caíra em alarmante estado de caquexia com complicação de albuminúria. (1) Foi submetida a uma desmorfinização rápida. A supressão durava já vinte e quatro horas sem apresentar nada de particular, exceto as perturbações habituais –  diarreia, vômitos biliosos, suores – quando subitamente experimentou enorme sensação de esgotamento. Ao mesmo tempo sentiu violenta dor que comparou a um ferro em brasa que lhe tivesse atravessado a cabeça até à nuca, dor muito curta e que diminuiu gradualmente, quando experimentou uma sensação de bem-estar, de repouso e, de súbito, viu desenrolar toda sua existência. Foi como se todos os acontecimentos de sua vida tivessem sido impressos em filme que, diante dela, passasse de cima para baixo. Os acontecimentos sucediam-se na ordem inversa, de hoje até a idade de cinco anos ou menos. ‘Tudo o que tenho na cabeça, eu o vi’, contava-me a paciente, ‘com detalhes inauditos, acompanhados de vagas saudades e de impressões de saudade, nunca de alegria (verdade é que nunca os houve em minha vida), que cada imagem me fazia experimentar. Tudo era sombrio... As coisas apareciam em uma superfície plana, mas certos fatos de minha vida, as emoções, por exemplo, para mim se apresentavam em relevo: era como se estivéssemos a olhar três fotografias de pessoas que conhecêssemos bem. Duas nos pareceriam planas e uma, a que muito amamos, nos pareceria mais clara e em relevo..’ Quando voltou a si, ela primeiro experimentou uma sensação de tédio por se achar aqui. Sentia-se amorfa, como se o corpo estivesse estendido no leito e ela em outro lugar. Só experimentava sentimento muito vago de si mesma... A partir desse instante, tornou-se completamente anestesiada... Por outro lado, apresentou alucinações ‘autoscópicas’ (2) muito nítidas, que terei ocasião de relatar neste mesmo Boletim."

306. No caso precedente, a percipiente descreve, de medo instrutivo, a própria experiência e sua descrição concorda com as outras, no que se refere às particularidades essenciais, diferindo, entretanto, nas particularidades secundárias, que não podem ser idênticas em cada caso, isto devido às idiossincrasias peculiares a cada percipiente.

307. Cumpre observar que a enferma experimentou por sua vez, "uma sensação de tédio por se encontrar aqui, frase que exprime o desejo manifesto, nesse percipiente como em tantos outros, de permanecer no lugar a que havia sido transportada durante o momento de sua visão.

308. Observa-se, enfim, o sentimento de "desdobramento" traduzido nestas palavras: "Como se o corpo estivesse estendido no leito e ela em outro lugar", sentimento legítimo pelo fato de a mesma enferma, em outras circunstâncias da mesma doença, ter tido verdadeiras visões "autoscópicas" em correspondência com a mesma anestesia total de seu corpo. De tais visões, destaca-se esta informação instrutiva que, à medida que certas partes de seu corpo recuperavam a sensibilidade perdida (ou, em outros termos, quando o elemento fluídico vitalizador do membro somático correspondente tornava a entrar função), ela via o seu próprio fantasma, privado desse membro que aí acabava de readquirir sua sensibilidade, mas a percipiente não via nem seus braços, nem seus pés, que ela agora sentia quando pinçados.

309. Bem entendido, o Dr. Sollier explica correspondências semelhantes entre a sensibilidade renascente e a mutilação do fantasma "autoscópico" (2), do ponto de vista restritivo da psicopatologia universitária, mas é evidente que as explicações desse gênero só podem ser parciais e ilusórias, visto se acharem desprovidas de bases fundamentais de todas as investigações neste domínio, bases que as disciplinas metapsíquicas são exclusivamente capazes de fornecer. (Continua na próxima edição.)


(1)
Albuminúria: presença de albumina na urina.

(2) Autoscópico: derivado de autoscopia, nome que se dá à experiência em que uma pessoa, acreditando estar acordada, vê seu corpo, o ambiente e o mundo a sua volta como se estivesse fora do seu corpo físico.



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita