A
Literatura e o Esperanto
Em 1922, Léon Denis
escreveu na Revista
Espírita: “A arte, sob
suas diversas formas
(...) é a expressão da
beleza eterna, uma
manifestação da poderosa
harmonia que rege o
universo; é a irradiação
do Alto que dissipa as
brumas, as obscuridades
da matéria e faz-nos
entrever os planos da
vida superior. Ela é, em
si mesma, rica em
ensinamentos, em
revelações, em luz. Ela
encaminha a alma para as
regiões da vida
espiritual, que é sua
verdadeira vida, e a que
ela aspira reencontrar
um dia.”
É atendendo a esse
chamado do mundo
superior que os artistas
mais inspirados, ainda
que, às vezes, de forma
inconsciente, deparam-se
com os pensamentos mais
sublimes no campo das
formas, dos sons e da
palavra. Ao não se
contentarem com os
imperativos da realidade
mais aparente, é que os
arautos da
espiritualidade sublime
ressignificam os
sentimentos humanos de
modo a conferir-lhes
dimensão universal, que
transcende o tempo e o
espaço. Ao comoverem os
homens, fazem tangíveis
as cordas que afinam o
espírito com sua
verdadeira condição de
imortalidade e
predestinação à
felicidade e ao trabalho
na seara do Bem. A Arte
é instrumento valioso à
instrução e à educação
dos sentidos,
sentimentos e
sensibilidade – isso
obviamente quando o
artista procura
nutrir-se de elevados
ideais.
No entanto, alguma
matéria deve servir às
mãos do artista. O
mineral, ao escultor; as
tintas, ao pintor; os
sons, ao músico; a
palavra, ao poeta. Esta
última, de modo mais
objetivo, porta,
inevitavelmente,
sonoridade; e,
propositalmente,
conforme a vontade de
quem a elege como sua
matéria-prima,
instrução, ideia e
imagem. Sabe-se, por
exemplo, que Zamenhof,
ao elaborar o Esperanto,
preocupou-se em torná-lo
um idioma que, além de
fácil verbalização,
possuísse sonoridade
próxima a da língua
italiana, idioma
considerado bastante
apropriado à arte do
canto e da declamação
(sem desmerecer outras
línguas, é claro).
Deve-se destacar que o
próprio criador do
Esperanto foi um
entusiasta da poesia,
demonstrando pendor
artístico de elevada
inspiração.
O que o grande humanista
sabia é que toda língua,
independente de valer-se
da escrita, possui sua
literatura, que é o
campo artístico no qual
as palavras, como formas
e ideias, vestem
histórias, canções e
poemas, de modo a
habitar e consolidar a
cultura e a identidade
de uma nação. Não é à
toa que quem acompanha o
movimento esperantista
frequentemente
testemunha eventos
marcados pela presença
de apresentações
artísticas que vão desde
canções infantis ao rap
e à bossa nova, como da
declamação de poemas ao
teatro e ao cinema. Isso
ocorre porque todo
idioma é instrumento da
expressão de pensamentos
e sentimentos - com o
Esperanto, portanto, não
poderia ser diferente.
Uma Antologia da
Literatura Esperantista
Paul Gubbins, atual
editor chefe da revista
“Monato” (Mês) e também
editor da revista da
Associação Britânica de
Esperanto, preparou uma
antologia bilíngue
(inglês – esperanto) com
a finalidade de
apresentar um pouco da
literatura esperantista
aos anglófonos. Trata-se
do livro “Star in a
Night Sky – an anthology
of Esperanto literature”,
(Uma Estrela em um Céu
Noturno – uma antologia
da literatura
esperantista), de 520
páginas.
Gubbins, em função do
lançamento de seu livro,
deu uma interessante
entrevista ao jornal
Guardian, que pode ser
ouvida em inglês ou lida
em sua transcrição para
o esperanto. Nela, o
autor relata um pouco
sobre o ensino de
esperanto em escolas,
sobre o cenário atual do
Esperanto e sobre sua
experiência particular
com o idioma
internacional.
Confira a entrevista:
http://starinanightsky.eu
O Circo do Sol e uma
inspiração feita de
Esperanto
O Cirque du Soleil
propõe uma novidade para
2012: “uma jornada de
emoções feitas de amor,
dúvidas, esperanças e
sonhos”, por meio de uma
experiência sensorial -
à qual deram o nome de
Movi – Kanti – Revo.
Explicitamente tiradas
do esperanto, as
palavras que dão nome ao
projeto significam
Mover, Cantar e Sonho
(do tipo de sonho
relacionado à
esperança).
Embora já seja possível
entrever a ideia
principal do projeto;
assim como um sonho, o
que há para se ver de
concreto dele ainda é
obscuro, mas instigante.
Segundo o site
http://www.movikantirevo.com/en/index.aspx,
o espectador da arte
lírica circense pode
esperar para setembro
deste ano um verdadeiro
espetáculo feito de
muita transpiração e
tecnologia.
Documentário “The
Universal Language”
Que tal um documentário
de intensos 30 minutos
de Esperanto?
Sam Green apresenta em
inglês um “retrato do
atual movimento
esperantista”, em seu
“The Universal Language”
(A Língua Universal).
No site
http://esperantodocumentary.com/eo/about-the-film,
é possível ver um trecho
do filme feito em inglês
com partes em esperanto,
mas infelizmente somente
com legendas em inglês.
Abordagem muito sensível
e inteligente!
André Luiz: lição de
mútuo entendimento
A cada semana, propomos
uma frase de André Luiz,
do livro Sinal Verde,
psicografado por Chico
Xavier, vertida ao
esperanto por Allan
Kardec Afonso Costa.
Nesta, apresentamos a
tradução da frase
proposta na semana
passada:
“Neniam krie parolu al
karaj estuloj,
malrespektante ilian
intimecon.”
“Nunca fale aos gritos,
abusando da intimidade
com os entes queridos.”
Eis a mais nova:
“Ĉiam estas eble trovi
la pordon de reciproka
kompreno, kiam ni
pretiĝas cedi
vidpunktojn, em
malgrandetaj montroj de
abnegacio.”
Até a próxima!