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Estudando a série André Luiz
Ano 6 - N° 270 - 22 de Julho de 2012

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

Evolução em Dois Mundos

André Luiz

(Parte 34)

Damos continuidade ao estudo da obra Evolução em Dois Mundos, de André Luiz, psicografada pelos médiuns Waldo Vieira e Francisco Cândido Xavier e publicada em 1959 pela Federação Espírita Brasileira.

Antes de ler as questões e o texto indicado para leitura, sugerimos ao leitor que veja, primeiro, as notas constantes do glossário pertinente ao estudo desta semana.

Questões preliminares 

A. O processo de purgação, após a morte física, é importante para a libertação dos desencarnados?

Sim. A alma culpada sofre, depois da morte física, minucioso processo de purgação, que é tanto mais produtivo quanto mais se lhe exteriorize a dor do arrependimento. Apenas depois disso ela conseguirá elevar-se a esferas de reconforto e reeducação. Se a moléstia experimentada por ela na veste somática foi longa e difícil, abençoadas depurações terão sido feitas, pelo ensejo de autoexame, no qual as aflições suportadas com paciência lhe alteraram sensações e refundiram ideias. Contudo, se essa operação natural não foi possível no círculo carnal, mais se lhe agravam os remorsos depois do túmulo, por recalcados na consciência, a aflorarem, todos eles, através de reflexão, renovando as imagens com que foram fixados na própria alma. (Evolução em dois Mundos, 1a Parte, cap. XIX, pp. 147 e 148.)

B. Nesse processo de purgação pós-morte, qual a situação dos criminosos?

Os criminosos que mal ressarciram os débitos contraídos, instados pelo próprio arrependimento, plasmam, em torno de si mesmos, as cenas degradantes em que arruinaram a vida íntima, alimentando-as à custa dos próprios pensamentos desgovernados. Os caluniadores que aniquilaram a felicidade alheia vivem pesadelos espantosos, regravando nas telas da memória os padecimentos das vítimas, como no dia em que as fizeram descer para o abismo da angústia, algemados ao pelourinho de obsidentes recordações. Os tiranetes volvem a sentir nos tecidos da própria alma os golpes que desferiram nos outros, e os viciados de toda sorte, quais os dipsômanos e morfinômanos, experimentam agoniada insatisfação, qual ocorre também aos desequilibrados do sexo, que acumulam na organização psicossomática as cargas magnéticas do instinto em desvario, pelas quais se localizam em plena alienação. As vítimas do remorso padecem, assim, por tempo correspondente às necessidades de reajuste, larga internação em zonas compatíveis com o estado espiritual que demonstram. (Evolução em dois Mundos, 1a  Parte, cap. XIX, pp. 147 e 148.)

C. Que funções exercem as regiões infernais que cercam o plano terráqueo em que vivemos?

Tais regiões, presentes no clima espiritual das várias nações do Globo, podem ser tidas na conta de imenso cárcere-hospital, em que a  diagnose terrestre  encontrará realmente todas as  doenças catalogadas na patologia  comum,  inclusive muitas outras,  desconhecidas do homem,  não propriamente oriundas ou sustentadas pela fauna microbiana do ambiente carnal, mas nascidas de profundas disfunções do corpo espiritual e, muitas vezes, nutridas pelas formas-pensamentos em torturado desequilíbrio, classificáveis por larvas mentais, de extremo poder corrosivo e alucinatório. (Evolução em dois Mundos, 1a  Parte, cap. XIX, pp. 148 e 149.)

Texto para leitura

133. Alimento espiritual - Há, por isso, consórcios de infinita gradação no Plano Terrestre e no Plano Espiritual, nos quais os elementos sutis de comunhão prevalecem acima das linhas morfológicas do vaso físico, por se ajustarem ao sistema psíquico, antes que às engrenagens da carne, em circuitos substanciais de energia. Contudo, até que o Espírito consiga purificar as próprias impressões, além da ganga sensorial, em que habitualmente se desregra no narcisismo obcecante, valendo-se de outros seres para satisfazer a volúpia de hipertrofiar-se psiquicamente no prazer de si mesmo, numerosas reencarnações instrutivas e reparadoras se lhe debitam no livro da vida, porque não cogita exclusivamente do próprio prazer sem lesar os outros, e toda vez que lesa alguém abre nova conta resgatável em tempo certo. Isso ocorre porque o instinto sexual não é apenas agente de reprodução entre as formas superiores, mas, acima de tudo, é o reconstituinte das forças espirituais, pelo qual as criaturas encarnadas ou desencarnadas se alimentam, mutuamente, na permuta de raios psíquico-magnéticos que lhes são necessários ao progresso. Os Espíritos santificados, em cuja natureza superevolvida o instinto sexual se diviniza, estão relativamente unidos aos Espíritos Glorificados, em que descobrem as representações de Deus que procuram, recolhendo de semelhantes entidades as cargas magnéticas sublimadas, por eles próprios liberadas no êxtase espiritual. De outro lado, as almas primitivas comumente lhe gastam a força em excessos que lhes impõem duras lições. Entre os Espíritos santificados e as almas primitivas, milhões de criaturas conscientes, viajando da rude animalidade para a Humanidade enobrecida, em muitas ocasiões se arrojam a experiências menos dignas, privando a companheira ou o companheiro do alimento psíquico a que nos reportamos, interrompendo a comunhão sexual que lhes alentava a euforia, e, se as forças sexuais não se encontram suficientemente controladas por valores morais nas vítimas, surgem, frequentemente, longos processos de desespero ou de delinquência. (Evolução em dois Mundos, 1a  Parte, cap. XVIII, pp. 144 e 145.) 

134. Enfermidades do instinto sexual - As cargas magnéticas do instinto, acumuladas e desbordantes na personalidade, à falta de sólido socorro íntimo para que se canalizem na direção do bem, obliteram as faculdades, ainda vacilantes, do discernimento e, à maneira do esfaimado, alheio ao bom-senso, a criatura lesada em seu equilíbrio sexual costuma entregar-se à rebelião e à loucura em síndromes espirituais de ciúme ou despeito. À face das torturas genésicas a que se vê relegada, gera aflitivas contas cármicas a lhe vergastarem a alma no espaço e a lhe retardarem o progresso no tempo. Nascem daí as psiconeuroses, os colapsos nervosos decorrentes do trauma nas sinergias do corpo espiritual, as fobias numerosas, a “histeria de conversão”, a “histeria de angústia”, os “desvios da libido”, a neurose obsessiva, as psicoses e as fixações mentais diversas que originam na ciência de hoje as indagações e os conceitos da psicologia de profundidade, na esfera da Psicanálise, que identifica as enfermidades ou desajustes do instinto sexual sem oferecer-lhes medicação adequada, porque apenas o conhecimento superior, gravado na própria alma, pode opor barreiras à extensão do conflito existente, traçando caminhos novos à energia criadora do sexo, quando em perigoso desequilíbrio. Assim, por semelhantes rupturas do sistemas psicossomáticos, harmonizados em permutas de cargas magnéticas afins, no terreno da sexualidade física ou exclusivamente psíquica, é que múltiplos sofrimentos são contraídos por nós todos, no decurso dos séculos, porquanto, se forjamos inquietações e problemas nos outros, com o instinto sexual, é justo venhamos a solucioná-los em ocasião adequada, recebendo por filhos e associados de destino, entre as fronteiras domésticas, todos aqueles que constituímos credores do nosso amor e da nossa renúncia, atravessando, muitas vezes, padecimentos inomináveis para assegurar-lhes o refazimento preciso. Compreendamos, pois, que o sexo reside na mente, a expressar-se no corpo espiritual, e consequentemente no corpo físico, por santuário criativo de nosso amor perante a vida. Em razão disso, ninguém escarnecerá dele, desarmonizando-lhe as forças, sem escarnecer e desarmonizar a si mesmo. (Evolução em dois Mundos, 1a  Parte, cap. XVIII, pp. 145 e 146.) 

135. Depois da morte - Efetivamente, logo após a morte física, sofre a alma culpada minucioso processo de purgação, tanto mais produtivo quanto mais se lhe exteriorize a dor do arrependimento, e apenas depois disso consegue elevar-se a esferas de reconforto e reeducação. Se a moléstia experimentada na veste somática foi longa e difícil, abençoadas depurações terão sido feitas, pelo ensejo de autoexame, no qual as aflições suportadas com paciência lhe alteraram sensações e refundiram ideias. Mas, se essa operação natural não foi possível no círculo carnal, mais se lhe agravam os remorsos, depois do túmulo, por recalcados na consciência, a aflorarem, todos eles, através de reflexão, renovando as imagens com que foram fixados na própria alma. Criminosos que mal ressarciram os débitos contraídos, instados pelo próprio arrependimento, plasmam, em torno de si mesmos, as cenas degradantes em que arruinaram a vida íntima, alimentando-as à custa dos próprios pensamentos desgovernados. Caluniadores que aniquilaram a felicidade alheia vivem pesadelos espantosos, regravando nas telas da memória os padecimentos das vítimas, como no dia em que as fizeram descer para o abismo da angústia, algemados ao pelourinho de obsidentes recordações. Tiranetes diversos volvem a sentir nos tecidos da própria alma os golpes que desferiram nos outros, e os viciados de toda sorte, quais os dipsômanos e morfinômanos, experimentam agoniada insatisfação, qual ocorre também aos desequilibrados do sexo, que acumulam na organização psicossomática as cargas magnéticas do instinto em desvario, pelas quais se localizam em plena alienação. As vítimas do remorso padecem, assim, por tempo correspondente às necessidades de reajuste, larga internação em zonas compatíveis com o estado espiritual que demonstram. (Evolução em dois Mundos, 1a  Parte, cap. XIX, pp. 147 e 148.) 

136. Conceito de inferno - O inferno das várias religiões, nesse aspecto, existe perfeitamente como órgão controlador do equilíbrio moral nos reinos do Espírito, assim como a penitenciária e o hospital se levantam na Terra, como retortas de recuperação e de auxílio. Além-túmulo, no entanto, o estabelecimento depurativo como que reúne em si os órgãos de repressão e de cura, porquanto as consciências empedernidas aí se congregam às consciências enfermas, na comunhão dolorosa, mas necessária, em que o mal é defrontado pelo próprio mal, a fim de que, em se examinando nos semelhantes, esmoreça por si na faina destruidora em que se desmanda. É assim que as Inteligências ainda perversas se transformam em instrumentos reeducativos daquelas que começam a despertar, pela dor do arrependimento, para a imprescindível restauração. O inferno, dessa maneira, no clima espiritual das várias nações do Globo, pode ser tido na conta de imenso cárcere-hospital,  em que a  diagnose terrestre  encontrará realmente todas as  doenças catalogadas na patologia  comum,  inclusive muitas outras,  desconhecidas do homem,  não propriamente oriundas ou sustentadas pela fauna microbiana do ambiente carnal, mas nascidas de profundas disfunções do corpo espiritual e, muitas vezes, nutridas pelas formas-pensamentos em torturado desequilíbrio, classificáveis por larvas mentais, de extremo poder corrosivo e alucinatório, não obstante a fugaz duração com que se articulam, quando não obedecem às ideias infelizes, longamente recapituladas no tempo. (Evolução em dois Mundos, 1a  Parte, cap. XIX, pp. 148 e 149.) 

 

Glossário: 

Biológico: relativo ao desenvolvimento e às condições de vida dos seres vivos.

Bissexual: referente à bissexualidade, existência de dois sexos no mesmo organismo, como o hermafroditismo em animais e plantas.

Colapso circulatório: estado de choque por insuficiência circulatória.

Colapso pulmonar: estado do pulmão que, parcial ou totalmente, não tem conteúdo aéreo. 

Colapso: falência de função, de força, ou de estado geral; esgotamento. Estado anormal em que as paredes de um órgão, normalmente afastadas, entram em contato. Alteração brusca e danosa; situação anormal e grave; crise.

Congênito: nascido com o indivíduo.

Corpo Espiritual: o perispírito, psicossoma.

Cosmo: a contextura de um todo.

Cromossômico: relativo ao cromossomo, cada um dos corpúsculos de cromatina (substância corável) que se evidenciam no núcleo da célula durante a divisão celular (mitose), os quais contêm os genes ou fatores hereditários.

Currículo: conjunto de dados pessoais e sobre os antecedentes relacionados com as qualificações de um indivíduo.

Desmandar: transgredir; abusar; cometer desregramento.

Dipsômano: alcoólatra; dipsomaníaco.

Disfunção: função que se efetua de maneira anômala.

Elétron: corpúsculo carregado de eletricidade negativa, fundamental na composição do átomo, e que é o constituinte mais numeroso de matéria. É partícula orbital, porque gira em torno do núcleo atômico.

Faina: atividade intensa; agitação.

Fauna Microbiana: o conjunto dos microorganismos causadores de fermentações e doenças infecciosas, conhecidos como micróbios.

Fausto: que apresenta fausto, isto é, luxo, pompa.

Fibra: cada uma das estruturas alongadas que, dispostas em feixes, constituem os tecidos orgânicos.

Formas-pensamento: formas plasmadas pela mente, ou seja, produzidas e animadas pela energia mental que constitui o pensamento.

Ganga: resíduo mineral não aproveitável numa jazida metalífera; figurativamente, coisa residual ou de menor importância.

Genésico: relativo ao impulso sexual ligado à função de reprodução dos órgãos sexuais.

Genética: ramo da Biologia que estuda as leis da transmissão dos caracteres hereditários, e as propriedades das partículas (genes) que asseguram essa transmissão.

Glândula Sexual: gônada; testículo no sexo masculino, e ovário, no feminino.

Gônada: glândula sexual masculina ou feminina; nela se formam as células sexuais (espermatozoides ou óvulos) e os hormônios sexuais.

Histeria: psiconeurose que se manifesta através de um conjunto variado de distúrbios psíquicos, sensoriais e motores, considerados como expressão orgânica de conflitos inconscientes.

Hormônio: substância produzida pela atividade das glândulas de secreção interna (endócrinas), ou pela atividade de tecidos de secreção interna. É lançado, em parte, no sangue ou na linfa, e, em parte, nos tecidos. Atua sobre as funções orgânicas como excitante ou como regularizador.

Ideologia: ciência que trata das ideias ou conceitos, cujas consequências podem influir na maneira de pensar de um indivíduo ou de uma classe.

Imanizar: imantar, submeter a um efeito semelhante ao da ação do ímã.

Larva: forma pós-embrionária, em numerosos grupos de animais, correspondente ao estágio inicial de vida.

Libido: instinto ou desejo sexual. Em Psicanálise, é a energia motriz dos instintos de vida, isto é, de toda a conduta ativa e criadora do homem.

Limiar: início, começo.

Macrocósmico: relativo ao mundo das coisas grandes (macrocosmo), por oposição ao das coisas pequenas.

Mônada: organismo muito simples, que se poderia tomar por uma unidade orgânica; microorganismo unicelular (uma só célula).

Monogamia: condição do macho em acasalar-se com uma só fêmea; que tem apenas um cônjuge.

Monoideísmo: estado de alma dominado por uma ideia central, fixa.

Morfinômano: viciado em morfina e outros alcaloides do ópio.

Morfológico: referente às características da forma.

Narcisismo: amor excessivo a si mesmo; qualidade dos que se envaidecem, ou se mostram encantados de si mesmos.

Neurose: perturbação mental que não compromete as funções essenciais da personalidade e em que o indivíduo mantém penosa consciência de seu estado.

Organogênico: relativo à organogênese, do aparecimento e do desenvolvimento dos órgãos no ser vivo.

Patologia: parte da Medicina que se ocupa das doenças, suas origens, sintomas e natureza.

Pelourinho: coluna de pedra ou de madeira, em praça ou lugar público, junto da qual se expunham e castigavam os criminosos.

Plasmar: dar forma a algo.

Poligamia: condição de macho em acasalar-se com mais de uma fêmea; que tem mais de um cônjuge ao mesmo tempo.

Protoforma: primeira forma, forma primitiva.

Psicanálise: método de psicoterapia desenvolvido pelo médico austríaco Sigmund Freud (1856-1939), segundo o qual as neuroses nascem de complexos reprimidos, que transtornam a vida psíquica. O tratamento consiste em tornar conscientes esses complexos a fim de superá-los.

Psiconeurose: transtorno funcional que se manifesta mediante perturbações orgânicas (respiratórias, digestivas, excretoras, genitais) e desequilíbrios psíquicos.

Psicose: nome genérico das doenças mentais (psicopatias). A psicose manáco-depressiva é aquela em que a excitação se alterna com a depressão, podendo apresentar intervalos de higidez (sanidade) mental: ciclotomia, mania.

Psicossomático: relativo ao psicossoma (corpo espiritual ou perispírito).

Psíquico-magnético: referente as propriedades magnéticas da energia psíquica.

Reflexão: processo mental em que o pensamento se volta sobre si mesmo e toma seus próprios atos como objeto de conhecimento.

Restringimento: ato ou efeito de diminuir o volume.

Sequela: sintoma ou efeito que permanece após certas doenças.

Sexuado: relativo à produção mediante o uso dos órgãos sexuais, ou com o concurso de células sexuais deferenciadas.

Simbiose: associação de dois seres de espécie distinta, com influência de um sobre o outro, ou de ambos entre si, podendo essas relações, ser úteis ou prejudiciais às duas partes, favoráveis ou nocivas para uma delas apenas.

Sinergia: ato ou esforço coordenado de vários órgãos na realização de uma função.

Sonoterapia: processo de cura em que o sono prolongado é usado como tratamento.

Sopesar: avaliar, ponderar resultados.

Tessitura: contextura; organização.

Tiranete: aquele que oprime os que dele dependem.

Transubstanciar: transformar uma coisa em outra.


Nota
:

Muitos termos técnicos usados na obra em estudo não se encontram nos dicionários que comumente consultamos. Clicando no link abaixo, o leitor terá acesso ao texto integral do livro Elucidário de Evolução em Dois Mundos, elaborado e publicado com esse propósito:
http://www.OCONSOLADOR\linkfixo\estudosespiritas\andreluiz\Elucidario.pdf



 


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