GUARACI DE LIMA SILVEIRA
glimasil@hotmail.com
Juiz de Fora, MG (Brasil)
O que é ser manso e
pacífico?
Muitos acreditam que ser
manso e pacífico é estar
predisposto a aceitações
permanentes das
intempéries naturais que
a existência possa
oferecer ao indivíduo.
Acreditam ainda que ser
manso e pacífico é ser
subserviente a qualquer
proposta, sem relutar,
reclamar, propor,
modificar.
Vejamos o exemplo de
Jesus: Ele andou como um
homem simples em meio a
um povo cheio de
lágrimas, opulências e
maldades. Em momento
algum deixou de ser o
espírito altaneiro e
virtuoso que é. Sua
mansuetude encanta a
todos que estuda Suas
lições, comportamentos e
propostas. A paz que Ele
transmitiu referenda
toda a Sua mensagem e
ações. Assim sendo, ser
manso e pacífico tem
outros atributos que
precisam ser
pesquisados.
A mansidão, segundo os
dicionários, é a
brandura de índole, mas
também é atributo do
gênio. Um espírito
genial não necessita
sobrepor-se a nada ou a
ninguém para mostrar
suas qualidades. Elas
são suas marcas, seus
aparatos, seu espelho. A
serenidade lhes é
peculiar, pois sabem dar
o passo certo para o
local exato. Sabem
esperar, sabem propor,
sabem praticar seus
misteres com
tranquilidade porque
conscientes de si
mesmos. Os gênios são
aqueles que já romperam
as barreiras do ego
inferior e buscam com
permanência os status
superiores do existir,
permitindo igualmente
que o irmão ou irmã ao
lado faça o mesmo. Neles
busca seus pares,
semelhantes que lhe
possa enriquecer numa
espetacular projeção de
crescimentos do self.
Olha o mundo não como
uma gaiola de loucos ou
uma jaula para humanos e
sim como uma feliz
oportunidade de
manipular todas as
informações contidas na
natureza e suas leis. O
manso olha para a
tempestade em fúria e vê
nela a ação do puro se
fazendo. Olha para o
fogo abrasador de um
incêndio e vê nele a
restauração de um ouro
perdido, presto a
modificações salutares e
revitalizadoras.
O manso não é aquele que
deita numa rede de
balanço e olha para o
céu como um ser estático
perante a grandiosidade
cósmica. Se deita numa
rede o faz para meditar
enquanto se enriquece
das presenças dos raios
que emanam de Deus
através da Sua Augusta e
perene criação. O manso
não é aquele que aceita
propostas indecorosas
para manter-se vivo
perante as modalidades
fétidas e passageiras de
ações infelizes
impetradas por espíritos
belicosos que nada
produzem de útil para a
sociedade. Antes, sugam
dela seus legítimos
direitos, envolvendo-se
em deveres atrozes que
lhes cobrarão ações
hercúleas num futuro.
Muitas vezes em dores
lancinantes da culpa, do
arrependimento, através
torturas físicas e
morais difíceis de serem
descritas.
O manso entende que o
dinamismo próprio para
as solturas espirituais
demanda tolerância,
indulgência e bondade.
Assim ele se estabelece
como um ser em busca da
sua própria plenitude.
Somente o ser pleno
consegue atingir os
atributos da reta
consciência. Pela
questão 615 de “O Livro
dos Espíritos” somos
informados de que a Lei
de Deus é eterna e
imutável. Enquanto não a
praticamos sofremos as
injunções das nossas
rebeldias. Sabemos hoje
que somente a prática do
bem e a consciência reta
podem nos garantir os
avanços à plenitude
espiritual. Sem
mansuetude isto é
impossível. Sem
mansuetude nossos
olhares continuarão
travessos; nossas mãos,
garras perigosas, nossos
pés buscarão trilhas e
escarpas ao invés de
caminhos. A mansuetude é
luz que guia que promove
o indivíduo a patamares
onde as observações
podem ser feitas com
maiores profundidades.
Na mansuetude respiramos
ares benfazejos porque
nos é possível
seleciona-los sem
atropelos. Na mansuetude
os esgares cedem espaços
a tudo que é convicto
porque pensado com
parcimônia. Somente na
mansuetude é possível
buscar nos seres e
propostas seus reais
valores e
credibilidades. Por isto
o gênio é manso.
Na cadência mansa do
cordeiro Jesus
estabeleceu Seu aprisco.
Na cadência mansa dos
astros a rolarem
peremptórios pelos
espaços cósmicos, Deus
estabeleceu a Casa para
morada dos Seus filhos.
Na cadência feliz dos
espíritos que se auto
descobrem a centelha
divina vai se expandido,
enriquecendo o
indivíduo, tornando-o
livre. O espírito livre
vê mais distante, vê as
entrelinhas, vê as
essências – fundamentos
primeiros das coisas e
causas, tornando-se
diferenciado,
respeitado, um dínamo
propulsor do progresso,
genial! Sabe de antemão
que o orgulho e o
egoísmo representam o
maior obstáculo ao
progresso. E reunidos
criam no ser um estado
de inconstância e
apreensões, medos e
inseguranças que o fazem
retrógrado, muitas vezes
avançado
intelectualmente e
estirado num lamaçal no
campo da moralidade.
Isto não é plenitude que
promove a mansuetude.
São desvarios que
promovem guerras
internas e externas.
O manso sabe que o
entrelaçamento dos
valores intelectuais e
morais promovem a
corrente do bem e avança
por ele e, através dele,
atinge os cumes dos seus
ideais para entendê-los
além numa feliz sucessão
de probidades
espirituais. Sabe que os
bens terrenos são apenas
passageiros e não
conduzem os seres aos
próprios “vir-a-ser” de
excelências. Ele estudou
a questão 785 de “O
Livro dos Espíritos” e
aprendeu que a
humanidade ainda não
atingiu o apogeu da
perfeição, mas que ela é
perfectível, portanto,
ele próprio é um ser
perfectível por
pertencer à raça humana.
E o ser pacífico, quem
seria ele? Um pregador
ermitão morando nas
alturas do mundo,
confortando almas em
desalinho que de quando
em vez o procura? Ou um
intérmino dialogador
silencioso conversando
infinitamente com os
vegetais numa atitude
quase ante social? Seria
um andarilho de cajado
liso a andar pelas
estradas à procura do
seu “eu” superior? Seria
ainda o mediador das
contendas a promover as
bondades em meias partes
iguais? Afirmamos que o
ser pacífico é maior e
mais aparelhado
dinamizador do progresso
real da humanidade.
Passividade não
representa
compassividade para com
o erro ou o atraso moral
e intelectual de quem
quer que seja e em qual
civilização for. Há um
provérbio chinês que
diz: “Em plena paz deves
agir com intensa
atividade e, em intensa
atividade, deves agir
com intensa paz”. Um é
perfeito corolário do
outro. Um complementa o
outro. O pacífico é,
pois aquele que
vislumbra o belo e a
perfeição, a face do bem
em todas as moedas que
encontra pelo caminho.
Sabe das temporalidades
dos eventos. Sabe das
distorções promovidas
pelos incautos, sabe das
propostas promissoras ao
surgimento de novas
alianças com a luz.
Somente o pacífico pode
ver a luz. Somente o
pacífico pode agir com
justiça, solidariedade e
amor pelas pessoas e
circunstâncias. Porque
somente naquele estado
as intuições saudáveis
podem penetrar-lhe o ser
buscando suas
profundidades de filho
de Deus.
Por isso que Jesus
disse: “Felizes são os
mansos e os pacíficos
porque eles herdarão a
Terra”. Ver em Mateus
Cap. 5 Vv. 4 e 9. E que
Terra eles herdarão?
Juntemos aqui outra
palavra do Mestre Jesus:
“Meu Reino ainda não é
deste mundo”. Ver João
Cap. 18 Vv. 33 a 37.
Ora, Ele estava defronte
Pilatos ali
representando o poder
temporal. O mesmo poder
que todas as nações do
mundo estabelecem ainda
hoje como critérios de
representatividades.
Roma era o máximo. Isto,
na pura concepção da
transitoriedade. Jesus O
representante do Poder
Divino que rege toda a
Criação através das suas
leis imutáveis porque
absolutamente justas.
Roma e Jesus o mesmo que
os reinos atuais e o
Reino Futuro. No Reino
de Jesus os brandos e os
pacíficos aprendem com
Ele, convivem com Ele,
trabalham para Ele.
Gradativamente a Terra
vem sendo saneada pelas
propostas da mansuetude
e da paz. Cada gênio que
aqui nasce ou renasce
estabelece novas
diretrizes, novos
caminhos, criando
pilares para que o
projeto do Senhor desta
humanidade possa, enfim,
estabelecer-se nos
sítios inferiores do
planeta Seu reinado é de
eficácia e luz,
liberdade para todos e
responsabilidade aliada.
Assim, os murros, socos,
pontapés, lixos orais ou
grafados, atividades
bélicas, corrupções,
negociatas,
infidelidades, drogas
lícitas ou não, mentiras
e um sem conta de
propostas e
comportamentos, filhos
eficientes do orgulho e
do egoísmo, estão com
seus dias contados neste
mundo. Como no futuro
não haverá cidades
fantasmas, esses
agêneres infelizes terão
que ser remanejados.
Para onde? Para onde
suas consciências
indicarem, suportar e
aninhar dentro dos seus
propósitos de egos
inflados ou
subservientes.
Não se trata de
amedrontamentos. De
temores a Deus, de
falácias próprias das
religiões. Trata-se de
buscas aparelhadas com a
lógica Divina.
Entendamos que tudo que
pensamos já foi antes
pensado. Tudo que não
podemos por hora
aprofundar, já foi antes
estabelecido. É assim o
universo. Ele não cresce
ou se expande através
das nossas descobertas.
É uma casa repleta de
aprendizados e
apropriações que nos
compete realizar. Não é
a ciência que cria as
coisas, ela apenas
dá-lhe os sentidos e as
formas, as
possibilidades ou não. A
filosofia não pode ser
impregnada de “achismos”.
Necessita estar isenta
para melhor analisar e
concluir. As religiões
devem aliar-se à ciência
e à filosofia para
melhor encaminhar a Deus
os Seus filhos em
trânsito pelas vias da
evolução. Não podem
estar impregnadas de
doutos, supostos
condutores de almas,
necessitando antes
melhor conduzir-se. Os
céus não são
conquistados por gritos
e tampouco são comprados
por dinheiro terreno. A
moeda que circula aqui,
somente a este mundo
pertence. A moeda dos
céus é o amor a Deus e
ao próximo como a si
mesmo. Não se compra
pedacinhos de
felicidades. Felicidades
são conquistadas com
trabalho e orientação
eficaz. Com persistência
e avanços. Não há
atropelos nas conquistas
espirituais. Vejamos os
exemplos dos embriões.
Desenvolvem-se no tempo
certo e nas condições
adequadas.
Os mansos e pacíficos
serão os governadores do
mundo do futuro. Serão
os leais e dignos
representantes de Jesus
entre as humanidades
futuras. Por isso eles
se preparam nos planos
espirituais. Tornarão
vivaz a árvore da
família. E serão
inúmeras aquelas árvores
a acolher em seus galhos
as folhas,
vivificando-as para que
cresçam, tornando-se
sementes para novas
árvores. No futuro as
famílias estarão
alinhadas entre si e com
suas frondes
direcionadas para Deus.
As famílias abraçarão a
proposta de criar e
educar com realeza os
seus membros. E pai não
matará o filho e filho
não matará a mãe e
irmãos estarão de braços
dados rumando para o
justo. Naqueles tempos
as infidelidades
conjugais ou não,
estarão banidas para
sempre do mundo e marido
e mulher entenderão seus
reais valores no cômputo
das sociedades. E juntos
erguerão diariamente um
brinde à vida por tê-los
unidos. E será um brinde
nas taças das virtudes,
recheadas de luzes e
cores provindas dos
seios cósmicos que a
tudo provê.
Os mansos e os pacíficos
caminharão sobre a Terra
em construção social
maviosa. A cidadania
avançará para as
sociedades espirituais e
a sabedoria será buscada
avidamente por todos. Os
salões de festas estarão
repletos de convivas
cônscios dos seus
deveres uns para com os
outros e saberão que os
corpos físicos contêm em
sua essência um espírito
e que na essência de
cada espírito pulsa a
centelha de Deus. Assim
se respeitarão e serão
respeitados. E não se
jogarão como dados num
tabuleiro de aventuras.
O sorriso sincero e leal
será a marca da beleza
pessoal. Também eles
estarão nas grandes
mesas dos negócios, não
para enriquecerem-se de
uma moeda de valor
apenas nominal. E sim de
valores reais que
adquirirão pelo trabalho
perfeito e em constante
busca da perfeição. As
escolas serão
transformadas em templos
e os templos em escolas.
Os hospitais em
laboratórios de
pesquisas aprofundadas e
os leitos cederão lugar
aos equipamentos de alta
precisão onde será
possível estabelecer
cada vez mais e maiores
as metas da saúde física
e espiritual.
A engenharia e a
arquitetura desenharão e
construirão no mundo as
visões alcandoradas das
mentes em plena
liberdade para ver e
sentir os planos
sublimados do além. Os
tribunais cederão lugar
a refúgios onde a
consciência possa buscar
os parâmetros legítimos
da justiça e aplica-la
em suas lidas diárias.
Por não haver violência,
não haverá processos
criminais. Por não haver
culpabilidades
individuais e coletivas,
as varas judiciais
encerrarão suas
atividades no mundo,
aliando-se ao
contingente dos
construtores eficazes
das sociedades futuras,
estabelecendo-lhes as
regras a partir da Lei
Maior em seus dez
artigos.
Podemos concluir dizendo
que ser mando e pacífico
é ser inteligente,
culto, perspicaz,
futurista, empreendedor
e representante em si do
bem e do belo. Sem esses
requisitos não se poderá
habitar na Terra em
pleno Reino de Jesus. E
dizem que este futuro já
bate às nossas portas.
Que os encaminhamentos
legais a ele devem ser
protocolados desde já,
que embainhemos nossas
espadas, que sepultemos
nossos vícios, que
modifiquemos nossa
maneira de ver e agir
sexualmente, que...
Enfim, que nos tornemos
ovelhas mansas e
pacíficas em pleno
exercício da genialidade
e do dinamismo que
proporcione o progresso
espiritual, individual e
coletivo. É a proposta
real porque vinda
Daquele que é O Caminho,
A Verdade e A Vida.
Deixemos de lado as
ideias de fim do mundo.
Energia criada, energia
perpetuada em contínuas
transformações. Isto é o
que somos. Isto é o que
é. Entender assim a vida
é ser de fato manso e
pacífico, atuante eficaz
a favor da vida em suas
múltiplas dimensões e
devidamente aparelhado
para herdar o mundo em
seu futuro glorioso.