JOSÉ REIS CHAVES
jreischaves@gmail.com
Belo Horizonte,
MG
(Brasil)
A verdade é algo
complexo e pode ser até
um paradoxo
A verdade humana é muito
instável, pois é sempre
relativa. Quando ela não
é subjetiva, mas
objetiva, é mais real,
porém é também relativa,
pois só a divina é
absoluta e, no entanto,
incompreensível por nós.
A nossa verdade sobre
Deus é, pois, relativa.
Influenciados pela
mitologia, os teólogos
antigos acabaram
antropomorfizando Deus,
e não se contentaram em
transformá-Lo em uma
pessoa, mas até em Três
Pessoas, o que para o
mundo de hoje é
insustentável diante do
próprio monoteísmo
cristão.
O apóstolo Paulo disse
para os gregos que o
Deus dele era
desconhecido (ignoto),
tal qual o deles (Atos
17: 23). Paulo se
aproxima da ideia dos
agnósticos, os quais
consideram Deus
inacessível ao nosso
entendimento. Comparemos
essa teologia paulina
com a da confusa
Santíssima Trindade!
Estou mais com Paulo,
cujo Deus é indefinido,
mas que nos leva a mais
amor a Deus, e não à
confusão sobre Ele e
medo Dele!
Os teólogos adversários
da teologia ortodoxa ou
oficial foram chamados
de hereges. Mas apoiados
pelos imperadores, os
ortodoxos transformaram
suas doutrinas em
dogmas. E quem os
negasse de público,
coitado!, era condenado,
inclusive com a morte,
e, mais tarde, era
colocado vivo na
fogueira! E, assim, os
dogmas chegaram até
hoje. Respeitemo-los,
mas são eles que estão
prejudicando seriamente
o Cristianismo. E este
inimigo é terrível, pois
o Cristianismo sempre
teve inimigos externos.
Agora, seus inimigos são
de dentro do próprio
Cristianismo, como está
acontecendo com a Igreja
e com outras igrejas
cristãs, o que não
aplaudo, mas lamento. E
o Islamismo cresce,
enquanto que o
Cristianismo decresce.
A teologia islâmica de
um Deus único, Alá, e a
espírita, da
Inteligência Suprema e
causa primeira de todas
as coisas, são mais
coerentes com a razão do
que o Deus confuso
trinitário. Dizem os
teólogos que se trata de
um mistério, o que pode
até se aproximar de
algum modo do Deus
desconhecido paulino.
Mas a coisa se complica
quando eles afirmam que
Jesus e o Espírito Santo
são também outros deuses
onipotentes iguais
Àquele verdadeiro, que
Jesus chamou de Pai Dele
e de nós. Os teólogos
agiram de boa-fé, mas
acabaram perdidos no
labirinto das
elucubrações
teológico-mitológico-politeístas.
Realmente, a verdade
humana é complexa,
paradoxal e relativa. E
ela depende também do
fator tempo. O que é
verdade hoje, amanhã
poderá não ser e
vice-versa. Jesus e Buda
não quiseram defini-la.
E por que, então, os
teólogos de hoje querem
sustentar “verdades
esquisitas”, e logo
sobre Deus, de seus
colegas antigos? Estes
erraram, mas são
justificados por seu
atraso evolucional
cultural, ou seja, por
ignorância. Porém os de
hoje erram muito mais,
pois não é tanto por
atraso cultural o seu
erro, mas é por contumaz
teimosia em quererem
manter as estranhas
“verdades” de seus
colegas do passado!
A causa de todo esse
imbróglio é que, se os
teólogos de hoje
aceitarem que seus
colegas do passado
cometeram erros
teológicos, eles, os de
hoje, têm que admitir
que eles também não são
infalíveis.
O Nazareno disse que,
para sermos seus
discípulos, temos que
renunciar até a nós
mesmos (São Mateus 16:
24).
E eis uma das grandes
verdades: o ego dos
teólogos de hoje trava
as verdades, emperrando
o Cristianismo!