Alguns leitores de nossa
revista pedem-nos com
frequência esclarecimentos a
respeito do mal de Alzheimer
e como a doutrina espírita
vê essa doença.
O assunto já foi tratado
nesta revista em três
oportunidades, como o leitor
pode conferir nos textos
seguintes:
Editorial n. 68:
http://www.oconsolador.com.br/ano2/68/editorial.html
O Espiritismo responde n.
143
http://www.oconsolador.com.br/ano3/143/oespiritismoresponde.html
Cartas n. 259
http://www.oconsolador.com.br/ano6/259/cartas.html
A propósito do assunto, o
confrade Leonardo Marmo
Moreira, colaborador de
nossa revista e conhecido
estudioso da doutrina
espírita, escreveu, a nosso
pedido, algumas
considerações a respeito do
tema, que adiante resumimos.
O mal de Alzheimer consiste
em um grave distúrbio
mnemônico ainda pouco
conhecido em suas
complexidades pela ciência
atual. Essa doença
caracteriza-se por
esquecimentos bastante
pronunciados, sobretudo da
chamada “memória curta”,
também denominada “memória
recente”. A partir de
determinado momento, a
sintomatologia vai-se
agravando e o paciente passa
também a perder a lembrança
de fatos mais distantes no
tempo, ou seja, a “memória
longa ou distante”. Por
último, o indivíduo perde a
chamada “memória da rotina”,
não conseguindo mais
desenvolver tarefas triviais
do cotidiano sem a ajuda de
outrem. É por essa razão que
os médicos e terapeutas
recomendam aos pacientes
manter a rotina, para que a
segurança no desempenho das
atividades corriqueiras do
cotidiano não seja afetada.
Exemplos bastante drásticos
de tal patologia, mas não
necessariamente raros,
abrangem casos esdrúxulos
como o paciente que passa a
guardar o relógio ou o
telefone dentro da
geladeira, ou casos como um
homem que durante toda a
vida fez perfeitamente o nó
da gravata (ou amarrou os
cadarços dos sapatos) e que,
a partir de certo momento,
passa a não mais saber fazer
tal tarefa.
A enfermidade pode ocorrer
precocemente (como, por
exemplo, em alguns pacientes
de Síndrome de Down) e, como
total, supostamente
associada à hereditariedade.
Mas, de um modo geral, o mal
de Alzheimer verifica-se em
pessoas de idade avançada –
frequentemente, a partir dos
65 anos – e, neste caso, não
teria necessariamente forte
correlação genética.
Uma das peculiaridades do
mal de Alzheimer é que seu
diagnóstico é feito
comumente por exclusão, ou
seja, a partir da eliminação
de outras hipóteses causais
para o conjunto de sintomas
de esquecimento apresentados
pelo paciente. Isso ocorre
porque outras opções de
busca do respectivo
diagnóstico envolvem,
frequentemente, métodos
altamente invasivos, como é
o caso da biópsia cerebral,
o que, obviamente, não deve
ser o procedimento de
escolha inicial por parte
dos médicos e estudiosos
dessa enfermidade.
As medidas preventivas mais
recomendadas são a atividade
física; a busca por uma
ótima condição
cardiorrespiratória; evitar
ao máximo e, se ocorrer,
controlar rigorosamente os
sintomas do diabetes; a
realização de trabalhos
intelectuais, em que se
recomenda até mesmo o
exercício de práticas como a
resolução de
palavras-cruzadas e
quebra-cabeças, entre
outras.
Estudos desenvolvidos pela
Associação Médico-Espírita
do Brasil, em que destacamos
a atuação da Dra. Alessandra
Granero, médica geriatra, e
do Dr. Décio Iandoli Júnior,
renomado professor e autor
de obras espíritas, têm
levantado – no tocante ao
Alzheimer – algumas
hipóteses de causas
espirituais, baseados em
estudos sistemáticos de
obras espíritas, como as
obras de André Luiz. Estes
estudiosos têm citado a
rigidez de caráter
(inflexibilidade), a culpa,
os processos obsessivos
graves, a depressão e os
sentimentos doentios, tais
como ódio e mágoa (sobretudo
quando mantidos a médio e
longo prazos), como causas
espirituais para a
ocorrência do mal de
Alzheimer.
É interessante que
características
intelecto-morais
relacionadas à religiosidade
aparentemente não são
facilmente perdidas, pelo
menos nas fases iniciais da
doença, o que permite com
mais facilidade recorrer a
terapias espirituais
efetivas, com a participação
ativa do paciente.
Obviamente, o papel da
família em enfermidades
desse tipo é de importância
central, tanto para a
melhoria da qualidade de
vida do paciente, quanto do
ponto de vista das questões
espirituais, pois muitas
vezes o grupo familial está
associado às causas cármicas
que poderiam estar na raiz
de tal problemática. O
acompanhamento espiritual é
fundamental também para a
família, pois os entes
queridos sofrem muito com o
gradual “distanciamento” do
ser amado, que passa por um
processo lento, porém
consistente, de perda de
interação cognitiva com os
familiares e amigos. Alguns
chegam a afirmar tratar-se
de um lento e gradual
“processo de desencarnação”.
Se analisarmos que, em
concordância com André Luiz
em “Ação e Reação”, as
tarefas desenvolvidas na
terceira idade repercutem
muito em nossa futura
condição espiritual na
erraticidade, devemos
considerar de alta
responsabilidade o esforço
dos amigos, familiares e
terapeutas, mesmo que
aparentemente improfícuo, na
melhoria das condições dos
irmãos que estão passando
por essa provação. A
necessidade de trabalho
intelectual e a tendência à
depressão denotam a
necessidade de amplo esforço
em tarefas de alto nível
intelecto-moral.
As prováveis causas
espirituais, como processos
obsessivos e atitudes de
intransigência moral, entre
outras, indicam a
necessidade de contínuo
esforço de esclarecimento
espiritual, se possível com
leitura diária de páginas
evangélico-doutrinárias e
frequência, se possível
semanal, à casa espírita
para tratamento com passes.
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