ALTAMIRANDO
CARNEIRO
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São Paulo, SP
(Brasil)
Os períodos do
Espiritismo
A Revista Espírita, que
circulou na capital
francesa durante doze
anos seguidos, de 1858 a
1869, e que foi fundada
e dirigida por Allan
Kardec, traz na edição
de dezembro de 1863 um
estudo feito por Allan
Kardec sobre os
sucessivos períodos que
seriam experimentados
pelo Espiritismo: o da
curiosidade, o
filosófico, o da luta, o
religioso, o
intermediário e o da
regeneração social.
O período da curiosidade
corresponde à época das
mesas girantes, ou mesas
falantes, porque se
locomoviam em diversas
direções e maneiras e
respondiam, por pancadas
(para sim ou para não),
a perguntas que eram
feitas. Era um fenômeno
comum em toda a Europa,
no século dezenove. De
1853 a 1855, constituíam
um passatempo para
animar a frivolidade dos
salões e a curiosidade
das massas, mas
atendiam, na verdade, a
uma determinação do
Alto, despertando as
consciências para a
imortalidade da alma e a
realidade do Espírito.
Na época, o fenômeno das
mesas girantes serviu de
atração e divertimentos
sociais. Para a Doutrina
Espírita, no entanto,
serviu de ponto de
partida para estudos
mais sérios, quanto à
comunicação entre
encarnados e
desencarnados.
Observando o fenômeno,
Allan Kardec concluiu
que “se uma mesa, que
não tem boca para falar,
cérebro para pensar e
nervos para sentir, dá
respostas inteligentes,
é porque atrás dela tem
algo inteligente”.
Em O Livro dos Médiuns,
item 77, Allan Kardec
explica o fenômeno:
“Quando, pois, um objeto
é movido, erguido ou
atirado no ar, o
Espírito não o pegou,
não o ergueu nem o
atirou como nós o
fazemos com as mãos. Ele
o saturou, por assim
dizer, com o seu fluido,
combinado com o do
médium. O objeto, assim
momentaneamente
vivificado, age como um
ser vivo, com a
diferença de não ter
vontade própria e
obedecer ao impulso da
vontade do Espírito”.
O período filosófico foi
marcado pela publicação
de O Livro dos
Espíritos, cuja primeira
edição surgiu em 18 de
abril de 1857, com 501
perguntas de Allan
Kardec e as respostas
dos Espíritos às
questões importantes do
conhecimento humano.
Contém, escritas em
negrito, explicações de
Allan Kardec, em
complementação a alguns
assuntos relacionados.
A segunda (e definitiva)
edição surgiu em 16 de
março de 1860, com 1.019
questões.
O período da luta foi
assinalado pelo
auto-de-fé de Barcelona,
que aconteceu em 9 de
outubro de 1861, com a
queima, em praça
pública, de exemplares
de O Livro dos
Espíritos, O Livro dos
Médiuns, coleções da
Revista Espírita e
diversas obras e
brochuras espíritas, num
total de 300 volumes,
enviados por Allan
Kardec ao editor Maurice
Lachâtre, estabelecido
em Barcelona. Os livros
foram interceptados no
Correio pelo bispo de
Barcelona, Don Antônio
Palau Y Termens, que
ordenou a queima dos
mesmos na fogueira da
Inquisição.
O ato infame foi
cometido às dez horas e
meia da manhã sobre a
colina da cidade de
Barcelona, no lugar onde
eram executados os
condenados à pena
máxima.
Anunciada a queima dos
livros, Allan Kardec
consultou o seu guia
espiritual sobre se
deveria reclamar junto
às autoridades
espanholas, obtendo a
resposta: “Tens o
direito de reclamar a
devolução das obras e
certamente as terás de
volta desde que faças a
reclamação por
intermédio do Ministério
das Relações Exteriores
de França; a minha
opinião porém é que
maior bem resultará do
auto-de-fé, que da
leitura de alguns
volumes. A perda
material será
grandemente compensada
pela repercussão que
terá o ato da queima dos
livros – o que
concorrerá para a
propaganda da doutrina.
Compreendes quanto uma
perseguição tão ridícula
e tão retrógrada pode
fazer progredir o
Espiritismo na Espanha?
As ideias espalhar-se-ão
com tanto mais rapidez,
quanto maior for o
escândalo da
condenação”.
Dito e feito. O fato, ao
invés de denegrir o
Espiritismo, serviu para
o engrandecimento da
Doutrina Espírita; como
a Fênix, a ave que na
mitologia egípcia,
depois de queimada,
surge das próprias
cinzas.
O período religioso é
este que estamos
vivendo, quando são
traçadas as diretrizes
para a regeneração moral
do homem, quando as
luzes do Evangelho se
espalham em todas as
direções, convidando a
todos para um viver mais
feliz, na exemplificação
dos ensinamentos de
Jesus, que ensinou o
homem a pensar e lançou
as bases para a fé
raciocinada, valorizada
pela Doutrina Espírita.
O período intermediário
será a continuação deste
período que estamos
vivendo.
O período de regeneração
social acontecerá quando
a Terra passar de mundo
de expiação e provas e
atingir a categoria de
mundo de regeneração. É
quando a Humanidade que
povoará a Terra será
composta por pessoas que
somente desejem o bem.
As pessoas que
atualmente estão
voltadas à prática do
bem terão a oportunidade
de voltarem à Terra numa
próxima reencarnação,
para continuarem a
desenvolver o bom
trabalho que
desenvolveram aqui, em
prol do progresso da
própria Terra. Quanto
àqueles que, hoje, estão
barbarizando e
espalhando a violência,
a grande maioria deles
não poderá mais retornar
para cá, indo reencarnar
em um mundo atrasado,
que esteja de acordo com
a evolução que conseguiu
alcançar, aqui. Não é
que, nesses casos, o
Espírito regrida. Na sua
caminhada, ele jamais
regride. No caso, o
Espírito fica no estado
estacionário em que se
encontra, para daí
seguir a sua caminhada,
rumo à sua evolução.
Neste período de
regeneração social
predominarão os valores
cristãos, baseados na
caridade, na humildade e
no amor ao próximo. Os
homens desfraldarão
somente a bandeira da
união e da
solidariedade.