JULIANA DEMARCHI
julianagodoydemarchi@yahoo.com.br
Cambé, PR
(Brasil)
Voltando o olhar
para as aves dos
céus e os lírios
do campo
Como Espíritos
imortais que
somos, vivemos
uma vida entre
mundos, na qual
as palavras do
Cristo são
lâmpada
para os
pés e luz para o
caminho
Já se foram mais
de dois mil anos
que o Espírito
de maior
envergadura, o
governador de
nosso planeta –
Jesus Cristo –
encarnou entre
nós, e mesmo
depois de tanto
tempo, Suas
palavras não
foram
esquecidas.
Simbolizando o
primeiro
cavaleiro citado
no livro do
Apocalipse, o
Seu Evangelho
percorre o
mundo, tendo
saído
“vencendo e para
vencer”, e
mais do que
isto, atravessa
nossas almas a
cada vida que
vivemos,
conquistando aos
poucos o terreno
árido de nossos
corações.
Seus
ensinamentos não
caíram no
esquecimento
porque, de uma
maneira
extraordinária e
única, Ele
dominava como
ninguém a arte
da retórica, e
muito, muito
mais do que
simplesmente
manejar bem as
palavras, nos
deu o exemplo de
amor em tudo o
que viveu. Ao
falar com os
discípulos sobre
Sua partida,
eles perguntam
desconsolados,
“para onde
iremos Senhor,
se só Tu tens as
palavras de
vida?”. Não
somos
diferentes. Para
onde iremos sem
as palavras
Dele? Quantas
vezes sentamos à
beira do caminho
e, estacionados
no tempo,
olhamos somente
para nosso
mundo,
vislumbrando
limitações e
fracassos
inerentes à
condição humana.
Damos asas às
ilusões e elas
nos arrastam
para longe dos
objetivos que
compõem nossa
programação
reencarnatória,
pelo simples
fato de sermos
cegos.
Acredito que um
dos nossos
maiores
problemas seja
nossa visão
prejudicada pela
miopia
espiritual da
qual padecemos,
o que se agrava
ainda mais
quando se refere
a grupos,
enquadrando-se
no que Jesus
alertou, “um
cego guiando a
outro cego, rumo
à cova”. Em
outro trecho do
Evangelho, Ele
diz que “os
olhos são a
candeia do
corpo”. E viva a
ciência! Pois ao
longo do tempo
vem desvendando
grandes segredos
do micro e do
macrocosmo em
que estamos
submersos, e,
assim, podemos
usar o
conhecimento
para compreender
um pouco mais
sobre o que nos
falava o Senhor.
O olho humano é
composto pelas
mesmas células
da glândula
pineal, que é
tida pelos
indianos como o
“terceiro olho”
e nós espíritas
a chamamos de a
“glândula da
mediunidade”.
Com a pineal
somos o
equivalente a
sapos na beira
da lagoa, com os
pés atolados na
lama, porém
ainda capazes de
contemplar o
manto de
estrelas.
Através dela,
nossas
experiências
transcendem a
limitação da
matéria e
podemos receber
as ondas
vibracionais do
plano
espiritual,
traduzindo-as
nas mais
variadas formas
de fenômenos,
entre eles
clarividência,
clariaudiência,
psicofonia e
muitas outras. O
processo todo se
dá com a entrada
das ondas
luminosas no
cérebro através
dos olhos – a
candeia que se
acende
estimulando o
funcionamento da
pineal. A
glândula possui
em seu interior
cristais
minúsculos de
apatita, capazes
de captar estas
ondas num
mecanismo
semelhante aos
aparelhos
celulares.
Portanto, quando
Jesus diz que os
olhos são uma
espécie de
lâmpada, penso
eu, que esta
descrição
fisiológica se
encaixa
perfeitamente
aqui.
Paralelo às
palavras do
Mestre galileu,
gostaria de
incluir o que
foi dito dentro
da mesma linha
de raciocínio,
pelo outro
mestre, desta
feita, o
renascentista
italiano,
Leonardo da
Vinci, “os olhos
são as janelas
da alma e o
espelho do
mundo”. Quando
nosso coração
está inundado de
emoção, são eles
que liberam as
torrentes de
lágrimas, como
se nossas
comportas
tivessem sido
superadas e
estivéssemos
vazando os
sentimentos.
Quando
afivelamos as
máscaras da
mentira, os
olhos destoam
porque são
testemunhas
fiéis e
incorruptíveis
do que vai em
nossa alma. E
como diria o
poeta – “um
olhar fala mais
que mil
palavras”.
Como Espíritos
imortais vivendo
em processo
encarnado,
passamos por
experiências de
fronteira, ou
seja, vivemos
entre a tênue
linha que separa
as coisas
físicas das do
Espírito, e
nesta fantástica
divisa a fé faz
toda a
diferença, pois
é a certeza das
coisas que se
esperam e a
convicção do que
ainda não se vê.
Cada dia mais
admiro e
agradeço a Deus
por ter acesso à
doutrina
espírita, em
especial, ao
trabalho ímpar
realizado pelo
professor
Rivail, que, em
sua humildade e
abnegação,
serviu de
instrumento aos
Espíritos e nos
legou um
compêndio de
sabedoria e luz.
Estamos
caminhando para
dois séculos de
sua obra e não
encontramos
sinais de
defasagem, pelo
contrário, a
própria ciência
corrobora com
suas descobertas
a realidade
espírita. A
recente
confirmação do
Bóson de Higgs,
ou Partícula de
Deus, evoca o
que Kardec
tratou como
Fluido Cósmico
Universal, a
matéria prima
que permeia a
tudo e a todos
no universo.
Segundo os
cientistas, esta
seria uma
partícula
formadora de um
campo de força
surgido logo
após o Big Bang.
Na Gênese, o
próprio Kardec
frisou, “o
Espiritismo e a
ciência
caminharão lado
a lado, mas onde
a ciência se
detiver, ele
avançará”. Este
avanço se dá
porque a visão,
que é
fundamental, não
se fixa apenas
em aspectos que
podem ser
mensurados,
catalogados ou
experimentados
dentro de quatro
paredes de um
laboratório, ela
se expande em
horizontes que
estão muito
além, não se
limitando, mas
ao mesmo tempo
não partilhando
do fantasioso.
Portanto, que
possamos aceitar
o convite feito
por Jesus para
voltarmos nosso
olhar para as
aves dos céus e
os lírios do
campo, ou seja,
buscar a
verdadeira
sabedoria nos
seres mais
simples da
escala
evolutiva, onde
o princípio
espiritual
estagia com a
força de sua
plenitude e a
graça de sua
leveza. Segundo
Léon Denis, o
princípio
espiritual
“agita-se no
vegetal e sonha
no animal”, mas
ao chegarmos ao
patamar da
humanidade
podemos
gradativamente
esquecer a
agitação dos
sentimentos,
imersos numa
rotina autômata.
Deixar para trás
a beleza dos
sonhos, em troca
de uma realidade
cruel e sem
sentido. Animais
e flores não
estão aqui
tão-somente para
servir ou
ornamentar, mas
são capazes de
oferecer
constantes
lições de
aprendizado a
cada um de nós.
É inexorável o
fato de subirmos
os degraus da
evolução, mas
não podemos
deixar para trás
os valores
arduamente
aquinhoados, ou
trocarmos os
verdadeiros
tesouros da alma
pelo pó da
estrada, na vã
justificativa de
termos nos
tornado
complexos
demais. Enquanto
o sentido da
vida pode se
esgueirar na
amizade
desinteressada
de um cão ou na
singeleza de uma
flor, a pior de
todas as
cegueiras pode
nos impedir de
ver o que de
fato é real em
todos os planos,
que é o amor.