A. Além do "Clube do
Otimismo", que outro
serviço Rafael implantou
no leprosário?
Ele implantou no
leprosário um núcleo
espírita, cujas
primeiras reuniões foram
realizadas no “Clube do
Otimismo”.
(Tramas do Destino, cap.
28, pp. 273 e 274.)
B. Qual era o estado
psicológico de Lisandra
ao ser internada na
Colônia de hansenianos?
Consciente das
necessidades evolutivas
e espírita lúcida, ela
mesma solicitou o
internamento no
leprosário. Submetia-se,
pois, confiante, aos
desígnios superiores da
vida, sorvendo toda a
amargura que lhe
restava. Resignada e
confiante em Deus, a
jovem estava realmente
mudada. A reencarnação
lhe projetara luz nos
inúmeros porquês que a
afligiam. Entendia,
assim, que ela deveria
agora conviver com
aqueles que, à sua
semelhança, eram
comensais dos mesmos
delitos.
(Obra citada, cap. 28,
pp. 275 a 278.)
C. Como desencarnou
Lisandra?
Lisandra contou à amiga
Lisabete que na véspera
havia sonhado com sua
avó Adelaide, que lhe
explicara haver chegado
o momento de sua
libertação. Lisa
falou-lhe, sinceramente
comovida, que sentiria
muito a sua falta, mas
Lisandra lembrou-lhe que
a morte não significaria
afastamento: elas
continuariam juntas. E
aproveitou para
agradecer tudo quanto
recebera em sua casa.
"Rogo-lhes informar à
mamãe, à titia que os
meus últimos pensamentos
estão sendo para o
Senhor e para elas...
Gostaria muito de
dizer-lhes quanto as amo
e não mereci poder
fazê-lo... Que me
perdoem tudo...", foram
as últimas palavras da
filha de Artêmis,
porque, logo após um
desmaio, ela não mais
volveu à lucidez física,
desencarnando ao
anoitecer.
(Obra citada, cap. 29,
pp. 281 e 282.)
Texto para leitura
121. Rafael funda
um núcleo espírita na
Colônia - As
disciplinas morais, os
deveres espirituais
cultivados em família
promovem o progresso de
seus membros, ainda que
procedentes das faixas
inferiores da evolução,
corrigindo más
tendências, semeando
ideias de solidariedade,
ordem e justiça, com
que, de alguma forma,
contribuirão para uma
humanidade mais
equilibrada. Tal não
ocorrendo no lar, serão
os promotores das
desditas individuais e
coletivas, apoiados no
desculpismo e na
insanidade das
justificações com que
pretendem transferir as
responsabilidades do
próprio fracasso aos
pais e às gerações
transatas. A família
cristã deve, pois, ser
mais do que uma
esperança para o futuro
bem da sociedade
terrestre, senão
alentadora realidade do
presente. Na Colônia de
Hansenianos, as
atividades desenvolvidas
por Rafael no "Clube do
Otimismo" passaram a ser
de alta valia para
aquela comunidade
segregada. Prosseguindo
seu labor, ele solicitou
lhe fosse permitido
abrir ali uma célula
espírita para estudo e
prática da Doutrina
codificada por Kardec, o
que lhe foi concedido,
tendo-se em vista a
folha de serviços
desinteressados que
mantinha no Leprocômio.
Até as duas irmãs de
caridade, que ali se
entregavam ao socorro de
pacientes, não
apresentaram nenhuma
ponderação contrária, em
razão dos requisitos
morais e das atividades
desenvolvidas pelo
apelante. Um ano,
portanto, depois da
egressão, Rafael
conseguia distender
publicamente a quem
interessasse, sem
qualquer
constrangimento, a
orientação
espírita-cristã. As
primeiras reuniões
tiveram lugar no "Clube
do Otimismo", onde
Cândido desvelou a sua
convicção entre aplausos
e emoções de todos
quantos o amavam e o
consideravam diferente,
em face do comportamento
superior a que sempre
se dispôs. Dr. Armando
Passos deu início, no
Centro Espírita, a uma
campanha pró-construção
da pequena sede do
Núcleo, na Colônia, onde
se poderiam ministrar as
valiosas lições
espíritas e os recursos
do passe e da água
magnetizada. Enquanto
isso, veio a notícia de
que a permanência de
Lisandra deveria ser
dilatada, tendo em vista
a necessidade de
fixar-se nas disposições
da saúde mental. Como
já estava cooperando no
Frenocômio, na condição
de auxiliar de
enfermagem, e residindo
com Lisa e seus pais,
era conveniente que se
protelasse um pouco mais
a sua estada ali, de
modo que sua
recuperação não
corresse perigos. (Cap.
28, pp. 273 e 274)
122. Retorna a
hanseníase em Lisandra e
ela se interna -
Na semana do casamento
de Gilberto, Lisandra
escreveu-lhe longa
carta, repassada de
ternura, em que rogava
aos nubentes perdão
pelos problemas que lhes
causara e demonstrava
sincero, profundo
desejo de ressarcir-lhes
os incômodos, as
preocupações, buscando
ser útil de alguma forma
no futuro. A carta
produziu efeito
imediato. Gilberto,
comovido, pela primeira
vez experimentou sincera
piedade, e uma abençoada
onda de ternura o
envolveu em relação à
irmã. A jovem passou a
apresentar, contudo,
apesar do melhor
equilíbrio psíquico,
alterações quanto à
saúde física. Como
Lisabete e seus
familiares já
conhecessem os
distúrbios anteriores de
que ela fora vítima,
resolveu-se consultar um
leprólogo local que,
feitos os exames
específicos, constatou o
retorno da hanseníase.
Colhidos pelo grave
diagnóstico, e não
podendo ocultar-lhe os
resultados, os amigos
sugeriram-lhe a
repetição do tratamento
em circunstâncias
equivalentes à da
primeira vez. Lisandra,
consciente das
necessidades evolutivas,
espírita lúcida, após
informar os pais sobre a
ocorrência,
confortando-os,
solicitou o
internamento. Isso não
lhe constituiria nenhum
desdouro. Ela
submetia-se, confiante,
aos desígnios superiores
da vida, sorvendo toda a
amargura que lhe
restava. Lisabete quis
demovê-la do intento,
mas a jovem estava
diferente, resignada e
confiante em Deus. A
reencarnação lhe
projetara luz nos
inúmeros porquês que a
afligiam. Entendia,
assim, que ela deveria
agora conviver com
aqueles que, à sua
semelhança, eram
comensais dos mesmos
delitos. Com os
conhecimentos espíritas,
poderia animá-los e com
a pequena experiência de
auxiliar de enfermagem
poderia ser útil à
Colônia. A despedida de
Lisa foi comovente.
Lisandra tinha intuição
de que não mais voltaria
a ver seus familiares
com a visão terrena e
pediu à amiga que
dissesse a Artêmis,
Rafael, Gilberto e
Hermelinda quanto ela os
amara, e amava ainda, e
quanto sofria por
havê-los afligido
durante o longo exílio.
"Após a minha partida,
embora não possua mérito
algum", acentuou a
hanseniana, "rogarei a
Jesus abençoá-los e me
irmanarei aos diligentes
operários da Caridade, a
fim de diminuir-lhes as
provas e dores... Que
estendam à Epifânia, ao
Cândido, ao Dr. Armando
a minha infinita
gratidão..." Enquanto as
duas jovens amigas
dialogavam, Adelaide
inspirava a enferma,
mantendo a sustentação
de suas forças, no
momento importante da
existência. Dois dias
depois, ela deu ingresso
na Colônia de
hansenianos da cidade em
que então se encontrava.
Os Fergusons não puderam
reter as lágrimas quando
tais notícias chegaram a
seu lar, e o pranto só
pôde ser dominado quando
Hermelinda, inspirada
por Natércio, leu a
lição "Bem-aventurados
os aflitos", constante
do cap. V d' O Evangelho
segundo o Espiritismo,
cujo texto, muito
conhecido de todos,
adquiria nova dimensão e
profundo significado
naquele dorido momento.
Lisandra, efetivamente,
tal como fora intuída,
não volveria em corpo
físico, na atual
conjuntura expurgadora,
ao seio da família.
(Cap. 28, pp. 275 a
278)
123. O estado de
Lisandra se agrava
- Apesar da fé robusta
que exornava o espírito
da família Ferguson,
retornaram à
sensibilidade de
Artêmis as apreensões
anteriores, a
expectativa lúrida de
notícias mais
afligentes. Ela
recordava a filha
querida e revia-a sempre
melancólica e triste,
transitando pela áspera
senda dos resgates, sem
que houvesse fruído as
alegrias inocentes da
quadra primaveril. Sua
vontade era poder
revê-la e afagar-lhe a
cabeça febril. Nessas
evocações, o afeto
maternal desatava em
lágrimas de imensa
agonia, no silêncio da
noite, para não inspirar
desânimo ou pessimismo
ao esposo. A prece era
para ela o lenço
enxugador do pranto e da
transpiração da agonia.
No mergulho da oração a
que se entregava,
confiante, suplicava à
Mãe Santíssima que
amparasse a filhinha
trucidada pela força do
imperioso ressarcimento.
O sono a tomava, então,
já avançadas as horas,
quando, exaurida, era
vencida pelo cansaço.
Gilberto, apesar do
clima de felicidade
conjugal, tinha a alma
pungida ante a recidiva
da hanseníase em
Lisandra. Uma ternura
nascida da piedade
emoldurava a memória da
irmã ausente, e Tamíris
se associava a ele na
mesma dor. Na Colônia,
Lisandra sofria então
acúleos do novo
testemunho. Acolhida com
espírito de caridade
pelas religiosas da
Colônia, ocupou uma
câmara agradável na
Enfermaria feminina,
podendo ficar a sós.
Graças à devotada amiga
Lisa, o quarto da
enferma parecia um
cômodo de jovem sadia.
Iniciado o tratamento, o
organismo da jovem
reagiu violentamente,
inspirando cuidados e
vigilância especiais. A
febre irrompeu
devoradora e ela padeceu
delírios prolongados,
nos quais as imagens
depressivas do passado
eram liberadas em
explosões de riso e
lágrimas alternadas, sob
cujo efeito o corpo
debilitado mais se
depauperava. Uma semana
depois, a
enfermeira-chefe,
Carlinda, percebeu que
Lisandra não resistiria
por muito tempo. No
prontuário da enferma,
viu que esta possuía uma
disfunção cardíaca e
compreendeu que as
circunstâncias
culminariam por
vencê-la. Resolveu,
então, telefonar a
Lisabete, dando-lhe
ciência do delicado
estado da paciente.
(Cap. 29, pp. 279 a
281)
124. Lisandra
desencarna -
Lisa e seu pai foram
visitar a amiga, que
falava com muita
dificuldade. Lisandra
contou-lhes que na
véspera havia sonhado
com sua avó Adelaide,
que lhe explicara haver
chegado o momento de sua
libertação, depois do
demorado cativeiro.
Lisa falou-lhe,
sinceramente comovida,
que sentiria muito a sua
falta, mas Lisandra
lembrou-lhe que a morte
não significaria
afastamento: elas
continuariam juntas. E
aproveitou para
agradecer tudo quanto
recebera em sua casa.
"Rogo-lhes informar à
mamãe, à titia que os
meus últimos pensamentos
estão sendo para o
Senhor e para elas...
Gostaria muito de
dizer-lhes quanto as amo
e não mereci poder
fazê-lo... Que me
perdoem tudo...", foram
as últimas palavras da
filha de Artêmis,
porque, logo após um
desmaio, ela não mais
volveu à lucidez física,
desencarnando ao
anoitecer. Natércio,
avisado previamente por
Adelaide, acorreu na
hora aprazada para
deslindar o Espírito das
últimas vinculações e
dos liames com o
corpo... À noite, foi
expedido telegrama à
família e o féretro se
realizou no dia
imediato. (Cap. 29, pp.
281 e 282)
(Continua no próximo
número.)