GUARACI DE LIMA SILVEIRA
guaracisilveira@gmail.com
Juiz de Fora, MG (Brasil)
Tempos novos. Velhos
hábitos?
Toda a natureza se
comporta de alguma
forma. Naquelas em que o
instinto vige, o
comportamento parece
uniforme, com pequenas
variações de acordo com
a parcela da
inteligência rudimentar
que começa a surgir.
Exemplo rápido, algumas
espécies de macacos que
já conseguem utilizar
pequenas ferramentas
para melhor conseguirem
seus alimentos. Uma
infinidade de estudos
pode ser empreendida nos
comportamentos dos
irracionais. Sempre
impressionam pela
sutileza,
multidiversidade e
sofisticação. Como
viemos de lá, desde cedo
lidamos com este
assunto. Nós humanos nos
comportamos de acordo
com nossas culturas,
tradições, pressões e
histórico individual.
Cada qual tem sua
história. Cada qual tem
suas respostas.
Verdade é que vivemos
dentro do nosso universo
particular. O que já
conseguimos perceber de
tudo o que nos cerca
significa o reflexo dos
avanços que já fizemos
em nossa maneira de
olhar e entender e
racionalizar a partir da
lógica. Tudo o que
ocorre à nossa volta faz
parte do lado de fora de
nós. Para esta relação
nos utilizamos dos cinco
sentidos. Eles nos
capacitam a ver, tocar,
cheirar, ouvir e sentir
o gosto das coisas, de
tudo aquilo que nos
rodeia. Temos uma
estrutura psíquica
formada desde milênios
nas múltiplas
experiências vividas a
partir da mônada divina
quando se desprendeu de
Deus e foi buscar sua
evolução. Como somos
singulares em Deus, cada
qual vivenciou no tempo
à sua maneira. Isto é
particular de cada ser,
donde não podemos exigir
que o outro faça
exatamente o que
fazemos. Todos podem
chegar a um resultado
único seguindo caminhos
diferentes. É isto que
torna a evolução
satisfatória e diferente
para cada ser.
Ora, segundo Jung, o ego
é o centro da
consciência e um dos
maiores arquétipos da
personalidade. Ele
fornece um sentido de
consistência e direção
em nossas vidas
conscientes. Ainda, de
acordo com Jung, a
princípio a psique é
apenas o inconsciente. O
ego emerge dele e reúne
numerosas experiências e
memórias, desenvolvendo
a divisão entre o
inconsciente e o
consciente. É, pois um
estágio de transição
entre o que já foi
vivido com o
despertamento do self, o
“eu interno” ou o “em si
mesmo”. O ego assume
várias personas que são
as máscaras criadas para
cada situação. Eis aí a
grande diferença entre
os indivíduos. Tudo vai
depender da forma como
cada qual trabalha seus
recursos mnemônicos e
suas libertações dos
mitos, ritos e tabus, ou
não. Daí a enorme
diferença entre as
pessoas. Cada qual
vivenciando o que já se
autoconstruiu.
Não raro estamos
condicionados a vários
tipos de comportamento
padrão, existentes no
meio social ao qual
pertencemos, colocando
ainda a herança familiar
nos quesitos da ética e
da moral, lições de
berço. Como somos
Espíritos reencarnados,
cada qual traz um
projeto e um histórico.
Ao adentrarmos o seio
familiar e
concomitantemente o
social, começamos a
reagir de acordo com
nossas tendências. Assim
é que as crianças muitas
vezes têm um início de
encarnação totalmente
diferente do que vai ser
quando chegar à
adolescência e à fase
adulta. Muitos
educadores e pais buscam
encontrar um modelo de
educar. Muito difícil
tal tentativa. Cada
criança deve ser
observada em suas
reações. Assim, pais e
educadores necessitam
agir como cientistas que
trabalham em seus
laboratórios, num
processo empírico, às
vezes, solitários, de
experimentação e
anotação dos resultados.
Quando vemos um cérebro
e lemos André Luiz
dizendo que ele é o
ninho da mente, é bom
que aprofundemos um
pouco mais nossas
definições acerca dos
comportamentos. A mente
vem de longe. O cérebro
é, de agora, agente que
reflete o que cada um é.
Dentro deste complexo
chamado evolução, cada
qual está num grau.
Minha avó dizia que “os
dedos da mão não são
iguais”. Ela estava
certa. Os filhos se
diferem. As lições
padronizadas do bem ou
do mal sofrem alterações
quando entram no
universo de cada um.
Segundo Paolo Pieri da
Associação Internacional
de Psicologia Analítica
da Universidade de
Florença, Itália, “...
os procedimentos
racionais são efeitos do
inconsciente de
reconduzir todo elemento
psíquico que observa aos
saberes que ela própria
já constituiu”. Então
cada pessoa reagirá a um
estímulo de acordo com
seu patrimônio psíquico.
É sempre bom relembrar
que vemos e presenciamos
tudo de acordo com as
expansões da mônada
divina que somos.
Os comportamentos partem
dessa premissa. Um
indivíduo que ainda não
vivenciou as
possibilidades dos
aprendizados de grande
estrutura cognitiva não
consegue entender o que
outro já entende com
facilidade. Da mesma
forma as reações
comportamentais seguirão
a ordem dos processos
ético-sociais e morais
que já aglutinamos e
depuramos ao longo da
nossa milenar
experiência evolutiva.
Dentro da Pedagogia de
Jesus verificamos que o
Mestre sempre propunha.
Suas lições de alto grau
de profundidade podem
ser apreendidas por todo
tipo de mente no degrau
evolutivo em que se
situe. Há pessoas que
entendem que “dar a
outra face” significa
virar o rosto para que o
agressor bata no outro
lado. Há outros que
entendem que Jesus dizia
das faces de uma moeda
ou um papel. Se alguém
lhe jogar pedras,
devolva-lhe flores,
correspondendo à outra
face daquela ação.
O prof. Carlos Torres
Pastorino sabiamente
colocou no livro:
Impermanência e
Imortalidade,
psicografia de Divaldo
Franco, que “um
comportamento dinâmico
sob inspiração dos
sentimentos do ser
profundo não opera
cansaço nem sofreguidão,
não produz inquietação,
nem marasmo, porque é
sempre renovador em face
da vitalidade que
possui”. Eis um conteúdo
que pode alavancar
nossas mudanças de
comportamentos.
Comumente se acha que
mudar paradigmas é
tarefa difícil.
Imaginemos alguém que
reencarna no Brasil
vindo de um país que
ainda pune com
chibatadas alguns tipos
de comportamentos. Essa
pessoa certamente terá
dificuldades em viver
aqui desde o início da
sua encarnação.
Possivelmente terá um
comportamento arredio,
medroso, especulativo.
Precisará conhecer a
nova sociedade.
Precisará se envolver
com novas formas de
práticas religiosas aqui
existentes e,
certamente, buscará
aquela que mais se
aproximar da sua antiga
crença, quiçá, retorna a
ela através de
reencontros com pessoas
da sua antiga etnia.
Quantas vezes nos
deparamos com irmãos
quase que alienados do
contexto social vivido
aqui. Não conseguem se
adaptar e levam tempo
para tal ou até mesmo
nunca conseguem e
desencarnam sem mudar
antigos hábitos,
remanescentes do seu
passado. O lado
contrário também. Um
brasileiro reencarnado
numa região do oriente
médio certamente terá
grandes dificuldades em
adequar-se às leis que
regem aquelas
sociedades, tendo em
vista que o islamismo,
diferente das religiões
aqui praticadas em
grande escala, é, ali,
quase religião oficial.
Seria um brasileiro,
renascido naquelas
terras, um rebelde
comportamental? No outro
exemplo seria um antigo
islâmico, também aqui
renascido, um
desajustado social? São
as tais diferenças que
necessitam estudos e não
julgamentos tácitos,
apriorísticos.
Por isso mesmo que Jesus
propôs a fundação do Seu
Reino na Terra. Quando
isto ocorrer, as pessoas
falarão uma mesma língua
comportamental, pois que
o Cristianismo, além de
informar, liberta. Além
de instruir, expande
consciências. Atualmente
o que se vê é um
conjunto de
comportamentos
setorizados seguindo
mais ou menos um padrão.
E, dentro desses núcleos
comportamentais, seus
membros diferem da lei
geral, motivados por seu
livre-arbítrio. Quando
nos é proposta a reforma
íntima, os objetivos a
serem alcançados são uma
melhor justaposição dos
membros sociais,
adequando-os não só para
a vida como encarnados e
sim após a encarnação.
Sabemos que os planos
espirituais mais
evoluídos respeitam o
livre-arbítrio, mas seus
moradores participam de
um modelo superior de
consciência pela
racionalização, pela
lógica e pelos
sentimentos elevados.
De novo vamos citar o
Prof. Pastorino, agora
na obra: Técnica da
Mediunidade. Segundo ele
são vários os planos que
nos permeiam. A começar
pelo mais puro, temos o
Plano Divino, depois o
Plano Monádico, habitado
por consciências que já
despertaram em si o
Cristo Interno. Após, o
Plano Espiritual, onde
residem os seres
transcendentes. Depois o
Plano Mental, onde
residem os Espíritos que
estão no estágio de
Homem para cima, noutra
faixa da evolução. Em
seguida temos o Plano
Astral, que nos rodeia.
Mais conhecido como
plano espiritual, para
onde a grande maioria da
humanidade vai quando
desencarna ou que ali se
encontra aguardando sua
encarnação e, por
último, o Plano Físico,
este em que nos
encontramos. Ou seja,
estamos envolvidos num
processo de
interpenetração onde
cada qual comporta de
acordo com seu estágio.
Dialogando com as
páginas daquele livro,
concluímos que o
importante é que todos
nós passemos a nos
nutrir de bons
pensamentos, que vão
gerar boas palavras e
boas ações. Como aqueles
campos são regidos por
faixas de frequências,
estaremos atraindo as
mais altas frequências
que nos capacitarão a
maiores entendimentos da
vida e suas propostas. O
tempo de passar pela
vida deixando que ela
nos leve já está
perdido. Kardec nos diz
em A Gênese, capítulo
18, item 27, que: “...
No dizer dos Espíritos,
a Terra não deve ser
transformada por um
cataclismo que anulará
subitamente uma geração.
A geração atual
desaparecerá
gradualmente, e a nova
lhe sucederá do mesmo
modo, sem que nada seja
mudado na ordem natural
das coisas...”.
Novos Espíritos mais
evoluídos já estão
renascendo. Serão eles
os precursores da nova
civilização. Eles
mudarão o projeto de
educar, pois
necessitarão mais e
exigirão muito. Eles
varrerão o uso das
drogas lícitas ou não,
por elas não se fazerem
representar em seus
conteúdos ético-morais e
transcendentes. Eles
erguerão as novas
balizas sociais. E já se
encontra entre nós uma
grande quantidade desses
irmãos vindos dos planos
superiores da Terra, ou,
como disse Manoel
Philomeno de Miranda em
“Transição Planetária”,
virão de outros orbes. E
como não têm história
gravada por aqui, serão
livres para obrarem, uma
vez que não terão
adversários formais em
seus encalços. É
necessário e de bom
senso anexar estas
informações aos nossos
conteúdos vivenciais
diários e em nossos
projetos futuros.
Vejamos quais são os
nossos comportamentos
atuais. O que mais
gostamos, desejamos e
buscamos. Observemos
qual a relação deles com
o Evangelho de Jesus.
Não o Evangelho
religioso e sim o
crístico. Ou seja, o
Evangelho que toca nossa
intimidade e nos convida
a modificar ações.
Analíticos dizem que
predomina atualmente nos
meios sociais a geração
Z – aqueles renascidos
entre 1993 a 2010. Estão
hoje entre um ano a
dezoito anos de idade.
Segundo dizem é uma
geração privilegiada
porque recebeu muita
coisa pronta e desde
criança podem manipular
informações de forma
digital, bem como buscar
conhecimentos. São
empreendedores e adoram
quebrar paradigmas e com
senso crítico muito
apurado. São estes os
novos irmãos que estão
chegando ao plano
físico. Como os estamos
recebendo? É preciso nos
adaptar. Com todo
respeito ao dizer, mas
existem pessoas que não
mudam uma vírgula dos
seus hábitos. São os
famosos “teimosos”,
“cabeças duras”,
“intransigentes”, que
fazem da sua palavra uma
lei, dos seus “achismos”
a mais absoluta verdade.
Será que chegarão à
velhice como ranzinzas e
estorvos para os filhos
e netos? Há pessoas que
não se completam de
forma alguma numa
atividade de cunho
religioso ou
assistencial. Não
suportam ouvir uma
palestra espírita. Não
aguentam ou não têm
tempo para assistir a um
documentário televiso
que fale dos progressos
das ciências e
tecnologias, que quase
nunca buscam ler um
livro edificante para
aprimorar seus conteúdos
espirituais e
cognitivos, dizendo que
não têm paciência para
tal, que dormem durante
a leitura. Ora, se eu
durmo perante uma aula,
significa que tenho que
me cuidar.
A Terra é uma grande
escola. São pessoas que
não arredam pé das suas
posturas vindas desde
gerações passadas. Não
saem do homem de
antanho, repetitivo nas
encarnações e
ultrapassado no tempo
atual. É bom que se diga
que não estamos aqui
falando de avanços
comportamentais que
maculam a idoneidade
moral dos seres, como os
inúmeros portais da
sensualidade, dos
alcoólicos, da gula
desenfreada pelo atual e
crescente glamour da
culinária. Da falta de
respeito social e
familiar, das
intransigências
pessoais, da busca
deliberada do
enriquecimento a
qualquer custo, da
política exercida a seu
próprio favor etc. Em
tudo se deve buscar a
verdade com a bússola do
bom senso. Sebe-se que a
verdade absoluta é Deus
refletido em Suas Leis
Naturais.
Comportar-se regiamente
significa estar de pleno
acordo com as aludidas
Leis Naturais,
instituídas por Deus,
dentro do seu tempo
social e espiritual.
Quando o indivíduo se
entende como observador
“ele se curva diante da
mente superior que dá a
essa energia modos de
realidade com que ainda
temos de sonhar em nossa
existência. Nós ainda
entendemos essa energia
como caos, mas sua ordem
é definida. Está acima
de nós. É mais
profunda”.
Quem nos fala assim é
Ramtha, da Escola da
Mente nos EUA. Sim, nos
tornarmos observadores
do contexto no qual
estamos inseridos é dar
um passo à frente para a
quebra de paradigmas. É
dar um avanço no
quesito: mudança de
comportamentos. Daqui a
pouco muitos de nós
estaremos do lado de lá
suplicando a
possibilidade da volta.
E voltaremos como?
Velhos avós em crianças
novas? Mas também não se
coloca remendo velho em
roupa nova. Vai
desconfigurar aquilo que
acaba de nascer ou ser
criado. O velho hábito
do ganhar mais no menor
tempo e com o menor
esforço não prevalecerá
dentro em pouco. Em
poucas décadas as
sociedades terão que
modificar sua maneira de
interagir, pois que os
pobres poderão ir às
tribunas exigir seus
status. E o farão com
justiça. Outros grupos
raciais subjugados
poderão reivindicar sua
posição certa de filhos
de Deus. E para esses
grupos não vale aqui o
conceito de
reencarnantes
necessitando reparos.
Não. Muitos deles são
Espíritos luminares
lutando pela igualdade
social. É preciso saber
observar o fruto para
conhecer a árvore, como
disse Jesus.
“Há o progresso regular
e lento que resulta da
força das coisas. Mas,
quando um povo não
progride suficientemente
rápido, Deus lhe
suscita, de tempos em
tempos, um abalo físico
ou moral que o
transforma”. O Livro dos
Espíritos – questão 783.
Tudo nos leva a pensar
seriamente como estão
nossas opções e nossas
ações. Bom para
refletir. Bom para
analisar. Bom para
modificar sempre e
sempre para melhor.