Caixa de cartas
Em mais uma de
minhas muitas
mudanças de
residência, na
rotina de
encaixotamento
das coisas em
meio à poeira,
encontro uma
antiga caixa de
sapatos,
amarrada com
barbante, morada
de antigas
fotos, cartões,
desenhos,
manuscritos e
cartas,
presentes de
amigos de
outrora.
Mexo nas cartas,
algumas escritas
com canetas de
diferentes
cores, outras
com desenhos,
cheiros e
adesivos.
Lembranças
carinhosas de
amigos oriundas
de encontros
espíritas,
tardes
fraternas,
manhãs
fraternas, dias
fraternos...
Graças a Deus,
temos muita
fraternidade no
Movimento
espírita.
São folhas de
papel que ainda
guardam em si
grande
sentimento. Hoje
ninguém mais
escreve cartas.
Replicamos,
copiamos e
colamos,
curtimos,
encaminhamos a
nossa lista.
Abro a caixa de
correios
diariamente e só
encontro
faturas,
publicidade e
contas.
Esquecemos o
prazer de
escrever aos
amigos.
Olhando essas
cartas,
guardadas
naquela antiga e
empoeirada caixa
de sapatos,
reflito sobre a
importância da
amizade, e, mais
ainda, da
necessidade
permanente de se
cultivar os
amigos, pela
vivência e pela
lembrança, mesmo
que seja por uma
singela carta.
Amigos são um
tesouro. Alguns
vão, outros vêm.
Alguns ainda
reaparecem! Nos
momentos de
alegria,
celebram. Nos
momentos
difíceis,
consolam. Como é
bom ter amigos
para conversar,
abraçar, se
divertir e
ainda, mandar
cartas. Como
dizia a música
dos tempos da
juventude
espírita, o
companheiro de
jornada é uma “dádiva
dos céus”.
Mandam-nos
cartas os amigos
espirituais,
falando da vida
do lado de lá,
consolando e
esclarecendo, pela
magia das
palavras que se
perpetuam pela
psicografia. Não
se esquecem de
nós, ainda que
não sejam
percebidos,
velando, de
forma perene,
por nossa
encarnação.
Toda essa
reflexão vem à
mente à medida
que mexo naquela
caixa de cartas.
São cartas
antigas,
manuscritas,
alguns cartões.
Representações
de sentimentos
dos meus
próximos, agora
distantes. A
amizade é uma
força poderosa,
mas que precisa
ser cultivada.
O movimento
espírita, como
não poderia
deixar de ser, é
celeiro de
grandes
amizades, de
ambos os planos
da vida, que
merecem ser
regadas pela
nossa atenção,
como visgo que
dá liga a esse
movimento e como
combustível que
alimenta a chama
desses grandes
momentos que
vivenciamos na
seara espírita,
sempre como bons
amigos, como
bons irmãos.