O parente difícil
O parente que se te
instalou no caminho por
obstáculo dificilmente
transponível…
Abençoa-o
e ampara-o, quanto
puderes.
As leis
de causa e efeito, tanto
quanto os princípios de
afinidade, não funcionam
sem razão.
Observa.
O tempo
segue rápido. Criaturas
que viste na infância do
corpo físico, quase que
de improviso se
transformaram e renteiam
contigo nos caminhos da
madureza.
Acontecimentos que
rearticulas, a cores
vivas, na memória,
mostram a idade de
muitos lustros.
Assim, no
curso do tempo, as
existências se
intercambiam umas com as
outras.
Os
companheiros do passado
voltam a nós, reclamando
o trabalho ou a
pacificação, o reajuste
ou a assistência que
lhes devemos.
Esse
coração magoado e
sofredor que nos
compartilha a estrada do
cotidiano na Terra é
invariavelmente aquele
mesmo Espírito que se
nos fez o credor de
maior ternura e mais
ampla abnegação.
O filho
rebelde, junto do qual
te surpreendes hoje, é o
irmão a quem
prejudicaste ontem, com
irreflexões que o
atiraram para a teimosia
ou para as sugestões de
vingança;
a filha
menos submissa de agora
é a jovem de antigamente
em cujo sentimento
plantaste desespero e
revolta;
o pai
enigmático dos dias que
correm é o companheiro
que escravizaste aos
próprios caprichos e de
quem, no pretérito,
comandavas as horas com
violência e tirania;
a
genitora dominante é a
irmã de outrora que
tratavas sob os pés;
o
familiar portador de
inquietação e de
sofrimento é sempre a
mesma pessoa que se
desequilibrou à conta de
nossos erros, em épocas
transatas, e que exige
reabilitação ao preço de
nosso cuidado e
devotamento, nas áreas
da existência física.
É verdade
que isso nem sempre
ocorre na pauta de
débitos nossos, ante a
justiça. O amor, onde
surja, sabe sempre
trazer a si aqueles a
quem se consagra,
convertendo empeços e
provas em esperanças e
alegrias, à feição de
Jesus que nos ama desde
séculos imemoriais muito
antes que o
conhecêssemos, e nos
sustenta a todos, na
Terra, sem dívida alguma
para conosco.
Ainda
assim, recordemos: todo
parente difícil é
trabalho de amor ou
rearmonização que a
Divina Providência nos
confia, a fim de que
tenhamos o privilégio de
transfigurá-lo em degrau
de serviço e de luz, no
rumo de nossa própria
sublimação.
Do cap. 24 do livro
Astronautas do Além,
de autoria de Francisco
Cândido Xavier, J.
Herculano Pires e
Espíritos diversos.
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