A força da juventude
canalizada no bem
Paulo, o apóstolo dos
gentios, advertiu numa
de suas epístolas:
“Jovens, eu vos escrevo
porque sois fortes, e as
palavras do Cristo
permanecem em vós”.
Refletindo a respeito
desta frase, olhamos
para as Casas Espíritas
e nos entusiasmamos com
adolescentes e jovens
participando ativamente,
tomando parte das
tarefas e buscando o
conhecimento e a prática
do Evangelho do Cristo.
Estes irmãos devem
receber o nosso
investimento, pois são
exatamente os que
levarão o trabalho
adiante.
Desde março deste ano,
ao lado dos amigos e
companheiros, Lícia e
Thales, iniciamos as
reuniões do Grupo de
Jovens, Dulce Ângela, em
Cambé, o que tem sido
uma experiência
fantástica. Logo nas
primeiras reuniões foi
possível perceber, além
dos participantes
encarnados, a presença
ímpar de Espíritos de
jovens desencarnados,
enchendo a sala com uma
vibração dinâmica e
cheia de alegria que nos
contagia todos os
sábados. Estes Espíritos
se apresentam como
trabalhadores da Casa,
e, assim como nós,
também são aprendizes do
Evangelho. Os temas
estudados surgem de
sugestões feitas pelos
próprios participantes,
sendo abordados com base
nas obras de Kardec, na
coleção André Luiz, Léon
Denis e outros tantos
subsídios de que
dispomos na doutrina.
Estamos conscientes de
que a responsabilidade é
grande e nossa vontade e
disposição em servir é
que nos fazem seguir com
o trabalho.
Paulo tinha mesmo razão
ao enfatizar a força da
juventude, pois o
frescor dos anos é uma
fonte poderosa perante
os desafios. Estando
encarnado ou não, o
jovem é capaz de grandes
feitos, basta saber
canalizar toda esta
energia e potencial para
o bem. Há inúmeros
relatos, inclusive
através de Chico Xavier,
da abnegada ação de
grupos como estes no
resgate a outros que
desencarnam e se
encontram perdidos,
revoltados e carentes de
socorro no plano
espiritual. O jovem é
vibrante, pleno de
esperança, e contagia
aos que vivem ao seu
redor, e este potencial
não deve ser aproveitado
somente em ações
esporádicas na Casa
Espírita, mas eles
precisam a todo tempo se
sentirem acolhidos,
atraídos e incluídos,
especialmente nos
estudos, pois um bom
espírita é aquele que
aprende a amar e
instruir-se.
Muitas vezes os pais
procuram ajuda no
aconselhamento fraterno
ou até mesmo de
profissionais, trazendo
a queixa de que não se
entendem com os filhos,
parecendo pertencerem a
mundos diferentes. A
verdade é quase esta
mesmo, porque nos
esquecemos rápido de que
um dia também fomos como
eles, agitados por
natureza, insuflados
pela impressão de tudo
saber e pela sensação de
poder mudar o mundo. O
descompasso
característico entre
pais e filhos se dá
também por outros
motivos, como na hora de
cumprir determinadas
incumbências diárias, em
que os mais novos pensam
que têm todo o tempo do
mundo e agem
praticamente em slow
motion – câmera lenta,
enquanto os mais velhos
contam com a preciosa
pérola da experiência e
a pressão dos
compromissos, o que a
princípio não é nada
atraente para eles.
Portanto, ritmo e
compasso se diferem e os
Espíritos incluídos num
programa reencarnatório
familiar nem sempre
vibram em sintonia
harmônica.
Como poderíamos fazer
encontrar quem anda mais
rápido com aquele que
parece não querer sair
do lugar? A solução para
este e todos os outros
dilemas sempre é o amor.
Somente o amor é capaz
de ser o ponto de
convergência dos
diferentes, dos opostos
e antagônicos. A receita
para aprendermos a amar
está inscrita nas
palavras do Cristo. O
Evangelho no Lar é
fundamental, porque
quando a família se
reúne em torno dele,
todas as divisões e
distâncias ficam em
suspenso e criamos
pontes de acesso,
ligações que nos farão
reencontrar aqueles a
quem amamos, mas,
infelizmente, por causa
de nossa inferioridade e
imperfeição, nem sempre
compreendemos e
aceitamos.
É comum vermos pessoas
que quando crianças
frequentavam a Casa
Espírita encaminhadas
pelos pais ou avós, mas
que ao chegarem à
adolescência
simplesmente se
afastaram. Digo que
fizeram isto no período
mais impróprio, pois é
uma fase de muitas
dúvidas, instabilidades
emocionais, e, como o
próprio Kardec nos
relata, é o período em
que o Espírito revela
quem de fato é. Este
afastamento em alguns
casos representa grandes
prejuízos na evolução
espiritual. Apesar de
nunca ser tarde demais,
parte destas pessoas
retorna para a doutrina
anos mais tarde, quando
já se encontra machucada
e com a vida complicada.
É preciso que a família
oriente, a fim de evitar
que se abra esta lacuna
em suas histórias.
Nossos jovens espíritas
precisam ter respaldo e
aprender a testemunhar a
vivência espírita cristã
onde quer que estejam
inseridos, seja na
família, na escola, no
trabalho e comunidade em
geral. Testemunhar o
amor do Cristo num mundo
em que o amor de muitos
parece ter-se esfriado,
onde temos visto grande
parte valorizar mais o
verbo ter do que o ser,
e, infelizmente, num
tempo onde ser bom e
amável está quase fora
de moda. Se eles se
instruírem do rico e
pleno conteúdo da
doutrina, não terão medo
e nem vergonha, mas
poderão ser instrumentos
eficientes para que os
Espíritos superiores
atuem através deles, e
cumprirão as palavras do
Cristo – “que brilhe a
vossa luz diante dos
homens”.