IVAN FRANZOLIM
franzolim@gmail.com
São Paulo, SP
(Brasil)
O paradoxo da
comunicação
Ao mesmo tempo
em que
valorizamos a
comunicação
também criamos
obstáculos a ela
O diálogo é o
melhor exemplo
de comunicação,
porque nele duas
pessoas colocam
em ação toda sua
força de
comunicação,
vendo, ouvindo,
sentindo e
interagindo uma
com a outra.
Cada indivíduo é
sempre
transmissor e
receptor em um
ato
comunicativo.
Curioso que
nessa época em
que a tecnologia
e a cultura
mundial dinamiza
a comunicação
como nunca a
humanidade tinha
imaginado,
gerando
interação e
compartilhamento
de ideias entre
milhões de
pessoas em todas
as partes do
mundo, agimos de
modo oposto,
dificultando ou
apenas
desprezando o
potencial de
comunicação.
Essa
despreocupação
em ouvir o
próximo é uma
característica
na maioria dos
Centros
Espíritas. No
inconsciente
talvez prevaleça
a concepção de
que temos uma
religião para
ser transmitida
e seguida e não
um conhecimento
organizado,
inconcluso e
evolutivo que
depende da
interação das
pessoas para sua
evolução, isto
é, da liberdade
de expor
raciocínios, de
receber
críticas, de
questionar, de
argumentar a
favor e contra
ideias.
Parte
significativa
dos Centros
ainda não se deu
ao trabalho de
oferecer um
simples serviço
de informações
aos visitantes
ou um espaço
para que os
frequentadores
possam se
expressar. Na
área doutrinária
persistem as
casas que mais
doutrinam do que
esclarecem os
Espíritos nas
reuniões de
desobsessão.
O Centro
Espírita é uma
instituição
totalmente
voltada para o
monólogo. Isso é
tão marcante,
tão cultural que
nos poucos
momentos em que
se abre espaço
para as pessoas
perguntarem,
como em
palestras e nos
cursos, a grande
maioria não se
manifesta.
Essa tendência
cultural de não
exercitar uma
comunicação mais
plena,
interagente,
acaba
predominando até
quando passamos
a usar a
Internet, com
seus poderosos
recursos de
comunicação.
Assim, quando
visitamos os
"sites" de
instituições
espíritas, como:
associações,
editoras,
distribuidoras,
jornais,
revistas,
rádios, TVs e
portais,
recebemos
convite para
conhecermos suas
páginas em blogs,
redes sociais, e
seguirmos via
twitter, mas nem
sempre
encontramos uma
página que
informe que
instituição é
essa, quais são
seus objetivos,
quem está na sua
gestão, onde
está localizada
e um simples e
funcional
endereço de
e-mail.
No lugar do
e-mail, a
instituição
oferece uma
página para você
digitar sua
mensagem. Nessa
página o leitor
é obrigado a dar
informações que
ele não
forneceria
normalmente,
como o nome,
endereço,
telefone e até o
número da
carteira de
identidade.
O que ela
transmite com
isso? Que
somente ela
deseja comunicar
algo e não tem
interesse no que
você poderia
desejar
comunicar.
Segundo, que ela
quer saber o seu
e-mail, quem é
você, onde você
mora, mas não
quer que você
conheça as
mesmas
informações a
respeito dela.
Essa é uma
atitude
impensada e
copiada de
páginas de
grandes
empresas, com a
ilusão de estar
fazendo uma boa
e moderna
comunicação.
Contudo, é uma
atitude
eticamente
incorreta que
limita e cria
embaraços nos
relacionamentos
imprescindíveis
para a
consecução dos
objetivos
institucionais.
Por trás desse
comportamento
reside a
tendência de se
entender a
comunicação
apenas com o
objetivo de
persuadir, de
convencimento,
esquecendo-se de
que a melhor
comunicação é
aquela aberta ao
aprendizado,
despretensiosa,
que os
interlocutores
objetivam
compartilhar
ideias e
aprender,
enquanto esse
tipo de
comunicação
atualmente
praticada é
egoísta visando
apenas aos
interesses da
organização.
Essa forma de se
comunicar pode
ser
compreensível
nas empresas
privadas
voltadas para o
lucro, mas não
nas instituições
espíritas que
devem se pautar
por um
comportamento
ético, fraterno
e transparente.
Ivan Franzolim é
orador e
escritor
espírita,
fundador da
ADE-SP
Associação de
Divulgadores do
Espiritismo de
São Paulo.