Carta
às famílias
Casimiro Cunha
É certo que sobre a
Terra,
Nas lutas de expiação,
Muita vez o lar se forma
Para a dor da redenção.
Por vezes, os inimigos
Das existências passadas
Recebem o mesmo sangue
Em lutas amarguradas.
É o resgate doloroso,
A algema que, no futuro,
Transforma o ódio
tigrino
Em tesouros do amor
puro.
Eis aí por que, não
raro,
Nessa prova que redime,
Irmãos surgem contra
irmãos,
Raiando até pelo crime.
Mas a dor, a grande dor
Que reforma toda a
gente,
Recolhe-os no seu
regaço,
Fraterniza-os novamente.
Por essa razão, amigos,
Todo o ensino em
substância
É que a paz do lar
terrestre
Depende da tolerância.
Falando em particular,
Peço-te, pois, meu
irmão,
Que faças de tua casa
O instituto da afeição.
Não te esqueças que em
família
A mais santa autoridade
É a que nasce da energia
Que não desdenha a
bondade.
A fim de seres ouvido,
Recorda que o verbo dar
Na caravana efetiva
Precede o verbo ensinar.
Jamais te queixes dos
teus,
Seja em qualquer
confidência.
Muita vez, nos
desabafos,
Há muita maledicência.
Sem que repartas no
mundo
A fé e o amor com os
teus,
Não pode dar no caminho
Os sublimes dons de
Deus.
Há lutas em tua casa,
Atritos e desavenças?
Isso é a sombra em que
se prova
A claridade da crença.
Na noite de cada dia,
Nas luzes das orações,
Envia a Deus os apelos
De tuas inquietações.
Quanto ao mais, teu
sacrifício
É a santa expressão de
dor,
Purificando a família
No plano eterno do Amor.
Do livro Cartas do
Evangelho, de
Casimiro Cunha, obra
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier.
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