RICARDO ORESTES FORNI
iost@terra.com.br
Tupã, SP (Brasil)
Quando o sofrimento
procura respostas
A revista VEJA,
edição 2272, de 6 de
junho de 2012, página
126, traz uma reportagem
sobre uma jovem
americana de apenas 24
anos, vitimada por uma
bactéria altamente
agressiva que vem
mutilando a moça na luta
árdua para preservar-lhe
a vida.
Para darmos uma ideia
melhor sobre o
acontecimento, vamos
reproduzir um trecho da
notícia: “A estudante
americana Aimeé Copeland,
de 24 anos, aproveitou a
terça-feira de folga, 1º
maio, para relaxar na
pequena cidade de
Tallapoosa, no Estado da
Geórgia. Com apenas 3000
habitantes, Tallapoosa é
conhecida pelas
atividades aquáticas no
rio que a corta e leva o
seu nome. Aimeé escolheu
a tirolesa. Logo no
início da travessia,
porém, a corda na qual
ela se agarrava
rompeu-se e a moça caiu
na água. O acidente
deixou um corte em sua
panturrilha esquerda.
Levada ao hospital,
recebeu 22 pontos
cirúrgicos e a indicação
de ir para casa e tomar
analgésico. Três dias
depois, Aimeé foi
internada com febre alta
e dores na perna
machucada. Os exames
revelaram que ela havia
contraído uma doença
infecciosa grave e rara,
chamada fasciite
necrosante, causada por
um tipo de bactéria que
vive na água, a
Aeromonas hydrophila.
O microrganismo invadira
seu corpo por meio do
ferimento. No mesmo dia
da internação, Aimeé
teve a perna esquerda
amputada. Até a semana
passada, ela já havia
perdido o pé direito, as
duas mãos e parte do
abdômen”.
Muitas pessoas, por
muito, mas por muito
menos do que essa jovem
está passando, procuram
com desespero as razões,
os motivos de seus
sofrimentos. Por que eu,
por que nós, indagam sob
revolta, como se apenas
os outros merecessem
sofrer. Será que Deus se
esqueceu de mim? “O que
será que fiz a Ele?”,
como se o Criador fosse
um ser vingativo capaz
de ferir a quem quer que
fosse para devolver
alguma ofensa que
conseguisse atingi-Lo.
Se excluirmos a
reencarnação nessa busca
de motivos, a Justiça e
a Bondade divinas
ficarão em sérios
apuros. Que teria feito
essa moça americana para
que essa bactéria
adentrasse o seu corpo
mutilando-a de forma
brutal como está
acontecendo? Ah! Dirão
muitos: não podemos
questionar a vontade de
Deus! Mas, então, é da
vontade Dele que fulano
sofra e não cicrano? É
da vontade Dele que um
nasça no luxo e o outro
na favela? É da vontade
Dele que um seja atleta
a disputar Olimpíadas e
o outro transite sobre
uma cadeira de rodas? É
da vontade Dele que um
seja cientista e o outro
deficiente mental?
Essas explicações chocam
frontalmente contra a
ideia de um Ser
absolutamente justo. De
um Ser absolutamente
bom. Como pode a Justiça
perfeita lançar uns na
felicidade e outros nas
tragédias como se alguém
distribuísse ao acaso
benefícios e desgraças?
Não, dirão outros. É
para testar a pessoa
através do sofrimento
para ver se ela crê
realmente em Deus. Então
todos teriam que ser
testados. Ou será que
existem aqueles que se
oferecem de livre e
espontânea vontade para
serem testados? Se
analisarmos os
sofredores veremos que
assim não ocorre. Se
fosse possível, a imensa
maioria dos sofredores
passaria a milhares de
quilômetros dos
sofrimentos. É para
testar a fé dos pais,
dirão equivocadamente
outros. Esse jogo de
empurra daqui, empurra
dali nas justificativas
infantis do por que
sofre uma pessoa, levou
a muitos ao
materialismo.
Quando derrubamos o
conceito da criação da
alma no momento em que o
corpo começa a ser
gerado e que nada
explica, adentramos na
lógica perfeita contida
em O Evangelho
segundo o Espiritismo,
em seu capítulo V:
“Entretanto, em virtude
do axioma de que todo
efeito tem uma causa,
essas misérias são
efeitos que devem ter
uma causa e, desde que
se admita um Deus justo,
essa causa deve ser
justa. Ora, a causa
precedendo sempre o
efeito, uma vez que não
está na vida atual, deve
ser anterior a ela, quer
dizer, pertencer a uma
existência precedente”.
E continua O
Evangelho segundo o
Espiritismo: “Assim
se explicam, pela
pluralidade das
existências, e pela
destinação da Terra como
mundo expiatório, as
anomalias que apresenta
a repartição da
felicidade e da
infelicidade entre os
bons e os maus neste
mundo”.
Nessa linha de
raciocínio a Bondade e a
Justiça de Deus
continuam imaculadas.
Por que estaria sofrendo
a jovem americana toda
essa tragédia em sua
vida? Só os registros
espirituais da mesma
poderiam revelar. Se
aplicarmos os
ensinamentos de Joanna
de Ângelis de que as
origens do sofrimento
estão sempre, portanto,
naquele que o padece, no
recôndito do seu ser,
nos painéis profundos da
sua consciência,
entenderemos que a Leis
absolutamente justas
estão tendo as suas
razões que
desconhecemos.
Por que sofremos nós?
Por alguma coisa que
fizemos nessa ou em
existências anteriores,
ou ainda, por
necessidade de
aprendizagem daquilo que
necessitamos incorporar
em nossa bagagem
evolutiva, menos,
evidentemente, por uma
escolha fortuita de
Deus!
A não ser assim
retornamos ao Éden
bíblico onde Adão culpou
Eva. Eva culpou a
serpente. Essa culpou a
maçã. A maçã culpou a
cobra. E continuaram a
viver infelizes para
sempre...
Que não é o que
queremos, evidentemente!