MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Evolução em Dois Mundos
André Luiz
(Parte
40)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Evolução em Dois Mundos,
de André Luiz,
psicografada pelos médiuns
Waldo Vieira e
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1959 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Antes de ler as questões
e o texto indicado para
leitura, sugerimos ao
leitor que veja,
primeiro, as notas
constantes do glossário
pertinente ao estudo
desta semana.
Questões preliminares
A. As pessoas que desencarnam em adiantada senectude persistem
assim no plano
espiritual ou
rejuvenescem de
imediato?
Geralmente, essas pessoas gastarão algum tempo
para desfazer-se dos
sinais de ancianidade
corpórea, se desejam
remoçar o próprio
aspecto. Do mesmo modo,
na hipótese de haverem
partido da Terra na
juventude primeira,
deverão igualmente
esperar que o tempo as
auxilie, caso se
proponham à obtenção de
traços da madureza.
Cabe, entretanto,
considerar que isso
ocorre apenas com os
Espíritos – aliás em
maioria esmagadora – que
ainda não dispõem de
bastante aperfeiçoamento
moral e intelectual,
pois quanto mais elevado
se lhes descortine o
degrau de progresso,
mais amplo se lhes
revela o poder plástico
sobre as células que
lhes entretecem o
instrumento de
manifestação.
(Evolução em dois
Mundos, 2a
Parte, cap. IV, pp. 177
e 178.)
B. Com que aspecto as entidades desencarnadas, quando se comunicam,
se apresentam aos
médiuns?
O aspecto delas varia ao infinito. Os Espíritos
superiores, pelo domínio
natural que exercem
sobre as células
psicossomáticas, podem
adotar a apresentação
que mais proveitosa se
lhes afigure, com vistas
à obra meritória que se
propõem realizar.
Entretanto, essa maneira
de intercâmbio não é a
mais comum, porque, de
modo geral, os
desencarnados
impressionam os
instrumentos mediúnicos
encarnados na forma em
que efetivamente se
encontram.
(Evolução em dois Mundos, 2a Parte, cap. V, pp.
179 e 180.)
C. As sociedades humanas desencarnadas mantêm alguma ligação com os
que permanecem
encarnados?
Sim. No Plano Espiritual imediato à experiência
física, as sociedades
humanas desencarnadas,
em quase dois terços,
permanecem naturalmente
jungidas, de alguma
sorte, aos interesses
terrenos. Egressas do
próprio mundo em que se
lhes tramam os elos da
retaguarda, quando não
se desvairam nas faixas
infernais, trabalham com
ardor, não só pelo
próprio adiantamento,
como também no auxílio
aos que ficaram.
(Evolução em dois Mundos, 2a Parte, cap. VII,
pp. 183 e 184.)
Texto para leitura
157. Os anciãos no além-túmulo -
Se a alma desprendida do
envoltório físico foi
transferida para a
moradia espiritual em
adiantada senectude,
gastará algum tempo para
desfazer-se dos sinais
de ancianidade corpórea,
se deseja remoçar o
próprio aspecto, e, na
hipótese de haver
partido da Terra na
juventude primeira,
deverá igualmente
esperar que o tempo a
auxilie, caso se
proponha à obtenção de
traços da madureza.
Cabe, entretanto,
considerar que isso
ocorre apenas com os
Espíritos – aliás em
maioria esmagadora – que
ainda não dispõem de
bastante aperfeiçoamento
moral e intelectual,
pois quanto mais elevado
se lhes descortine o
degrau de progresso,
mais amplo se lhes
revela o poder plástico
sobre as células que
lhes entretecem o
instrumento de
manifestação. Em alto
nível, a Inteligência
opera em minutos certas
alterações que as
entidades de cultura
mediana gastam, por
vezes, alguns anos.
Temos também nas
sociedades respeitáveis
da Espiritualidade
aqueles companheiros
que, depois de estágios
depurativos, se elevam
até elas, por
intercessões afetivas ou
merecimentos próprios,
carregando, porém,
consigo, determinadas
marcas deprimentes, como
sejam mutilações que os
desfiguram, inibições ou
moléstias que se
denunciam na psicosfera
que os envolve, ou
distintivos outros menos
dignos, como
remanescentes de
circuitos mentais dos
remorsos que padeceram,
a se lhes concentrarem,
desequilibrados, sobre
certas zonas do corpo
espiritual; contudo, em
todos esses casos, as
entidades em lide ali se
encontram,
habitualmente, por
períodos limitados de
reeducação e
refazimento, para
regressarem, a tempo
breve, no rumo das
sendas de saneamento e
resgate nas
reencarnações
redentoras. (Evolução
em dois Mundos, 2a
Parte, cap. IV, pp. 177
e 178.)
158. Apresentação dos desencarnados
- O aspecto que as
entidades desencarnadas
assumem perante os
médiuns humanos, quando
se comunicam na Terra,
pode variar
infinitamente. Os
Espíritos superiores,
pelo domínio natural que
exercem sobre as células
psicossomáticas, podem
adotar a apresentação
que mais proveitosa se
lhes afigure, com vistas
à obra meritória que se
propõem realizar.
Entretanto, essa maneira
de intercâmbio não é a
mais comum, porque, de
modo geral, os
desencarnados
impressionam os
instrumentos mediúnicos
encarnados na forma em
que efetivamente se
encontram. Decerto, não
falta indumentária digna
às criaturas que se
emanciparam do vaso
físico, roupagem, toda
ela, confeccionada com
esmero e carinho por
mãos hábeis e nobres da
esfera extrafísica.
Importante considerar,
todavia, que os
Espíritos desencarnados,
mesmo os de classe
inferior, guardam a
faculdade de
exteriorizar os fluidos
plasticizantes que lhes
são peculiares, espécie
de aglutininas mentais
com que envolvem a mente
mediúnica encarnada,
recursos esses nos quais
plasmam, como lhes seja
possível, as imagens que
desejam expressar e que
adquirem para as
percepções do médium
coloração e movimento,
fazendo-o exprimir-se ou
agir, em comportamento
semelhante ao sujeito
passivo na hipnose
provocada. Tais
fenômenos, porém, são
isolados e apenas se
verificam entre o médium
e a entidade que o
influencia, sem
substância na realidade
prática, qual ocorre no
campo das sugestões,
durante a interligação
mento-psíquica, entre o
hipnotizado e o
hipnotizador. Surge,
diante disso, uma
questão curiosa: Como
entender a existência de
roupas, calçados e
outros petrechos nas
entidades desencarnadas?
Esclarece André Luiz: “A
mente não comanda as
moléculas de algodão do
vestuário de que se
serve no corpo físico,
mas pode usá-las,
segundo as suas
necessidades no mundo.
Ocorre o mesmo no Plano
Espiritual, em que nos
utilizamos das
possibilidades ao nosso
alcance para atender a
esse ou àquele
imperativo de nossa
apresentação”.
(Evolução em dois
Mundos, 2a
Parte, cap. V, pp. 179 e
180.)
159. Justiça na Espiritualidade -
No mundo espiritual, a
autoridade da justiça
funciona com maior
segurança, embora
saibamos que o mecanismo
da regeneração vige,
antes de tudo, na
consciência do próprio
indivíduo. Ainda assim,
existem no mundo
espiritual santuários e
tribunais, em que
magistrados dignos e
imparciais examinam as
responsabilidades
humanas, sopesando-lhes
os méritos e deméritos.
A organização do júri,
em numerosos casos, é
ali observada
necessariamente, mas ele
é constituído de
Espíritos integrados no
conhecimento do Direito,
com dilatadas noções de
culpa e resgate, erro e
corrigenda, psicologia
humana e ciências
sociais, para que as
sentenças ou informações
proferidas se atenham à
precisa harmonia,
perante a Divina
Providência,
consubstanciada no amor
que ilumina e na
sabedoria que sustenta.
Há delinquentes tanto no
plano terrestre quanto
no plano espiritual, e,
em razão disso, não
apenas os homens
recentemente
desencarnados são
entregues a julgamento
específico, sempre que
necessário, mas também
as entidades
desencarnadas que, no
cumprimento de
determinadas tarefas, se
deixam, muitas vezes,
arrastar a paixões e
caprichos
inconfessáveis. É
importante considerar,
contudo, que quanto mais
baixo é o grau evolutivo
dos culpados, mais
sumário é o julgamento
pelas autoridades
cabíveis, e quanto mais
avançados os valores
culturais e morais do
indivíduo, mais complexo
é o exame dos processos
de criminalidade em que
se emaranham, não só
pela influência com que
atuam nos destinos
alheios, como também
porque o Espírito,
quando ajustado à
consciência dos próprios
erros, ansioso de
reabilitar-se perante a
vida e diante daqueles
que mais ama, suplica
por si mesmo a sentença
punitiva que reconhece
indispensável à própria
restauração.
(Evolução em dois
Mundos, 2a
Parte, cap. VI, pp. 181
e 182.)
160. Vida social dos desencarnados
- No Plano Espiritual
imediato à experiência
física, as sociedades
humanas desencarnadas,
em quase dois terços,
permanecem naturalmente
jungidas, de alguma
sorte, aos interesses
terrenos. Egressas do
próprio mundo em que se
lhes tramam os elos da
retaguarda, quando não
se desvairam nas faixas
infernais, igualmente
imanizadas ao Planeta de
que se originam,
trabalham com ardor, não
só pelo próprio
adiantamento, como
também no auxílio aos
que ficaram.
Naturalmente, as almas
que constituem a
percentagem a que nos
referimos, distanciadas
ainda do aprimoramento
ideal, procuram
aperfeiçoar em si mesmas
as qualidades nobres
menos desenvolvidas,
buscando clima adequado
que lhes favoreça o
trabalho. Certas de que
voltarão à Terra para a
solução dos problemas
que lhes enevoam ou
afligem o campo íntimo,
situam-se em tarefas
obscuras, junto dos
semelhantes, encarnados
ou desencarnados, quando
se reconhecem vitimadas
pela vaidade ou pelo
orgulho que ainda lhes
medram no seio, e
localizam-se em
aprendizados valiosos da
inteligência, em se
vendo inábeis para os
serviços especializados
do pensamento, não
obstante os talentos
sentimentais que já
entesourem consigo.
Quase todas, no entanto,
obedecem aos ditames do
amor ou do ideal que
lhes inspiram a
consciência.
Aglutinam-se em
verdadeiras cidades e
vilarejos, com estilos
variados, como acontece
aos burgos terrestres,
característicos da
metrópole ou do campo,
edificando largos
empreendimentos de
educação e progresso, em
favor de si mesmas e a
benefício dos outros. As
regiões purgativas ou
simplesmente infernais
são por elas amparadas,
quanto possível,
organizando-se aí, sob o
seu patrocínio, extensa
obra assistencial. No
plano físico, a equipe
doméstica atende à
consanguinidade em que o
vínculo é obrigatório,
mas, no plano
extrafísico, o grupo
familiar obedece à
afinidade em que o liame
é espontâneo. Por isso,
na esfera seguinte à
condição humana, temos o
espaço das nações,
com as suas comunidades,
idiomas, experiências e
inclinações, inclusive
organizações religiosas
típicas, junto das quais
funcionam missionários
de libertação mental,
operando com caridade e
discrição para que as
ideias renovadoras se
expandam sem dilaceração
e sem choque. Com esses
dois terços de criaturas
ainda ligadas, desse ou
daquele modo, aos
núcleos terrenos,
encontramos um terço de
Espíritos relativamente
enobrecidos que se
transformam em
condutores da marcha
ascensional dos
companheiros, pelos
méritos com que se fazem
segura instrumentação
das Esferas Superiores.
(Evolução em dois
Mundos, 2a
Parte, cap. VII, pp. 183
e 184.)
Glossário:
Aglutinar: reunir para formar um todo.
Aglutinina: substância que faz com que as bactérias e os glóbulos
sanguíneos se aglutinem
(reúnam); termo usado
como analogia.
Ancianidade: velhice muito avançada.
Arcabouço: estrutura que sustenta a forma de um corpo.
Burgo: arrabalde (cercanias) de uma cidade, vila ou aldeia.
Célula: a menor unidade de função e de organização, nos seres vivos, que
apresenta todas as
características de vida.
Ciência Social: designação das ciências sociais, as que estudam
especialmente a
sociedade humana e os
fenômenos sociais, como
Sociologia, a Ética
Social, a Economia
Política, etc.
Circuito: sucessão de fenômenos periódicos.
Corpo Espiritual: o perispírito, psicossoma.
Ditame: o que a consciência e a razão dizem que deve ser.
Egresso: que deixou de pertencer a uma comunidade da qual se afastou.
Emaranhar: enredar, complicar.
Enevoar: cobrir de névoa, obscurecer, sombrear.
Espaço das Nações: zona no plano espiritual que se relaciona com
cada nação no plano
físico.
Imanizar: imantar, submeter a um efeito semelhante ao da ação do imã.
Jungir: ligar, atar.
Liame: o que prende ou liga uma coisa a outra.
Lide: questão.
Medrar: crescer, desenvolver-se.
Mento-psíquico: relativo ao fenômeno produzido pela mente sobre
a organização psíquica.
Metamorfose: mudança de forma ou de estrutura.
Metrópole: cidade principal, capital de estado, cidade grande, ou
importante.
Molécula: agrupamento definido e ordenado de átomos eletricamente
neutros, formando a
menor porção de uma
substância capaz de
existência independente
sem perda das suas
propriedades químicas.
Morfológico: referente às características da forma.
Plasmar: dar forma a algo.
Plasticizante: referente ao que serve para plasmar.
Plástico: relativo à modelagem de um corpo.
Proteico: relativo a aparelho que auxilia ou aumenta uma função
natural do corpo.
Psicologia: ciência que estuda os fenômenos psíquicos e o comportamento
humano, e suas reações a
situações externas ou a
necessidades internas.
Psicosfera: halo formado em torno do corpo pela atmosfera psíquica
individual.
Psicossomático: relativo ao psicossoma (corpo espiritual ou
perispírito).
Senectude: decrepitude, senilidade, velhice.
Nota:
Muitos termos técnicos usados na obra em estudo
não se encontram nos
dicionários que
comumente consultamos.
Clicando no link abaixo, o leitor terá acesso ao texto
integral do livro Elucidário de Evolução em Dois Mundos,
elaborado e publicado
com esse propósito:
http://www.OCONSOLADOR\linkfixo\estudosespiritas\andreluiz\Elucidario.pdf