LEONARDO
MACHADO
leomachadot@gmail.com
Recife,
PE
(Brasil)
Deve a ciência
considerar
a
espiritualidade?
“A ciência sem a
religião é paralítica (lahm)
- a religião sem a
ciência é cega (blind).”
- Albert Einstein
Durante muito tempo,
estas duas forças do
conhecimento humano
estiveram
antagonicamente
separadas. Se na idade
média, a religião se
habituou a queimar a
ciência, na modernidade,
e parte inicial da
contemporaneidade, esta
aboliu de seus
laboratórios qualquer
coisa que se
relacionasse com aquela,
inclusive a questão da
espiritualidade.
Sendo assim, Sigmund
Freud,
no início do século XX,
considerou que a
religião geraria
neuroses e seria um
remédio ilusório contra
o desamparo.
Consequentemente,
obtemperou que as
teorias psicológicas
iriam substituí-la.
Nietzsche,
por sua vez, escreveu
que Deus estaria morto e
que, não existindo
qualquer instância
superior, o homem
dependeria somente de si
mesmo. Além disto, a fé
seria ignorar a verdade.
Tais colocações, porém,
não eram baseadas em
pesquisas, mas em ideias
e em opiniões pessoais.
O filósofo, por exemplo,
dizia abertamente que o
ateísmo existiria nele
como um instinto, tão
inato que estaria em sua
constituição.
E o psicanalista, a seu
turno, sendo de origem
judaica, tinha uma
ligação religiosa muito
conturbada. Não foi sem
motivo, pois, que seu
mais notável discípulo,
Jung, viu-se desligado
pelo tutor do movimento
nascente quando
pretendeu estudar
questões transcendentes
do ser. Freud,
preocupado pelo futuro e
pela credibilidade da
psicanálise,
entendeu que não deveria
adentrar estas temáticas.
O fato, entretanto, é
que “os fundamentos da
Física do século XX
levam-nos a encarar o
mundo de forma bastante
semelhante à maneira
como um hindu, um
budista ou um taoísta o
vê”, como explica o
físico Fritjof Capra.
Por isto mesmo,
“enquanto a tendência
geral da ciência, desde
o século XVII, consistiu
em manter um foco
material, nas últimas
décadas do século XX a
ciência começou a
explorar a arena
espiritual, antes
marginalizada”, conforme
considera o Dr. Amit
Goswami.
Isto posto, percebe-se
que a ciência, não
somente deve considerar
a espiritualidade, como
também precisa colocar
esta instância na pauta
de suas investigações.
Leonardo Machado é
médico, residente de
psiquiatria,
palestrante, escritor e
compositor.