O ensino religioso nas
escolas
No Rio de Janeiro, o
CEERJ não aderiu ao
ensino religioso
implantado nas escolas
públicas da cidade
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A posição do movimento
espírita contra o ensino
religioso nas escolas
públicas é antiga e bem
clara. Cabe à família, e
não às escolas, a
formação religiosa dos
filhos, tarefa essa que
pode ser ou não
complementada pelos
centros espíritas, que
mantêm geralmente, em
quase todos eles, a
chamada evangelização ou
educação espírita da
criança. No livro
Religião, publicado pela
FEB, Carlos Imbassahy,
que o escreveu, examinou
com propriedade essa
questão.
Nos últimos meses, o
tema Ensino Religioso
nas Escolas |
voltou a ocupar
as manchetes dos
jornais, em face
do que dispôs a
nova Lei de
Diretrizes e
Bases da
Educação - Lei
n° 9.394 de 20
de dezembro de
1996 - em seu
artigo 33, com
redação dada
pela Lei n°
9.475, de 22 de
julho de 1997,
adiante
reproduzido: |
Art. 33 - O ensino
religioso, de matrícula
facultativa, é parte
integrante da formação
básica do cidadão e
constitui disciplina dos
horários normais das
escolas públicas de
ensino fundamental,
assegurado o respeito à
diversidade cultural
religiosa do Brasil,
vedadas quaisquer formas
de proselitismo.
§ 1° - Os sistemas de
ensino regulamentarão os
procedimentos para a
definição dos conteúdos
do ensino religioso e
estabelecerão as normas
para a habilitação e
admissão dos
professores.
§ 2° - Os sistemas de
ensino ouvirão entidade
civil, constituída pelas
diferentes denominações
religiosas, para a
definição do ensino
religioso.
As dez vagas reservadas
aos professores de
Espiritismo foram
extintas
Bastante amplo e
ambíguo, o dispositivo
legal citado deixou
diversas lacunas que
seriam preenchidas pelos
Conselhos Estaduais de
Ensino e pelas
Secretarias Estaduais de
Educação, a cujo cargo
ficou sua
regulamentação.
Três grandes questões
passaram a ser
discutidas desde então:
1. Como atender à
pluralidade religiosa
existente em nosso País.
2. Qual seria a formação
do profissional
incumbido de ministrar o
ensino religioso.
3. Como definir o
conteúdo programático.
Na cidade do Rio de
Janeiro, a Secretaria
Municipal de Educação
contratou mediante
concurso 45 professores
católicos, 35
evangélicos e dez de
religiões
afro-brasileiras. Todos
tiveram de apresentar
recomendação das igrejas
às quais estão ligados.
As aulas estavam
previstas para começar
no segundo semestre
deste ano, para os
alunos da 4ª série das
80 escolas existentes na
cidade.
As dez vagas que tinham
sido reservadas para
professores de
Espiritismo foram
extintas, porque o
Conselho Espírita do
Estado do Rio de Janeiro
(CEERJ) não aderiu à
proposta e disso deu
ciência à Secretaria de
Educação, por discordar
de que os estudantes
recebam orientação de
cunho confessional.
Cabe indiscutivelmente à
família a formação
religiosa
dos filhos
Falando em nome
do Conselho,
Cristina Brito
(foto),
Diretora da Área
de Relações
Externas da
entidade,
disse que os
interessados
podem obter
gratuitamente
conhecimento
sobre
Espiritismo em
mais de 700
endereços no Rio
de Janeiro, não
havendo sentido
em se pagar a
professores para
que deem aula de
religião nas
escolas
municipais.
A posição do
Conselho
Espírita já
havia sido
manifes- |
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tada no ano
2000, quando o
então governador
Anthony
Garotinho
sancionou lei
instituindo essa
modalidade
confessional nas
escolas
estaduais. Em
documento
divulgado em
2002, o CEERJ
tornou público
seu pensamento
de que “cabe
indiscutivelmente
à família a
formação
religiosa dos
filhos, por não
ser isso função
da escola”.
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O documento ressaltou,
ainda, que “o
confessionalismo
religioso nas escolas
não é recomendável,
pois, embora seja tal
ensino facultativo ao
aluno, sua inclusão
legal em carga horária
curricular poderá
acender atavismos
(reaparecimento de um
caráter presente em
ascendentes remotos)
segregadores do ódio
entre religiões que
tanto já fizeram sofrer
a humanidade”.
Não se pense, porém, que
a atitude dos espíritas
seja algo isolado, visto
que o próprio Sindicato
Estadual dos
Profissionais de
Educação do Rio de
Janeiro encaminhou ao
Ministério Público
Estadual pedido para que
analise a
constitucionalidade do
ensino religioso nas
escolas municipais,
tendo em vista que o
Estado brasileiro é
laico.
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