O leitor Adelpho Barros, do
Rio de Janeiro-RJ,
pergunta-nos que orientação
encontramos no Espiritismo a
respeito desta questão: Como
dominar o instinto sexual?
Não existe na obra
kardequiana, salvo engano,
nenhuma informação
relacionada com a questão
apresentada, mas alguns
autores encarnados e
desencarnados já trataram
desse tema em inúmeras
oportunidades.
Lembremos inicialmente o que
André Luiz escreveu no cap.
18 da primeira parte de seu
livro Evolução em Dois
Mundos, obra
psicografada por Waldo
Vieira e Francisco Cândido
Xavier.
Resumidamente, diz André
Luiz que longo tempo foi
gasto na evolução do
instinto sexual em vários
tipos de animais inferiores,
alternando-se-lhe os
estágios de hermafroditismo
com os de unissexualidade
para que se lhe
aperfeiçoassem as
características na direção
dos vertebrados.
Atingindo inequívoco
progresso em seus estímulos,
o corpo espiritual, desde a
protoforma psicossômica nos
animais superiores até o
homem, conforme a posição da
mente a que serve, passou a
determinar mais ampla
riqueza hormonal. As
glândulas sexuais que então
passa a mobilizar são mais
complexas. Exercem a
própria ação pelos hormônios
que segregam, arrojando-os
no sangue, hormônios esses,
femininos ou masculinos, que
possuem por arcabouço da
constituição química, em que
se expressam, o núcleo
ciclo-pentano-peridrofenantreno,
filiando-se ao grupo dos
esteróis. Os hormônios
estrogênicos, oriundos do
ovário, mantêm os caracteres
femininos secundários, e os
androgênicos, segregados
pelo testículo, sustentam os
caracteres masculinos da
mesma ordem. Produzem ações
estimulantes e inibitórias;
no entanto, como atendem
necessariamente a impulsos e
determinações da mente, por
intermédio do corpo
espiritual, incentivam o
desenvolvimento ou a maneira
de proceder da espécie, mas
não os originam, porquanto a
alma guarda a sua
individualidade sexual
intrínseca, a definir-se na
feminilidade ou na
masculinidade, conforme os
característicos
acentuadamente passivos ou
claramente ativos que lhe
sejam próprios.
A sede real do sexo não se
acha, dessa maneira, no
veículo físico, mas na
entidade espiritual, em sua
estrutura complexa. E o
instinto sexual, por isso
mesmo, traduzindo amor em
expansão no tempo, vem das
profundezas ainda
inabordáveis da vida, quando
agrupamentos de mônadas
celestes se reuniram
magneticamente umas às
outras para a obra
multimilenária da evolução.
Por ele, as criaturas
transitam de caminho a
caminho, nos domínios da
experimentação multifária,
adquirindo as qualidades de
que necessitam; com ele,
vestem-se da forma física,
em condições anômalas,
atendendo a sentenças
regeneradoras na lei de
causa e efeito ou cumprindo
instruções especiais com
fins de trabalho justo.
O sexo é, portanto, mental
em seus impulsos e
manifestações, transcendendo
quaisquer impositivos da
forma em que se exprime, não
obstante reconhecermos que a
maioria das consciências
encarnadas permanecem
seguramente ajustadas à
sinergia mente-corpo, em
marcha para mais vasta
complexidade de conhecimento
e emoção.
Importa, porém, reconhecer
que, à medida que se nos
dilata o afastamento da
animalidade quase absoluta,
para a integração com a
Humanidade, o amor assume
dimensões mais elevadas,
tanto para os que se
verticalizam na virtude como
para os que se
horizontalizam na
inteligência. Nos primeiros,
cujos sentimentos se alteiam
para as Esferas Superiores,
o amor se ilumina e
purifica, mas ainda é
instinto sexual nos mais
nobres aspectos,
imanizando-se às forças com
que se afina em radiante
ascensão para Deus.
Nos segundos, cujas emoções
se complicam, o amor se
requinta,
transubstanciando-se o
instinto sexual em constante
exigência de satisfação
imoderada do “eu”.
De conformidade com a
Psicanálise, que vê na
atividade sexual a procura
incessante de prazer,
concordamos em que uns, na
própria sublimação, demandam
o prazer da Criação,
identificando-se com a
origem Divina do Universo,
enquanto que outros se fixam
no encalço do prazer
desenfreado e egoístico da
autoadoração. Os primeiros
aprendem a amar com Deus. Os
segundos aspiram a ser
amados a qualquer preço.
A energia natural do sexo,
inerente à própria vida em
si, gera cargas magnéticas
em todos os seres, pela
função criadora de que se
reveste, cargas que se
caracterizam com potenciais
nítidos de atração no
sistema psíquico de cada um
e que, em se acumulando,
invadem todos os campos
sensíveis da alma, como que
a lhe obliterar os
mecanismos outros de ação,
qual se estivéssemos diante
de usina reclamando controle
adequado.
Ao nível dos brutos ou
daqueles que lhes renteiam a
condição, a descarga de
semelhante energia se
efetua, indiscriminadamente,
através de contatos, quase
sempre desregrados e
infelizes, que lhes
carreiam, em consequência, a
exaustão e o sofrimento como
processos educativos.
Outro autor que escreveu
sobre assunto uma obra
notável – Vida e Sexo
– é Emmanuel, que, no cap.
24 desse livro, tratando do
tema carga erótica, diz que,
no tocante à questão sexual,
dois sistemas se defrontam:
o dos ascetas, que tem por
base o aniquilamento do
corpo, e o dos
materialistas, que se baseia
no rebaixamento da alma.
Duas violências quase tão
insensatas uma quanto a
outra. Ao lado desses dois
grandes partidos, formiga a
numerosa tribo dos
indiferentes que, sem
convicção e sem paixão, são
mornos no amar e econômicos
no gozar.
Onde, então, a sabedoria?
Onde, então, a ciência de
viver? Em parte alguma; e o
grande problema ficaria sem
solução, se o Espiritismo
não viesse em auxílio dos
pesquisadores,
demonstrando-lhes as
relações que existem entre o
corpo e a alma e
dizendo-lhes que, por serem
necessários uma ao outro,
importa cuidar de ambos.
Amemos, pois, a nossa alma,
porém, cuidemos igualmente
do nosso corpo, instrumento
daquela. Desatender às
necessidades que a própria
Natureza indica é desatender
a lei de Deus.
O instinto sexual,
exprimindo amor em expansão
incessante, nasce nas
profundezas da vida,
orientando os processos da
evolução. Toda criatura
consciente traz consigo,
devidamente estratificada, a
herança incomensurável das
experiências sexuais,
vividas nos reinos
inferiores da Natureza. De
existência a existência, de
lição em lição e de passo em
passo, por séculos de
séculos, na esfera animal, a
individualidade, erguida à
razão, surpreende em si
mesma todo um mundo de
impulsos genésicos por
educar e ajustar às leis
superiores que governam a
vida.
A princípio, exposto aos
lances adversos das
aventuras poligâmicas, o
homem avança, de ensinamento
a ensinamento, para a sua
própria instalação na
monogamia, reconhecendo a
necessidade de segurança e
equilíbrio, em matéria de
amor; no entanto, ainda aí,
é impelido naturalmente a
carregar o fardo dos
estímulos sexuais, muita vez
destrambelhados, que lhe
enxameiam no sentimento,
reclamando educação e
sublimação. Depreende-se
disso que toda criatura na
Terra transporta em si mesma
determinada taxa de carga
erótica, de que, em verdade,
não se libertará unicamente
ao preço de palavras e votos
brilhantes, mas à custa de
experiência e trabalho, uma
vez que instintos e paixões
são energias e estados
inerentes à alma de cada um,
que as leis da Criação não
destroem e sim auxiliam cada
pessoa a transformar e
elevar, no rumo da
perfeição.
Toda criatura humana carreia
consigo determinada carga de
impulsos eróticos, que a
própria criatura aprende,
gradativamente, a orientar
para o bem e a valorizar
para a vida.
Diante do sexo, não nos
achamos, de nenhum modo, à
frente de um despenhadeiro
para as trevas, mas perante
a fonte viva das energias em
que a Sabedoria do Universo
situou o laboratório das
formas físicas e a usina dos
estímulos espirituais mais
intensos para a execução das
tarefas que esposamos, em
regime de colaboração mútua,
visando ao rendimento do
progresso e do
aperfeiçoamento entre os
homens.
Cada homem e cada mulher que
ainda não se angelizou ou
que não se encontre em
processo de bloqueio das
possibilidades criativas, no
corpo ou na alma, traz,
evidentemente, maior ou
menor percentagem de anseios
sexuais, a se expressarem
por sede de apoio afetivo, e
é claramente, nas lavras da
experiência, errando e
acertando e tornando a errar
para acertar com mais
segurança, que cada um de
nós conseguirá sublimar os
sentimentos que nos são
próprios, de modo a
erguer-nos em definitivo
para a conquista da
felicidade celeste e do Amor
Universal.
*
Depois de ler os textos ora
apresentados, fica mais
fácil entender o que nosso
confrade Altamirando
Carneiro escreveu no artigo
“A educação sexual na era
moderna”, publicado na
edição 275 desta revista, no
qual diz ele:
“A educação sexual não
consiste em combater e
reprimir um instinto
natural, erroneamente
classificado como vergonhoso
e diabólico. Consiste, isto
sim, em proporcionar aos
filhos a evolução,
amparando-os e guiando-os
nas diversas fases de seu
desenvolvimento, para que
atinjam a maturidade de
maneira sadia, sem o perigo
da libertinagem.
Infelizmente, certos pais,
julgando-se ‘pra frente’,
dão informações sobre o sexo
aos seus filhos não
adequadas ao grau de
maturidade dos mesmos.
Lembre-se de que dissemos
que as informações devem ser
proporcionais ao grau de
desenvolvimento da criança,
favorecendo-lhe, inclusive,
a leitura de toda a sorte de
publicações a respeito. O
mais importante em educação
sexual, no entanto, não é
informar, mas FORMAR. A
informação é necessária
porque previne os riscos da
ignorância. Assim, em
matéria de sexo, é
preferível que se dê uma
informação correta, porque
previne os riscos da
ignorância. A formação,
porém, é de maior
relevância, ante toda a
problemática do sexo nos
dias atuais. Rodolfo
Calligaris usa um termo bem
apropriado para designar
toda essa problemática de
hoje, no que diz respeito às
questões sexuais: o
barateamento do sexo, com
que se defrontam os jovens
de hoje”.
(Eis o link que remete ao
artigo citado:
http://www.oconsolador.com.br/ano6/275/altamirando_carneiro.html.)
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