RICARDO
ORESTES
FORNI
iost@terra.com.br
Tupã, SP
(Brasil)
O cérebro como intermediário
“Minha memória é aquilo
com o que eu esqueço.” –
criança anônima.
(Livro Memórias e o
Tempo – Hermínio C.
Miranda.)
A revista VEJA,
edição 2276 de
04/07/2012, página 89,
traz uma reportagem
sobre as atividades
cerebrais e insere uma
nota sobre o grande
biólogo inglês, Francis
Crick, gênio da dupla
que formou com o
americano James Watson,
ambos eternizados pela
descoberta da forma de
hélice dupla da molécula
da vida, o DNA. Essa
descoberta – continua a
reportagem – feita em
1953 valeu-lhes em 1962
o Prêmio Nobel de
Medicina. Ainda caíam
sobre ele os louros da
glória por ter decifrado
o processo pelo qual os
seres vivos passam seu
conteúdo genético para a
geração seguinte, e
Crick já tinha a sua
mente poderosa focada no
outro grande mistério da
existência humana: a
consciência. Com o DNA,
Crick revelou como
reproduz suas
características um ser
humano. Estudando a
consciência, ele se
propôs a descobrir que
processos cerebrais
permitem ao ser humano
saber que é humano. Ao
morrer, em 2004, Crick
não havia conseguido
obter para o problema da
consciência uma solução
tão simples e clara
quanto a do DNA. Mas, na
tentativa de fazê-lo,
fundou uma ciência nova,
a neurociência
molecular. Dez anos
antes, Crick proclamara:
“Você, suas alegrias e
tristezas, sua memórias
e ambições, sua noção de
identidade e seu
livre-arbítrio nada mais
são do que a interação
de um vasto conjunto de
células nervosas...”.
O eminente cientista,
por mais que vivesse, a
continuar nessa linha de
raciocínio, jamais
sairia da ponta do
iceberg da realidade do
que realmente somos,
enquanto o ser pleno,
tetradimensional, o
Espírito, for deixado à
margem no encontro de
respostas.
Valendo-nos dos
ensinamentos de Hermínio
C. Miranda em seu livro
A Memória e o Tempo,
façamos algumas
considerações trazidas
ao nosso conhecimento
nessa importantíssima
obra desse profundo
investigador do
psiquismo humano.
Segundo ensinava
Sócrates, de acordo com
Platão, aprender é
recordar! Se recordamos
é porque já vimos antes,
óbvio. Como ter visto
antes se não
considerarmos a hipótese
da reencarnação? Segundo
nos ensina o livro
citado, Sócrates, quando
indagado o que
significava recordar, o
Pai da Filosofia chamou
um jovem e inculto
escravo (naquela
existência) e levou-o
habilmente, sem nunca
ter estudado geometria
naquela vida, a
encontrar a solução de
um problema que o rapaz
não seria capaz de
resolver com os
conhecimentos que tinha
na existência de então.
Como isso poderia ter
ocorrido a não ser com
conhecimentos adquiridos
em uma outra vida?
Afirma o filósofo:
Sendo a alma imortal e
tendo nascido muitas
vezes e tendo visto tudo
quanto existe...,
conhece tudo; não é
admiração alguma que ele
tenha condições de
trazer de volta à
lembrança tudo quanto já
soube acerca da virtude
e de tudo. Toda a
natureza é solidária e a
alma que tudo aprendeu
não encontra dificuldade
em ir buscar, ou como
dizem os homens, em
aprender, a partir de
uma simples lembrança
tudo o que restar, se o
homem se esforça o
bastante e não desanima,
dado que toda
perquirição e todo o
aprendizado não são mais
do que recordação.
Agora passamos a palavra
a Hermínio C. Miranda:
“Se a memória de uma
existência vivida há um
século ou há quarenta
séculos pode ser
consultada com relativa
facilidade mediante
técnica própria, quando
todos os corpos
intermediários já se
acham totalmente
destruídos, obviamente é
porque ela independe das
estruturas físicas,
ainda que durante a
encarnação os
dispositivos biológicos
sejam utilizados
operacionalmente.
Sabemos, no entanto, que
há um corpo sutil que
serve de molde na
formação do corpo físico
e que o abandona quando
este entra em colapso
orgânico. Esse corpo
mais energético do que
material, contém não
apenas as matrizes para
formação da aparelhagem
orgânica em cada
existência, como também
“espaço mental” para
guarda de todo o acervo
de percepções, desde que
a consciência começou a
formar-se nas remotas
profundezas do tempo,
nos primeiros degraus da
escalada evolutiva do
ser”.
Por esse pouco possível
de ser colocado nesse
artigo, vemos que tudo
aquilo que o eminente
cientista quer atribuir
ao cérebro físico,
transcende ampla e
profundamente os limites
exíguos da aparelhagem
material
– o cérebro
– de que dispomos
em cada existência.
Sequer imaginar poderia
o cientista que o
comando da dupla hélice
de DNA que o
imortalizou, responde a
uma orientação além da
matéria através do
Modelo Organizador
Biológico. Como são
belos os ensinamentos da
Doutrina dos Espíritos!
E quando o preconceito
humano baixar a guarda
diante de provas
incontestáveis que a
própria ciência obterá,
o elo perdido dos
conhecimentos humanos
deixará de existir,
quando então estaremos a
dar um grande passo para
compreendermos o ser
integral que somos sem
os retalhos de uma única
existência sobre a face
de algum planeta.