No ano de 1997, por conta da
comemoração dos 70 anos de
mediunidade de Chico Xavier,
Divaldinho, responsável pela
Editora Espírita Didier, de
Votuporanga-SP, junto com
amigos, teve a feliz ideia
de recolher depoimentos de
espíritas conhecidos no
movimento nacional, para
darem depoimentos sobre o
querido médium mineiro.
Nesta coluna registraremos a
narrativa de José Alberto de
Lima Medrado. Ouçamos sua
história:
– Contava minha mãe que
quando estava grávida de mim
teve um sonho com um velho
de barbas brancas,
perguntando a ela se sabia o
que seu filho seria. Ela
respondeu que não, mas, que
menino ou menina, qualquer
um seria muito bem-vindo. O
senhor então disse que seria
menino e que ele sugeria o
nome de José. Minha mãe
ouviu, mas não gostou muito
do nome, pois já havia dois
escolhidos, Carla e
Leonardo, caso fosse,
naturalmente menina ou
menino. Mas o Espírito
insistiu no nome, contava-me
sempre minha mãe. Ela então
perguntou: Mas por que José?
Ele respondeu que era um
nome hebraico, que
significava todo aquele que
chega depois. Ela acordou e
contou a meu pai, que não
gostou da ideia. Porém,
quando nasci, me puseram o
nome de José, acrescendo
Alberto, para que não
ficasse um nome tão comum,
justificaram. Cresci, como
dissera acima, ouvindo esta
história.
Eu contava quinze anos e
começava a dar meus
primeiros passos no
Espiritismo. Ao ler um livro
sobre Dr. Bezerra, minha
mãe, sempre muito
interessada nas nossas
leituras, perguntou o que
lia. Eu mostrei, inclusive,
a foto daquele que era o
chamado Kardec brasileiro.
Qual não foi a minha
surpresa, quando ela,
lívida, disse que foi com
aquele velho que ela sonhara
antes do meu nascimento. E
insistiu com muita
veemência. Nesse momento
afirmei que não seria
possível, pois se tratava de
um Espírito de grande
evolução e que aquilo não
podia ser. Ela – lembro-me
com precisão – disse que não
sabia quem era ou de quem se
tratava (minha família não
era espírita e nada conhecia
de Espiritismo), mas que era
ele, era. Fingi que
acreditei, pensando que
todos os velhos de barba
branca se parecem e que ela
houvera se confundido.
Esqueci o fato.
Estive com o Chico pela
primeira vez em 1984, sem
ter sido apresentado a ele
por ninguém. Ele não me
conhecia; seguramente nunca
tinha ouvido falar de mim.
Eu estava à janela, ao lado
de minha amiga Rosângela,
quando ele, autografando
imensa fila de livros, parou
e, olhando em minha direção,
chamou: Caniço, venha aqui,
por favor. Olhei para trás,
nunca alguém havia me
chamado de Caniço! Entendi
depois que era em razão de
minha magreza. Ele retorna:
É com você mesmo, baiano.
Será comigo?! Rosângela me
estimulou a ir perto,
afirmando que de fato, ele
olhava para mim. Mas como
ele saberia que eu era
baiano? O que falara com
Rosângela falara tão baixo,
que não havia como ele
perceber um possível
sotaque. Cheguei perto,
vacilante e me perguntando:
Ai, meu Deus! O que é que eu
estou fazendo? Coisas que
creio todos pensamos, quando
nos aproximamos de um ser
tão elevado moralmente,
principalmente quando por
ele chamado. Chico me olhou
e disse simplesmente: Foi
verdade. D. Romana sonhou
com ele mesmo... Então ele
narra, para minha convicção
de que estava diante de um
medianeiro único, nunca
antes, nem depois
encontrado: Meu filho, D.
Romana, sua mãe, está aqui
ao meu lado, com o nosso Dr.
Bezerra, afirmando que ela
tinha razão. Foi com ele
mesmo que ela sonhou,
pedindo que pusesse o seu
nome – José -, por se tratar
daquele que chega
depois!...