Doação de
órgãos e transplantes
A doação de órgãos está
diretamente ligada aos
transplantes, que, por
sua vez, não é um
assunto novo. Há
registros de
transplantes em todas as
épocas.
Há mais de dois mil
anos, na Índia, eram
realizadas cirurgias
para reparação de
mutilações de nariz,
orelhas e lábios. Em
Alexandria, os
cirurgiões tratavam de
lesões da face e de
outras partes do corpo,
através de transplantes
de pele.
No nosso tempo, em 3 de
dezembro de 1967, o
cirurgião sul-africano Christian
Neething Barnard
realizou o primeiro
transplante de coração
na Cidade do Cabo,
África do Sul. O
paciente, Louis
Washkansky, de 55 anos,
teve uma sobrevida de 18
dias.
Christian Barnard, que
realizou outras
operações e foi
obrigado a interromper a
carreira devido a uma
artrite reumatoide,
nasceu em Beaufort West,
em 8
de novembro de 1922 e
desencarnou em Paphos,
Chipre, em 2 de setembro
de 2001.
Em 26 de maio de 1968, o
médico cardiologista
Eurycledes de Jesus
Zerbini realizou
o primeiro transplante
de coração da América
Latina e sexto
do mundo, no Centro
Cirúrgico do Hospital
das Clínicas, em São
Paulo. O paciente, lavrador
João Ferreira da Cunha,
o João Boiadeiro, teve
uma sobrevida de 28
dias. Zerbini nasceu em
Guaratinguetá (SP), em
10 de maio de 1912 e
desencarnou na capital
paulista, em 23 de
outubro de 1993.
Ainda na África do Sul,
em Clive, o coração de
um homem negro foi
transplantado num homem
branco, o que motivou
considerações como: “se
o coração de um negro
pode pulsar no peito de
um branco, por que ambos
não podem gozar dos
mesmos direitos
políticos e sociais?”.
O apartheid (separação)
foi um regime de
segregação racial
adotado de 1948 a 1994
pelos sucessivos
governos do Partido
Nacional na África do
Sul, onde os direitos da
grande maioria dos
habitantes foram
cerceados pelo governo
formado pela maioria
branca.
A segregação racial na
África do Sul teve
início no período
colonial e o apartheid
foi introduzido como
política oficial após as
eleições gerais de 1948.
Reformas no regime
durante a década de 1980
não conseguiram conter a
crescente oposição, e,
em 1990, o presidente
Frederik Willen de Klerk
iniciou negociações para
acabar com o apartheid,
que culminou com a
realização de eleições
multirraciais e
democráticas em 1994,
que foram vencidas pelo
Congresso Nacional
Africano, sob a
liderança de Nelson
Mandela.
Nelson Rolihlahla
Mandela, nascido em
Mvezo, em 18 de julho de
1918, advogado,
ex-líder rebelde e
ex-presidente da África
do Sul de 27 de abril de
1994 a 16 de junho de
1999, é considerado o
mais importante líder da
África Negra, ganhador
do Prêmio Nobel da Paz
de 1993, Pai
da Pátria da moderna
nação sul-africana e um
dos maiores líderes
morais e políticos do
nosso tempo.
Aumento da sobrevida – Com
os estudos e pesquisas
médicas sobre
o assunto, os
transplantes posteriores
aos que relatamos
tiveram,
consequentemente, uma
maior sobrevida. O paciente do
segundo transplante de
coração realizado pelo
cirurgião Christian
Barnard, por exemplo,
teve uma sobrevida de 594
dias.
Além dos trabalhos
desenvolvidos pela equipe
médica encarnada, há o
trabalho de uma equipe
espiritual que atua
sobre o perispírito,
buscando aliviá-lo das
impressões fluídicas
existentes,
possibilitando, assim,
reduzir problemas de
inadaptação do órgão a
um novo corpo, equilibrando
as vibrações energéticas
do doador e do receptor,
que André Luiz, no livro Nos
Domínios da Mediunidade (FEB), psicografia
de Francisco Cândido
Xavier, denomina
de “vibrações
compensadas”, assunto do
primeiro capítulo:
Estudando a Mediunidade.
No transplante, quando o
órgão é retirado, leva
com ele o conteúdo
energético, que,
sendo estranho ao
organismo transplantado,
pode ser-lhe chocante.
Não basta apenas a
harmonia e semelhança do
ponto de vista físico,
mas também do ponto de
vista espiritual. Quanto
maior essa identidade,
menor a chance de
rejeição.
O Espírito do doador,
dispondo-se sinceramente
a colaborar, auxiliará
em muito esse processo,
especialmente se souber
que a integridade do
corpo espiritual depende
da vida que se teve,
homem de bem ou não, e
não do tipo de morte
ocorrida ou do que é
feito com seu corpo após
a morte.
A convicção espírita é
de que ninguém
desencarna antes do
tempo previsto, a não
ser no caso dos
excessos, ocasionados,
entre tantos males,
pelos vícios:
alcoolismo, fumo,
tóxicos, drogas etc.,
que prejudicam as forças
físicas do organismo,
causando-lhe
desequilíbrios que
acabam abreviando a
desencarnação, o que é
considerado suicídio
indireto, levando o
Espírito a um sofrimento
tão grande quanto tenha
sido o abuso cometido.
Quando reencarna na
Terra, o Espírito traz
uma programação de vida,
que pode ser bem
cumprida ou não,
dependendo do bom ou do
mau uso que cada um
fizer do seu
livre-arbítrio. Deus não
comete injustiças e tudo
o que nos acontece está
de acordo com o nosso
procedimento, diante das
suas leis.
Aprovação de Chico
Xavier –
Algumas pessoas e até
alguns espíritas se
recusam a autorizar em
vida a doação de órgãos,
alegando que Francisco
Cândido Xavier não teria
sido favorável à doação
de órgãos, o que não é
verdade.
Chico pediu que
enterrassem o seu corpo
e que não deixassem
extrair nenhum de seus
órgãos, por ter recebido
várias propostas para
que, quando
desencarnasse, fosse
doado o seu cérebro à
Ciência, à Medicina,
para estudos, mas,
a julgar pela descrença
reinante nesses casos,
quem garantiria a
honestidade das
conclusões a que
poderiam chegar os
responsáveis pelos
estudos?
No programa Pinga-Fogo, na
extinta TV Tupi de São
Paulo, em 1971, Chico
Xavier disse: “... André
Luiz, que foi médico no
plano físico, assevera
que os transplantes
devem merecer e
continuar merecendo o
máximo cuidado, a máxima
atenção da Ciência, que
nós não podemos esquecer
que quando se verificou
o transplante de córnea
com absoluto sucesso
pelo professor Piratoff
em uma nação do norte da
Europa, ele já havia
experimentado muitas
vezes, até que ele
verificou que o
transplante da córnea
era possível
conservando-se o tecido
em câmara fria. O
problema dos
transplantes deve
merecer o nosso
respeito, e vamos pedir
para que a nossa Ciência
Médica continue para
frente, conquanto não
deva desprezar
os órgãos chamados
plásticos, tanto quanto
possível, na
substituição de órgãos
do veículo físico. Mas
os transplantes merecem
a nossa consideração, e
devem prosseguir”.
Um ato de amor – A
doação de órgãos não
prejudica o corpo
espiritual. No livro Quem
tem Medo da Morte?, Richard
Simonetti diz: “Não há,
também, reflexos
traumatizantes ou
inibidores no corpo
espiritual, em
contrapartida à
mutilação do corpo
físico. O doador de
olhos não retornará cego
ao Além. Se assim fosse,
que seria daqueles que
têm o corpo consumido
pelo fogo ou
desintegrado numa
explosão?”.
Não há, pois, com que se
preocupar, pois a
remoção de órgãos em
nada afeta o corpo
espiritual, sendo que,
muitas vezes, até
beneficia o Espírito
doador, pela
possibilidade que
proporciona, recebendo a
alegria e a gratidão do
doador do órgão, o que
serve, muitas vezes,
como bálsamo e elemento
de ajuda na reentrada ao
Plano Espiritual.
A doação de órgãos é um
ato de amor e de
caridade para com o
próximo. É
uma atitude louvável a
possibilidade de,
através da doação de
partes de um corpo que
nenhum uso mais terá
para a pessoa
desencarnada, permitir
que alguém tenha
aumentada a sua chance,
sua vida, e quem sabe,
encontrar a oportunidade
de proceder a uma
reforma nas suas
atitudes, mudando e
evoluindo para o bem.
A Medicina terrena – Sob
a proteção de Deus, a
Medicina progride na
Terra, proporcionando os
recursos necessários
para a cura dos males
humanos. Este progresso
acontece na medida do
progresso moral e
intelectual do homem.
Antigamente, o homem buscou
a cura para a
hanseníase, a
tuberculose, a gripe
espanhola etc., e
descobriu pela pesquisa,
pelo estudo, o remédio
necessário para a cura
de cada doença. Hoje, o
homem busca o remédio
necessário para a cura
do câncer, do mal de
Alzheimer, da AIDS etc.,
e há de encontrar,
mediante o seu esforço.
As doenças desafiam a
inteligência humana, mas
à medida que o homem
avançar nas suas
pesquisas, nos seus
estudos, e procurar
colocar, lado a lado, o
progresso material com o
progresso moral, ele
descortinará novos
horizontes, na escalada
do seu Espírito.
Diz o item dois do
capítulo 25 (Buscai e
Achareis) de O
Evangelho segundo o
Espiritismo: ”... Pelas
suas pesquisas a
inteligência se lhe
engrandece, o moral se
lhe depura. Às
necessidades do corpo
sucedem as do
Espírito; depois do
alimento material,
precisa ele do alimento
espiritual. É assim que
o homem passa da
selvageria à
civilização”.
A máxima: Buscai
e achareis é
semelhante à máxima: Ajuda-te e
o céu te
ajudará,
sendo elas o
princípio da
lei do trabalho e
da lei
do progresso, pois
o progresso é filho do
trabalho, uma vez que
este põe em ação as
forças da inteligência.