CLAUDIA
GELERNTER
claudiagelernter@uol.com.br
Vinhedo, SP
(Brasil)
Sentido da vida
Semana passada
tive contato com
uma alma querida
que me dizia ter
"perdido o
sentido da
vida", por
conta da morte
do marido.
Comentou que ele
era tudo para
ela e que agora
só restavam
lágrimas e
desespero. Faz
três anos que
seu companheiro
partiu.
Histórias como
esta ocorrem com
bastante
frequência aqui
na Terra. Não é
incomum
acolhermos este
tipo de
discurso, entre
os encarnados
que vivenciaram
a morte em seus
lares.
Entretanto, com
todo o respeito
para com o
sofrimento
destas almas, me
vejo no dever de
apontar para
alguns equívocos
existenciais,
surgidos da
forma como
alguns se
vinculam no
mundo, de como
se relacionam
com as figuras
significativas
(mãe, pai,
marido, esposa,
amigos etc.).
Quando alguém
afirma que o
sentido da vida
se perdeu por
conta da morte
de alguém,
entendemos que
toda a
existência da
pessoa que ficou
estava
fundamentada em
um outro Ser. Ou
seja, todas as
fichas,
esperanças e
expectativas
estavam fora de
si mesmo.
Eis o perigo.
Nada do que está
fora de nós é
certeza de
segurança. Isso
porque o que é
do mundo se
altera,
constantemente.
Não há
imutabilidade.
Crer que só
somos felizes
porque o outro
está conosco é
apostar tudo o
que se tem em um
bilhete de
loteria.
Dificilmente
conseguiremos
viver em paz,
afinal, o outro
tem sua própria
história, que
seguirá seu
curso, queiramos
ou não...,
adoeçamos ou
não.
Olhar para estes
pontos facilita
a construção de
nossas
ferramentas
íntimas, capazes
de nos ajudar a
seguir adiante,
apesar de tudo.
Com ou sem
aqueles que
amamos.
Sim, eu sei...,
não é fácil. No
começo o mundo
parece perder
seu brilho. Isso
é natural.
Porém,
precisaremos
continuar. Vamos
elaborar esta
perda e
passaremos a
reinvestir nosso
amor no mundo.
Muito mais
difícil tal
elaboração do
luto quando não
tivemos o
imprescindível
cuidado de
cuidarmos de
nós, de nossos
sentimentos, de
nossos objetivos
existenciais.
Quando não
buscamos
descobrir por
que estamos
aqui.
Dentro dos
postulados
Espiritas
aprendemos que a
única morte que
existe é apenas
a da forma, no
mundo material.
Cito “forma”,
pois sequer a
matéria
realmente morre.
Ela, em verdade,
se altera,
apenas. Retorna
ao “desmanche
Divino”, a fim
de se refazer,
cumprindo com
seu papel de
ferramenta de
evolução para os
Espíritos que
nela virão
habitar.
Portanto, mesmo
esta sensação de
“até nunca” deve
ser questionada,
pois, em
verdade, o que
acontece é um
afastamento
temporário entre
almas.
Aliás, a
aproximação
harmoniosa
dependerá muito
mais das
disposições de
ambos
(encarnados e
desencarnados),
no sentido de
aceitarem as
imposições de
Deus, sem
revoltas ou
desesperos, do
que da
necessidade de
os dois estarem
habitando um
mesmo plano.
Enquanto aqui
estamos,
importantíssimo
compreendermos
que precisamos,
através do
auxílio mútuo,
desenvolver em
nós a maturidade
do Espírito.
Não devemos
condicionar
nossa
felicidade,
acreditando ser
ela fruto do que
as pessoas fazem
por nós.
Felicidade
verdadeira só
existe quando
conseguimos,
apesar das dores
do mundo,
encontrar em nós
mesmos o sentido
para seguirmos
adiante, na
trilha da vida.